1. Introdução
A decisão de recomeçar o programa F-X2 por parte do presidente brasileiro Lula da Silva, data de janeiro de 2008. A intenção era e continua a ser a de adquirir 36 aviões de 4,5 geração para substituir os aparelhos mais idosos do inventário da Força Aérea Brasileira, como os AMX, os F-5BR e os 12 Mirage 2000.
O programa F-X2 segue-se ao F-X, de 2001 e cancelado em 2003, por dificuldades orçamentais. O orçamento inicial era de 2,2 biliões de dólares, mas havia a possibilidade latente de uma quadruplicação deste montante, de forma a adquirir até 120 aparelhos.
Este grau de grandeza era imperativo devido à literal evaporação da componente de Defesa Aérea da Força Aérea Brasileira com a retirada dos Mirage III em 2005 e a sua polémica substituição por 12 Mirage 2000 franceses em segunda mão, entregues a partir de 2006. Obviamente, tal combinação de aparelhos – com uma idade média de vinte anos – não contribuiu para a credibilidade da força aérea brasileira… A situação é tanto mais grave quanto se sabe que quase 40% dos aviões em inventário na FAB estão fora de serviço, devido à sua idade e difícil manutenção no inclemente clima tropical brasileiro. Tal situação é insustentável num continente onde o armamento chavista é cada vez mais notório, com um aliado importante na Bolívia, precisamente o principal fornecedor brasileiro de gás natural.
O hiato de qualidade entre o Brasil e os seus vizinhos é particularmente flagrante nos chamados “caças de linha”. Contra a dúzia de Mirage 2000 em segunda mão, os vizinho do país lusófono alinham aviões de 4,5 geração como os SU-30mk2 venezuelanos, os MiG-29 peruanos ou os F-16 de última geração chilenos.
2. Rafale
O concurso F-X2 decorre ainda e até outubro. À partida a vantagem continua a ser francesa. O Rafale precisa desesperadamente de ser exportado, depois dos fiascos que foram a derrota do aparelho em Marrocos, Holanda, Noruega, Arábia Saudita, Singapura, Coreia do Sul, EAU, etc, etc… A vitória no concurso brasileiro seria assim o primeiro sucesso de exportação francês e um sinal claro da competitividade do caça. Para que o Rafale triunfe no F-X2, a transferência de tecnologia é fundamental. Isto mesmo reconheceu o ministro da Defesa brasileiro Nelson Jobim: “Qualquer que seja o contrato final deve estar ligado de perto ao desenvolvimento nacional, de forma a ajudar ao avanço e à criação de uma indústria de Defesa forte”.
Quando Lula convidou Sarkozy para as comemorações do Dia da Independência e terá dito que gostaria de assinar nesse dia vários acordos de Defesa, muitos interpretaram a afirmação como um sinal da vantagem do Rafale no F-X2… Atualmente, a França é o maior fornecedor de armamento ao Brasil e essa vantagem não é de somenos, tornando o Rafale num adversário formidável.
3. O “defunto” Typhoon
No concurso, um dos concorrentes mais forte era o Typhoon da EADS… Este aparelho é hoje, a par do SU-30 russo, o único avião que conseguir opor alguma paridade ao melhor avião de combate do mundo: o F-22A Raptor, mas tem como preço unitário uns notáveis 130 milhões de dólares e isso estava muito aquém das possibilidades brasileiras.
4. O Gripen
O JAS-39 Gripen da Saab sueca tem conseguido uma série de sucessos na exportação em boa parte devido à sua disposição em transferir tecnologia, um dos pontos chaves no F-X2, como já vimos… Os Gripen são aviões muito flexíveis, sendo capazes de descolar de auto-estradas e como estes aviões suecos já operam na África do Sul com os mísseis A-Darter isso facilitaria a integração na FAB. A futura versão do Gripen, a Gripen Demo utilizará o radar Selex Galileo Vixen 500. Os seus motores F404 e F414 são de origem norte-americana e ainda que sejam de bom desempenho implicam que cada Gripen terá sempre que receber um aval de exportação dos EUA… Uma dificuldade que no passado recente impediu a exportação de CN-295 espanhóis à Venezuela e Super Tucanos brasileiros ao mesmo país sul-americano. Provavelmente, a maior fraqueza do Gripen neste concurso é o facto de ter apenas um motor. Isso preocupa os militares brasileiros que o julgam incapaz de patrulhar as extensões águas e territórios do país. Para tentar reduzir estas desvantagens o diretor de marketing da Saab anunciou recentemente que a Gripen International estava preparada para transferir para o Brasil até 50% de toda a produção futura do caça. Ou seja, futuras exportações para países terceiros viriam em metade da Suécia, metade do Brasil. A perspetiva é atraente e estará certamente a ser devidamente pesada em Brasília.
5. O Super Hornet
A proposta da Boeing é o F/A-18E/F Super Hornet, Block II. Como o Rafale é um aparelho passível de ser embarcado no porta-aviões São Paulo. Possível mas ainda que de forma incerta, já que como o Rafale poderá ser operado apenas de forma limitada a partir de um porta-aviões tão pequeno como o SP. A transferencia de tecnologia poderia também ser intensa, pela existência de um forte ramo civil da Boeing que poderia estabelecer interessantes parcerias com a Embraer. A versão Block II já demonstrou ser capaz de voar com um moderno radar AESA APG-79, um factor que não pode ser menosprezado… Contudo, o Super Hornet tem a reputação de uma pobre capacidade aerodinâmica, especialmente frente aos melhores aviões do mundo nesse campo, como o F-22 e o SU-30. É claro que o preço que ronda os 80 milhões de dólares por unidade é uma vantagem invejável, tornando mais barato que qualquer concorrente… Mas adquirir um avião que depende da autorizações do senado para cada compra ou reexportação será uma boa ideia?
Numa movimentação recente, a Boeing reforçou consideravelmente a sua proposta ao somar aos Super Hornet, um nível de detalhe único entre todos os proponentes:
28 F/A-18E Super Hornet,
8 F/A-18F Super Hornet,
76 F414-GE-400 motores: 72 instalados, 4 extra
36 AN/APG-79 AESA Radares
36 M61A2 canhões de 20mm
44 Joint Helmet Mounted Cueing Systems (JHMCS)
144 LAU-127 Lançadores
28 AIM-120C-7 Advanced Medium Range Air-to-Air Mísseis (AMRAAM)
28 AIM-9M Sidewinder short range air-air mísseis.
60 GBU-31/32 Joint Direct Attack Munitions (JDAM)
36 AGM-154 Joint Standoff Weapon (JSOW) precision glide
10 AGM-88B HARM mísseis anti-radar
36 AN/ASQ-228v2 Advanced Targeting Forward-Looking Infrared (ATFLIR) pods de vigilância
36 AN/ALR-67v3 Radar Warning Receivers
36 of BAE’s AN/ALQ-214 Radio Frequency Countermeasures systems
40 of BAE’s AN/ALE-47 Electronic Warfare Countermeasures systems
112 AN/ALE-50 Towed Decoys
Fonte:
http://www.defenseindustrydaily.com/brazil-embarking-upon-f-x2-fighter-program-04179/?utm_campaign=newsletter&utm_source=did&utm_medium=textlink#more-4179
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