
Genial, como sempre, este http://wehavekaosinthegarden.blogspot.com
Um dos detalhes mais graves em relação ao caso Face Oculta é a intrigante mudança de telemóveis por parte de suspeitos como Armando Vara feita a meio do processo. A troca terá ocorrido para iludir as escutas e foi feita precisamente no momento em que o DIAP de Aveiro comunicou ao PGR que havia aberto uma certidão a José Sócrates. As escutas decorriam desde finais de 2008, mas, de súbito e no mesmo dia em que o processo chega à Procuradoria Vara e outros trocam de telemóveis. Se isto é coincidência, então eu sou turcomano. E juro que não sou. Ainda mais intrigante é que a 24 de junho quem entrega a certidão em mãos ao procurador-geral da República é o próprio procurador-distrital de Coimbra, Braga Themido. Ora se enquanto a certidão esteve nas suas mãos esta esteve longe da imprensa, e se deixou de o estar nesse mesmo dia (tendo em conta a estranha mudança de telemóvel de vários arguidos) então a conclusão é lógica (ainda que incerta): O PGR ou alguém do seu gabinete vendeu a informação aos jornais.
A troca dos números de telemóvel decorreu da suspeição por parte dos arguidos de que estariam a ser escutados, como reconhece a própria Polícia Judiciária, como escreve o SOL: “Resulta das intercepções das comunicações de e para os telemóveis utilizados pelos suspeitos Manuel Godinho, Armando Vara e Paulo Penedos que, pelo menos desde 29 de Junho, aqueles assumiram como fortemente provável, senão mesmo certo, que os telemóveis por si utilizados, ou pelo menos alguns deles, estariam interceptados.” Ironicamente, o facto de alguns destes arguidos terem trocado apenas o cartão e não o telemóvel propriamente dito, por cartões pré-pagos (comprados em qualquer loja e logo, impossíveis de identificar) e por terem optado pela manutenção do mesmo telemóvel, permitiu que pelo IMEI deste fosse possível identificar novamente os novos números de telefone. Assim, a “dica” foi dada por alguém sem conhecimentos técnicos, o que exclui a própria Judiciária como fonte e reforça a tese de que a origem do “sopro” tenha vindo de um Jurista, estreitamente ligado aos mais altos escalões da PGR… E se a PGR deu ao processo a maior confidencialidade, se proibiu qualquer cópia às certidões, se tudo foi entregue em mãos… Caramba, sei que parece circunstancial, mas não há indícios de que a fuga ocorreu no próprio gabinete de Pinto Monteiro? E se tal gravíssimo facto teve mesmo lugar, não se impõe uma demissão imediata?
Não falarei das supostas ligações de Pinto Monteiro ao GOL que correm por aí, nem do “teor socialista” dos seus comunicados, mas o processo da fuga de informação que pode ter comprometido seriamente o bom sucesso das investigações não pode ficar-se pelo tradicional “ataque aos mais fracos”, que neste caso as Felícia Cabrita e Ana Paula Azevedo, do semanário “Sol” que foram formadas arguidas no inquérito instaurado pelo procurador geral da República à divulgação de notícias sobre escutas telefónicas efetuadas no caso Face Oculta.
Fontes:
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=163933&dossier=Caso%20Face%20Oculta
http://aeiou.expresso.pt/jornalistas-do-sol-constituidas-arguidas=f569244
Comentários Recentes