
(Merkel na Geórgia in http://i1.turkishpress.com)
A chanceler alemã Angela Merkel exprimiu recentemente o seu desejo de permitir a adesão da Geórgia à NATO: “A Geórgia será um membro da NATO se o desejar ser – e ela quer ser“. Já no passado mês de Abril, na última cimeira da NATO em Bucareste, na Roménia os líderes da NATO tinham admitido que a Geórgia e a Ucrânia poderia juntar-se à NATO num futuro próximo e o excesso de confiança resultante desta declaração esteve na direta razão da tentativa do presidente georgiano de retomar o controlo sobre a região rebelde da Ossétia do Sul.
Na verdade, estas renovadas declarações de apoio continuam a exprimir uma grande falta de consciência por parte dos líderes da NATO. Desde logo, renovam o excesso de confiança georgiano que ao fim ao cabo esteve na direta razão deste conflito, e depois, garantem algo que não pode ser garantido! Pode Merkel ou Bush assegurar que todos os atuais membros da NATO vai concordar com esta polémica adesão? A Grécia bloqueia a adesão da Macedónia e a Turquia a de Chipre, nenhum membro atual da NATO tem objeções à entrada da Geórgia? Merkel pode falar com autoridade em nome deles todos? Certamente que não… E o que sucede ao famoso artigo 5º do Tratado fundador da NATO (ver AQUI)?
“Artigo 5
As Partes concordam em que um ataque armado contra uma ou várias delas na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todas, e, consequentemente, concordam em que, se um tal ataque armado se verificar, cada uma, no exercício do direito de legítima defesa, individual ou colectiva, reconhecido pelo artigo 51.° da Carta dias Nações Unidas, prestará assistência à Parte ou Partes assim atacadas, praticando sem demora, individualmente e de acordo com as restantes Partes, a acção que considerar necessária, inclusive o emprego da força armada, para restaurar e garantir a segurança na região do Atlântico Norte.
Qualquer ataque armado desta natureza e todas ais providências tomadas em consequência desse ataque são imediatamente comunicados ao Conselho de Segurança. Essas providências terminarão logo que o Conselho de Segurança tiver tomado as medidas necessárias para restaurar e manter a paz e a segurança internacionais.”
Que meios tem atualmente o exército georgiano para resistir a nova ofensiva russa, especialmente agora após os russos terem passado boa parte desta semana a dinamitarem navios de guerra, aviões e blindados capturados neste conflito e – sobretudo – depois de todas as perdas sofridas pelos georgianos neste conflito? A Geórgia não terá nos próximos 10 ou 15 anos meios suficientes para alinhar um qualquer tipo de resposta minimamente credível a qualquer ataque russo e sendo assim, será totalmente dependente de meios externos (da NATO) para se defender. É isso que queremos? Um membro pleno indefeso que depende totalmente dos meios da Aliança? É que como pode a Geórgia cumprir com o Artigo 3 do Tratado:
“Artigo 3
A fim de atingir mais eficazmente os fins deste Tratado, as Partes, tanto individualmente como em conjunto, manterão e desenvolverão, de maneira contínua e efectiva, pelos seus próprios meios e mediante mútuo auxílio, a sua capacidade individual e colectiva para resistir a um ataque armado.”
De qualquer forma, se novo país aderir à NATO esta tem que fazer cumprir o seu mais vital artigo, o 5º que indica claramente que um ataque contra um país membro é um ataque contra todos os demais (Portugal incluído). Se a ideia é não reagir imediatamente com todo o vigor, e não apenas com palavras vazias como aquelas que abundaram nestas últimas semanas.
Fonte:
http://www.tvi.iol.pt/informacao/noticia.php?id=982210
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