“A produção de petróleo dos EUA teve um pico em 1971, de 6 milhões de barris por dia, não tendo cessado de cair deste então, sendo hoje de apenas 5,2 milhões.”
“Apenas 4 países no mundo produzem mais de quatro milhões de barris por dia:
Arábia Saudita: 9,5 milhões
Rússia: 8,7 milhões
Estados Unidos: 5,2 milhões”
“A produção indiana está estagnada nos 0,6 / 0,7 milhões de barris diários nos últimos cinco anos. Poderá manter-se nestes níveis durante mais alguns anos, mas nunca será muito maior do que é actualmente. Em contrapartida, o consumo não pára de crescer e esta tendência irá agravar-se ainda mais no futuro.”
“O DOE (“Department of Energy” dos EUA) e o US Geological Survey historicamente tendem a exager o volume das reservas e a estimativa da produção de petróleo. Por um lado, querem tranquilizar o público, por outro querem tranquilizar as petrolíferas, mas com estes exageros bloqueiam a busca de verdadeiras soluções para o problema e prejudicam a fiabilidade do mercados dos Futuros.”
“A produção do maior campo do Alasca (Prudo) passou de 1,9 milhões de barris por dia em 1977, para 1,6 milhões em 1989 e para apenas 0,3 milhões de barris diários em 2007. Isto reflecte uma queda anual de produção da ordem dos 5%/6% não somente neste campo (um dos maiores do Estado), mas também em todo o Estado, apenas compensando parcialmente pela abertura de vários pequenos poços.”
“O consumo de petróleo e derivados nos EUA não pára de subir, sendo actualmente de 20,6 milhões de barris diários. A maioria é importada, num valor que deve rondar os 13 a 14 milhões de barris diários.”
“O segundo maior consumidor de petróleo do mundo é a China, consumindo actualmente 5,8 milhões de barris diários, mas a um ritmo de crescimento anual de 5 a 10%… A sua produção local tem subido, mas lentamente e não chega para as suas necessidades pelo que quando alcançar o seu pico, por volta de 2007/2009, os chineses acabarão por competir com os EUA pelos últimos campos petrolíferos ainda activos no Médio Oriente.”
“Entre 2008 e 2009 vamos assistir ao pico da produção mundial de petróleo.”
“O aumento de produção da OPEP dos últimos anos veio sobretudo, em dois terços, da Rússia, mas a produção desta está a subir muito menos do que últimos cinco anos… A Rússia consome diariamente 1,3 milhões de barris, o que a coloca num grande exportador (produção de 8,7 milhões de barris diários), mas o abrandamento deste ritmo indica também que se aproxima a data em que a sua produção vai alcançar o pico, começando depois a descer.”
“A produção russa terá o seu pico em 2010. Como o seu consumo interno está a subir, as suas exportações vão ter a partir de então um declínio acentuado. Nos últimos cinco, 91% de todo o débil aumento de produção da OPEP veio da Rússia. Assim se vê o impacto que este pico poderá ter na produção mundial de petróleo.”
“A maior parte dos grandes campos petrolíferos do Irão tiveram o seu pico de produção nos anos 60 e 70, quando o Irão produzia 6 milhões de barris por dia. Hoje, produz apenas 4 milhões, tendo compensado o declínio destes grande campos com a abertura de vários pequenos campos. A sua produção deverá chegar ao pico por volta de 2011.”
“O Iraque pode ter ainda boas reservas devido aos repetidos problemas com a sua produção. Estima-se que tenha ainda 45 biliões de barris por descobrir.”
“Quando alguns dizem que ainda há muitas reservas petrolíferas no mundo, acima de 1 trilião de barris. Mas estes números vêm dos países associados. No caso do Iraque, foram reportados 50 biliões nos anos 80, mas pouco depois estes números subiam para 100 biliões! E todos os países da OPEP fizeram o mesmo no final dos anos 80. Não que tivesse sido encontrado mais petróleo, mas porque as quotas de produção eram baseadas nas reservas nacionais e como nessa época o preço do barril caiu fortemente, os países da OPEP foram levados a aumentar a produção para compensar essa quebra do preço unitário.”
“Muitos países exageraram as suas reservas e não há organismos internacionais que as monitorizem e verifiquem.”
“O Department of Energy dos EUA estima que a Rússia aumentará a produção até 2025, mas alguns peritos como Campbell estimam que este pico estará em 2010. O DOE estima que a Rússia produza em 2025 mais de 25 milhões de barris por dia. Nunca nenhum país jamais produziu tanto. A União Soviética ficou pelos 12 milhões por dia e isso quando os seus campos eram ainda muito jovens, e por 2025 os seus campos serão muito velhos, sendo o petróleo mais difícil de extrair então.”
“O Texas teve um pico de produção em 1972 de 7 milhões de barris por dia, e mesmo com o aumento de preços em 1973 a produção texana desceu consistentemente até aos 0,9 milhões de barris diários registados em 2007, ou seja 75% do pico de 1972.”
“A exploração offshore em águas profundas no Golfo do México começou na década de 90, com a redução das royalties e com o desenvolvimento da tecnologia de exploração, tendo a produção subido até aos 0,9 milhões diários. Nos próximos 3 anos vai continuar a subir, alcançando o pico por então. Isto vai acontecer devido à inauguração de 6 novos grandes campos de águas profundas, com uma produção total estimada de 0,8 milhões diários.”
“A produção sul americana está a declinar, com excepção do Brasil devido à exploração da zona de águas profundas conhecida como “Bacia de Campos”. Mas alcançará o seu pico em 2007 e é a única excepção continental.”
“Em África há vários países a subir a produção, como a Nigéria e Angola, sobretudo devido a explorações em águas profundas, mas este tipo de exploração é cara e só nalgumas áreas é que esta exploração é viável. Contudo, todos os grandes campos de águas profundas parecem ter sido já descobertos, pelo que novos desenvolvimentos nesta área serão limitados.”
“Em 2008 / 2010 será alcançado o pico mundial com preços na ordem dos 100 dólares o barril, ou mais.O preço final vai depender da procura e de quanto vai cair a produção, mas a procura está a subir rápidamente, sobretudo na Índia e na China, estimando-se que em 2008/2010 o aumento anual da procure oscile entre os 4 a 5%.”
Fonte:
Podcast “The Enigma Files” de 06/26/2007, entrevista com Roger Blanchard, autor do livro “The Future of World Oil Production”.
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