O segundo ATV “Automated Transfer Vehicle” será intitulado “Johannes Kepler”, em homenagem a este importante astrónomo europeu e cujos 400 anos de aniversário se comemoram no próximo ano. A nave espacial não-tripulada europeia será lançada em meados de 2010.
A segunda missão do ATV para abastecer a ISS representa o comprometimento da Europa na manutenção da Estacão Espacial Internacional e a fiabilidade da tecnologia espacial europeia comprovada pelo primeiro ATV “Jules Verne” e a sua missão sem falhas. Cada ATV é capaz de levar até seis toneladas de abastecimentos para a Estação e com os seus propulsores contribui para manter a órbita da ISS. Quando a sua carga de combustível se esgota, o ATV é largado pela Estação e destrói-se na reentrada atmosférica, juntamente com 2,5 toneladas de lixo produzidas durante os seis meses que esteve atracado na ISS.
O “Johannes Kepler” está atualmente em construção nas instalações da EADS Astrium, em Bremen, na Alemanha.
O ATV é hoje essencial para a sobrevivência da ISS, porque devido à relativamente baixa altitude da Estação esta é tão sujeita à fricção da atmosfera com a consequente perda de velocidade e decorrente perda de altitude. A Estação tem também estado perigosamente dependente das naves russas Progress e Soyuz, e os russos ainda que neste concreto tenham sido um parceiro de confiança do Ocidente, desde a guerra na Geórgia que estão empenhados numa estratégia de confronto, como demonstrou a sua pressão para que os EUA abandonassem a sua importante base aérea no Uzbequistão e as várias “guerras do gás” que tanto têm afectado a Europa.
A construtora europeia EADS Astrium revelou planos para transformar o atual ATV (que está hoje atracado na ISS) num veículo capaz de transportar astronautas. A transformação é perfeitamente lógica, tendo em conta a robustez e fiabilidade revelada pelo ATV e as indefinições existentes em torno do programa Kliper russo de que a Europa é parceira (ver AQUI). Até agora os europeus têm dependido das Soyuz russas e do Shuttle norte-americano para enviarem os seus astronautas para a Estação Espacial Internacional (ISS), mas com a aproximação do último voo do Shuttle em 2010 e com as indefinições com o Kliper russo a Europa começa a ser pressionada até pela NASA para construir o seu próprio sistema de transporte de astronautas.
Atualmente, propostas da EADS Astrium e da “German Space Agency” (DLR) estão a ser avaliadas pela ESA, havendo planos para que o primeiro veículo voe até 2017 sendo capaz de transportar até três tripulantes, o mesmo número transportado hoje em dia pelas cápsulas russa Soyuz. A evolução não deverá ser muito difícil, porque o ATV já tem uma área pressurizada… E de facto, a EADS apresentou recentemente na “International Aerospace Exhibition” em Berlim um modelo à escala real de uma variante diretamente resultante do ATV “Jules Verne” que a EADS vai agora apresentar à ESA e à Comissão Europeia apelando para o seu apoio na sua construção. Se estes apoios surgirem, ou se algum governo europeu decidir apoiar o projeto, o primeiro ATV tripulado deverá voar antes de 2018. A EADS afirma que a Alemanha, a França e a Itália, estão interessados no projeto, mas ainda não concretizaram esse apoio em fundos diretos, mas este investimento poderia compensa a longo prazo, já que libertaria a ESA de ter que pagar perto de 12 milhões de dólares por cada astronauta enviado nas Soyuz russas (ver AQUI) e porque a outra opção, o Shuttle norte-americano está a caminhar a passo acelerado (mas demasiado lento… tendo em conta que não tem ainda substituto) para a reforma em 2010…
O projeto consiste na evolução direta a partir do ATV, mantendo deste o essencial dos sistemas de aviónica e de propulsão e sacrificando uma parte da área de carga, transformando-a numa secção tripulada. A maior dificuldade a vencer seria tornar o ATV num veículo espacial capaz de sobreviver às temperaturas da reentrada na atmosfera, coisa que o ATV atual não tem que fazer, mas que merece já muita atenção por parte da ESA (ver AQUI ). Alterar o ATV desta forma poderia ser feito até 2013 e custaria menos de 1 bilião de euros. A partir daqui, o ATV seria modificado de forma a poder transportar 3 astronautas, algo que poderia ser realizado até 2017 a um custo estimado de mais um bilião de euros, colocando todo o projeto num custo total de dois biliões de euros, sem contar com os custos já contabilizados no desenvolvimento do cargueiro europeu ATV que foram de cerca de um bilão de euros.
O sistema seria lançado pelo foguetão pesado Ariane 5 ECA, que aliás foi concebido inicialmente como o lançador do defunto projeto europeu de um vaivém espacial, o Hermes (cancelado em 1993) e que agora, enfim, poderia assumir o seu papel inicial…
Este projeto de criar um ATV tripulado iria colidir – mais cedo ou mais tarde – com a aliança entre a Rússia e a Europa no projeto pós-Kliper “Crew Space Transportation System” (CSTS), o qual envolve uma escala completamente diferente de custos, já que implica desenvolver todo um novo sistema de transporte espacial e inclui os custos de desenvolvimento de um novo lançador Soyuz. Esta opção da EADS oferece aos decisores europeus uma alternativa ao CSTS que a terão sobre a mesa quando em Novembro deste ano se reunirem todos os ministros europeus com o pelouro da exploração espacial na cidade holandesa de The Hague.
O primeiro cargueiro europeu “Automated Transfer Vehicle” (ATV), com o nome muito apropriado de “Jules Verne” está agora atracado à Estação Espacial Internacional (ISS). O cargueiro vai trazer mantimentos vitais para os astronautas que trabalham em permanência na ISS e daqui a seis meses será usado para que o lixo resultante da ocupação normal da Estação seja destruído quando o ATV se soltar da ISS e cair controladamente sobre a Terra.
(Lançamento do ATV por um foguetão Ariane 5 ECA, da Guiana Francesa em 9 de Março de 2008 )
O ATV tem o tamanho aproximado de um autocarro de dois andares e é o projecto espacial mais ambicioso jamais executado na Europa. O veículo não-tripulado transporta mais de 7,5 toneladas de carga útil (6 toneladas de combustível interno, 270 Kg de água potável, 80 Kg de roupas, 500 Kg de alimentos e 136 Kg para o módulo laboratorial europeu Columbus ).
de água, alimentos e de outros consumíveis para os astronautas e 860 Kgs de combustível para elevar a altitude da ISS, compensando a perda de altitude de algumas centenas de metros que a Estação sofre todos os dias. No momento do seu lançamento, o “Jules Verne” pesava quase 20 toneladas, mas gastou algum combustível em diversas manobras de teste que realizou antes de atracar à ISS e o lançamento foi também ele um momento único, já que o ATV com as suas 10 toneladas foi a carga mais pesada jamais lançada pelo Ariane 5. O veículo tem uma área pressurizada de 50 metros cúbicos, quase a mesma área de um contentor comum.
Um dos maiores desafios com o ATV foi a concepção de um sistema de atracagem totalmente computorizado, um elemento tão importante do veículo que esteve, aliás, na origem da designação “Automated Transfer Vehicle” (“Veículo de Transferência Automática”). Os cargueiros russos Progress são guiados manualmente até à ISS e o mesmo acontece com os Shuttles da NASA, mas o ATV é capaz de atracar sozinho, de uma forma perfeitamente autónoma, graças a um sistema GPS até aos 280 metros da Estação, altura em que o resto do percurso é guiado por laser. O controlo desta tecnologia é essencial para a construção de grandes estruturas no Espaço, como, por exemplo, a nave que um dia levará os primeiros humanos para o Planeta Vermelho. Mas, como tudo o que constrói para o Espaço… O ATV tinha um sistema de emergência: se os astronautas a bordo da ISS encontrassem um erro na aproximação do veículo poderiam abortar a aproximação carregando num botão vermelho, fazendo o ATV retirar para uma distãncia segura. Um botão amarelo, imobilizaria o veículo no Espaço.
Conceber o ATV e construir o primeiro veículo terá custado perto de 1,3 biliões de euros. Daqui a alguns meses outros quatro ATVs serão lançados, cada um custando 300 milhões de euros cada, aproximadamente o mesmo preço que custou a missão “Mars Express” que ainda hoje orbita Marte. Estes cinco ATVs já estão contratualizados, mas a ESA espera lançar ainda mais dois antes de construir o último ATV. O ATV europeu será então descartado a favor de um veículo espacial que está a ser desenvolvido em conjunto pela Europa, Rússia e pelo Japão.
Este é o primeiro voo de um ATV, com as suas notáveis 20 toneladas e vai permitir que a Europa se torne um parceiro de pleno direito na ISS ao satisfazer uma das principais obrigações contratuais que assumiu aquando do acordo Rússia-Japão-EUA-ESA a propósito da construção de uma Estação Espacial Internacional. Quando, em 2010, a NASA retirar finalmente a sua envelhecida frota de Shuttles, o ATV será o maior cargueiro a abastecer a ISS e sem ele, a operação da Estação teria que ser muito reduzida. A grande capacidade de carga do ATV (três vezes maior que um cargueiro russo Progress) fez com que inicialmente os planeadores europeus considerassem a hipótese de o tornar habitável, mas essa opção foi descartada pelo sacrifício de carga útil que implicava, assim como pelo maior custo e duração do desenvolvimento, mas sobretudo porque então as negociações com a Rússia pelo desenvolvimento partilhado do Kliper já íam bem avançadas.
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