(O Shinkansen, o famoso “Comboio Bala” japonês in http://inventorspot.com)
Um dos temas favoritos dos nossos “competidores blogoesféricos” do Blasfémias (agora também ele migrado para o WordPress) tem sido a defesa do transporte rodoviário contra o comboio… (sim, causas absurdas não rareiam por estas neoliberais bandas). Ora, um estudo recente do “Institution of Mechanical Engineers (IMechE)” britânico conclui que o governo do Reino Unido deve mudar rapidamente as suas políticas quando aos preços de energia e dos transportes, assim como o planeamento urbano.
Cliff Perry, o vice-presidente do Instituto afirma na apresentação das conclusões do estudo que “85% das emissões de transportes surgem nas estradas e se estamos mesmo a ser sérios sobre a fazer alguma [contra o Aquecimento Global] temos que atingir o transporte rodoviário”. E isto num momento em que uma parcela crescente das mercadorias transportadas na Europa recorre precisamente a esta forma de transporte e que o transporte de mercadorias por via ferroviária decresce em praticamente todos os países europeus!…
Os defensores neoliberais do transporte rodoviário têm baseado as suas posições em questões que se prendem com a eficiência dos motores, o número de pessoas em cada composição ferroviária e, sobretudo, na forma como a electricidade é gerada para fundamentarem as suas posições contra o transporte ferroviário de mercadorias e passageiros, mas o estudo do ImechE indica que numa viagem média de Londres até Paris um carro vai emitir duas vezes e meia mais CO2 do que um comboio, enquanto que um avião vai emitir a módica quantia de… Dez vezes mais CO2! Estes valores, que calculam a “pegada de carbono” de cada passageiro transportado nestes meios indicam que a aposta dos governos deviam assentar no transporte ferroviário e renova a motivação ecológica para apostar na Alta Velocidade contra a expansão dos aeroportos existentes (como o de Heathrow) ou pela construção de novos e dispendiosos novos aeroportos (como o de Alcochete). A opção mais razóavel, em termos climáticos, devia ser estancar o crescimento do tráfego aéreo (impondo quotas de voo e travando novos aeroportos e pistas), aumentar a carga fiscal sobre o transporte rodoviário individual e de mercadorias e usar as verbas cativadas desta última forma para investir nas redes ferroviárias urbanas (para transporte individual) e nas redes de alta velocidade (para substituir os voos de médio e curto curso). O mesmo estudo sublinha que para além de emitir por passageiro menos CO2 do que qualquer outra forma de transporte de massas, o comboio eléctrico é também de per si menos danoso, porque a energia que o alimenta provêm geralmente de fontes energéticas de baixa pegada de carbono… Uma frase que no Reino Unido significa “Energia Nuclear”… Mas que em Portugal significa “Energia Eólica” e “Hídrica”.
É claro que no caso concreto do país deste estudo muito há a fazer para devolver as pessoas aos comboios… O processo de privatização generalizado registado na década de 90 nesse sector no Reino Unido transformou aquela que era uma das melhores e mais seguras redes ferroviárias europeias numa das mais mal mantidas e mais perigosas da Europa Ocidental. Aqui, muito há a fazer pela entidades de regulação e fiscalização… E muito há a aprender pelos outros países, Portugal nomeadamente… E o problema dos preços, que no médio e longo curso podem ser até mais altos do que as tarifas aéreas tem que ser corrigido. Os impactos ambientais do voos de avião têm que ser reflectidos nos preços dos bilhetes, aplicando nomeadamente as “taxas de carbono” que muitos começam a acreditar serem necessárias para corrigir comportamentos e processos que ainda que possam parecer “baratos” a curto prazo, a médio e longo contribuem para o fim da Terra tal como a conhecemos.
Fonte:
BBC
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