
Se isto é um "verdadeiro" finlandês eu quero uma "verdadeira" finlandesa (http://www.jornaldenegocios.pt)
O partido conservador finlandês “Verdadeiros Finlandeses” defende que os “países ricos” da Europa não devem continuar “pagar mais” aos países periféricos do Euro. O partido defende que estes países saiam do Euro ou que, alternativamente, os países ricos – como a Finlândia – saiam do Euro, como forma de evitarem a necessidade de realizarem novos financiamentos a estas economias.
O finlandês alegou que “É completamente errado que os contribuintes finlandeses tenham de suportar o fardo dos países que fizeram batota”, referindo-se à Grécia. Ecoando outras declarações semelhantes proferidas na Alemanha e que começam a ganhar momento noutros países do norte da Europa, o presidente do “Verdadeiros Finlandeses” listou a Finlândia, a Holanda e a Alemanha como os países que devem sair do Euro – fundando uma nova moeda, mais “branca” e sem os miasmas impuros dos Periféricos. Timo Soini disse que os países ricos “não podem pagar mais”.
Os problemas do raciocínio do nacionalista finlandês são vários:
1. Em primeiro lugar, a sua Finlândia aparece entre os “países ricos” porque os cidadãos dos países hoje menosprezados e ditos de “periféricos” se endividaram comprando bens e equipamentos às industrias finlandesas… deviam estar gratos e nós, os “periféricos” devíamos refletir nestas palavras pejorativas antes de comprar produtos fabricados na Finlândia (Nokia e Valmet, nomeadamente).
2. Outra falácia do seu discurso é o mito – espalhado por Merkel – de que os países ricos estariam a “ajudar” ou a “resgatar” os países periféricos. Na verdade, não se tratam de doações ou empréstimos a custo zero, mas de empréstimos com juros, e juros bem acima da inflação. Não se trata assim de “ajudar”, mas de “usura”, prática aliás bem conhecida nos países do norte da Europa desde há séculos…
3. A terceira falácia está na desresponsabilização dos países ricos na atual crise europeia: a Comissão Europeia validou e aceitou sucessivos orçamentos gregos que se sabia – nos bastidores – estarem cheios de inconsistências e desvios. Mas a Comissão (dominada pelos “países ricos”) nada fez. Olhou para o lado, esperando que o problema desaparecesse por si… O mesmo se deve dizer em relação à Banca dos países do norte que acumulou lucros astronómicos com os empréstimos (que se sabiam insustentáveis) para os Países Periféricos. Agora, que a cegueira consciente de uns e a avidez dos outros bateram no “muro da realidade” determinado pela incapacidade grega de honrar os seus compromissos, os periféricos são os únicos responsáveis pela situação a que chegámos? Tenham dó…
Comentários Recentes