
Base Aérea de Bagram em http://schema-root.org
Obama está já em pleno processo de “assimilação sistémica”… Nos seus discursos de campanha, foi difícil encontrar pontos de discordância ou crítica. Mas agora, que já assumiu responsabilidade governativas, começam a revelar-se as incoerências… Desde a sua negação que os membros da CIA fossem julgados pelos seus crimes de tortura a suspeitos, agora, e em total contradição com a sua decisão de encerrar a Prisão ilegal de Guantanamo, optou por manter em funcionamento o presídio militar de Bagram, no Afeganistão. Aqui, como em Cuba, são várias as organizações não-governamentais que exigem o acesso à Justiça daqueles que os soldados dos EUA aqui mantêm prisioneiros vários suspeitos afegãos e “combatentes internacionais” ligados à Al Qaeda e aos Talibãs.
Os números exatos de detidos em Bagram são desconhecidos, mas supõe-se que andarão entre os 600 e os 650 prisioneiros. Nenhuma entidade independente está autorizada a entrar no perímetro de Bagram e não são conhecidas fotografias do recinto, das instalações e, sobretudo, das condições em que os presos são aqui mantidos. A Cruz Vermelha e a Amnistia Internacional alegam que nos últimos anos vários milhares de pessoas teriam passado períodos de tempo diversos em Bagram tendo relatado a maioria situações de tortura, maus tratos e espancamentos.
Em Bagram – como em Guantanamo – não se aplica a lei dos EUA, o que permite todo o tipo de abusos ou ainda mais, já que em Guantanamo existe pelo menos um tipo mais ou menos simulado de Justiça com Tribunais, advogados e juizes e em Bagram nada de semelhante foi alguma vez implementado.
Apesar de toda a retórica moralista, Obama ainda não fez publicar nenhum decreto que proíba a “rendition”, isto é, a captura e o transporte de prisioneiros até países onde estes não estejam protegidos por quadros legais modernos e onde sejam livremente sujeitos a tortura e sevícias várias. Além, de permitir que a CIA continue a realizar os voos ilegais que tanta polémica deram no passado recente, Obama irá não só manter o presídio de Bagram em funcionamento, como até expandi-lo até este ter a capacidade para manter mil prisioneiros. Será que o anunciado encerramento de Guantanamo foi apenas uma medida popular – há muito reclamada pela maioria da população americana – e que não tinha bases morais? Se as tivesse Bagram não estaria também em vias de ser encerrada? Se Bagram fosse tão conhecida como Guantanamo na época da campanha presidencial não estaria também em encerramento? E assim se prova aquilo que muito receámos… Obama é apenas mais do mesmo, apenas mais inteligente, mais culto e sensível, mas… Essencialmente semelhante a Bush.
Fonte:
www.dw-world.de
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