O tempo das “guerras de intervenção” em que as grandes potencias derramavam torrentes esmagadoras de homens e material num dado pais para invadirem um território vizinho, já passou e não volta mais.
As guerras do futuro serão guerras aéreas, navais ou económicas, nunca mais guerras de infantaria ou de ocupação.
Isto significa que, doravante, os conflitos regionais terão que ser resolvidos regionalmente, com ou sem apoio logístico, aéreo, naval ou económico externo.
Neste sentido, as notícias que dão conta da conjugação de esforços entre Niger, Nigéria (um dos maiores exército de África), Chade e Camarões (dois dos mais competentes exércitos africanos) sao boas. Sem esta conjugação o Boko Haram imporá dentro em breve um novo “Estado Islâmico” na região e a recuperação recente da cidade de Damask indicia que essa cooperação já está a dar frutos.
Política Internacional
O tempo das “guerras de intervenção” em que as grandes potencias derramavam torrentes esmagadoras de homens e material num dado pais para invadirem um território vizinho, já passou e não volta mais.
“Fazem falta sonhadores valentes que saibam sonhar um mundo melhor e que se atrevam a chamar as coisas pelos nomes, fazem falta sonhadores que se atrevam a defender os de baixo e enfrentar os de cima”
“Fazem falta sonhadores valentes que saibam sonhar um mundo melhor e que se atrevam a chamar as coisas pelos nomes, fazem falta sonhadores que se atrevam a defender os de baixo e enfrentar os de cima”
Pablo Iglesias
E virar o Eixo Esquerda-Direita. O Podemos em Espanha, já o percebeu. O Syriza, nem por isso. A Frente Nacional, em França, também (embora num setor de pensamento politico com que não me identifico): a velha oscilação de regime entre Esquerda e Direita, entre Marxismo e Capitalismo está esgotada. Num mundo onde as desigualdade socio-económicas são cada vez maiores, a distancia entre “os que têm” e “podem” e todos os outros é cada vez maior.
É na compressão desta distancia entre élites e cidadania que está a raiz da reforma que importa realizar nos partidos por forma a renová-los e aproximá-los da cidadania.
É sabido que uma das causas do alto endividamento público grego é o setor da Defesa (4% do OGE, o dobro da média da UE). Espero assim que a visita de Tsipras de 19 de fevereiro à fragata chinesa Changbaishan (atracada no porto do Pireu) não represente mais que um “golpe de charme” para compensar o cancelamento da privatização desse porto a uma empresa chinesa… De qualquer modo, se se concretizar uma tal compra… É que a Grécia opera 9 (!) fragatas ex-holandesas da classe Kortenaer (construídas em começos da década de 1980) e tem planos para um “midlife upgrade” que poderia deixar cair… em troca de comprar fragatas novas (uma fragata chinesa moderna custa 674 milhões de USDs, bem menos que um equivalente ocidental…)
É sabido que uma das causas do alto endividamento público grego é o setor da Defesa (4% do OGE, o dobro da média da UE). Espero assim que a visita de Tsipras de 19 de fevereiro à fragata chinesa Changbaishan (atracada no porto do Pireu) não represente mais que um “golpe de charme” para compensar o cancelamento da privatização desse porto a uma empresa chinesa…
De qualquer modo, se se concretizar uma tal compra…
É que a Grécia opera 9 (!) fragatas ex-holandesas da classe Kortenaer (construídas em começos da década de 1980) e tem planos para um “midlife upgrade” que poderia deixar cair… em troca de comprar fragatas novas
(uma fragata chinesa moderna custa 674 milhões de USDs, bem menos que um equivalente ocidental…)
“A Grécia, há mais de 60 anos, perdoou grande parte da divida que a Alemanha tinha após a II Guerra Mundial.”
“A Grécia, há mais de 60 anos, perdoou grande parte da divida que a Alemanha tinha após a II Guerra Mundial.”
Graça Fonseca, Vereadora CML
Por outro lado, o famoso haircut da divida grega de 2012, o tal que a reduziu a metade, foi PRIVADO e suportado pelos privados… Embora Merkel use este perdão parcial alegando que “a Grécia já teve um perdão” a verdade é que se na década de 1950 o Estado alemão beneficiou com esse privados dos vencedores da guerra, agora, não quer fazer a sua justa e adequada parte e conceder idêntica atitude para com que quem, há 60 anos, teve para com ela essa generosa atitude.
A guerra no leste da Ucrânia é uma guerra pela sobrevivência deste pais,
A guerra no leste da Ucrânia é uma guerra pela sobrevivência deste pais, não é uma guerra por duas regiões de língua russa no leste deste país. E é assim porque num pais que já tinha graves problemas estruturais, corrupção endémica e uma economia de rastos está agora a perder o controlo da maior parte do carvão e do aço (16% do PIB) e o excelente porto de Mariupol.
Se esta guerra terminar com a perda do Leste, a Ucrânia será um pais mais pobre (a sua economia caiu 7.4% só em 2014) e cairá ainda mais 20% em 2015 com a perda do Leste.
Um pais que em dois anos deixa perder quase um terço da sua economia é viável?…
Começa a ganhar algum peso a possibilidade de Maria de Belém como candidata presidencial
Começa a ganhar algum peso a possibilidade de Maria de Belém como candidata presidencial da área de centro-esquerda (socialista) às eleições do ano que vem.
O nome foi lançado pela primeira vez pela eurodeputada Ana Gomes, numa reunião da Comissão Politica do PS e conta já com o apoio do Departamento das Mulheres Socialistas.
Maria de Belém reúne em si várias características que a tornariam uma boa candidata e uma melhor presidente: em primeiro lugar seria a primeira mulher no cargo e só isso daria um refrescamento a um cargo que perdeu muita da sua dignidade e credibilidade sob Cavaco Silva.
Maria de Belém também conseguirá recolher uma boa rede de apoios, muito além da restrita área do Partido Socialista e manteve um registo neutral e equilibrado na disputa das Primárias, demonstrando capacidades de arbitrar conflitos gerir situações de crise, que poucos teriam.
Escolha que candidato prefere em http://poll.fm/55abw
Porque está Israel a atacar o Hezbollah?
A perda de Kobane pelo Daesh, com as mais de duas mil baixas dos seus melhores combatentes e de uma quantidade de equipamento que o Daesh não consegue facilmente substituir (pelo menos 70 peças de artilharia e 100 blindados) pode representar o principio da inversão do avanço do exercito de Abu Bakr al-Baghdadi.
Poderia, se Israel não o estivesse a ajudar.
Se Israel não tivesse agora começado a bombardear colunas do Hezbollah em território sírio que se posicionavam para atacar forças do Daesh. Estes ataques israelitas podem alterar o equilíbrio de forças na Síria, agora muito instável, com o recuo das forças governamentais no norte e com a presença das milícias do Jabhat al-Nusra e do “Exército do Islão” junto a Damasco.
Qual é a estratégia do Governo de Israel? Prefere ter a norte um Estado islâmico radical do que o brutal (mas previsível) regime de Assad? Está apenas preocupada com ganhos internos de popularidade?
Em 2011, a Grécia viu a sua dívida reestruturada
Sobre a construção do novo canal interoceânico que vai ligar o Pacífico ao Atlântico
Na Grécia, o Syriza já não é só o “mais votado”. Agora é a “maioria absoluta”.
Na Grécia, o Syriza já não é só o “mais votado”. Agora é a “maioria absoluta”.
A Grécia está a mudar. Foi, ainda mais que Portugal, o “reino da previsibilidade” e agora é o oposto. Na verdade: tal rotação fora do eixo é uma benesse para os gregos e, para nós, por ricochete.
Na falta de um estímulo para a mudança a regra, por cá, é o imobilismo.
Na falta de concorrência, os partidos (e até o PS, o mais bem posicionado para se reformar) parecem aclimatados a um clima de abstenção elevada, de aparelhização dos partidos e de afastamento da sociedade civil.
Mas o exemplo grego vai reforçar as hipóteses de vitória do Podemos espanhol. E este, cuidado, é social-democrata, não trostskista como o Syriza…
Mas em Portugal não há (nem haverá) um Podemos luso.
Pode haver reivindicações de nome… ou de herança (o BE bem tem tentado…)
Mas o que deve haver, em Portugal é um (ou vários) “Podemos” internos nos Partidos. Uma revolução participativa, por dentro e contra os aparelhos, as jotas e os seguidismos. Assente nos militantes e nas bases de simpatizantes e eleitores.
Assim o queiramos.
Assim o Manifesto https://www.facebook.com/primariasja siga o seu caminho e plante desafios idênticos noutros partidos nacionais.
Cuidemos por tal e preservemos.
A organização interna do Podemos espanhol
Cinco aspectos originais da organização interna do Podemos (aprender com):
1. A figura do “militante online” é o ponto central de tomada de decisões, estas serão assim tomadas na maioria das ocasiões de forma não presencial.
2. O órgão de representação mais importante do partido será a “Assembleia Cidadã” em que qualquer militante pode assistir às suas reuniões, que se realização uma vez em cada três anos. Esta assembleia assumirá as funções que tradicionalmente estão reservadas aos “Congressos” nos partidos mais convencionais que o Podemos. Qualquer militante poderá assistir a estas reuniões.
3. Entre as Assembleias Cidadãs, o órgão máximo será o “Conselho Cidadão”. Composto por 80 membros e com competências para criar as listas eleitorais e com delegação de atribuições para negociar alianças e coligações pós e pré-eleitorais. O “Conselho Cidadão” reúne-se, pelo menos, uma vez por semestre e é reeleito de três em três anos em listas abertas entre todos os militantes do partido através de uma votação electrónica.
4. As decisões urgentes são tomadas por um grupo intitulado “Conselho de Coordenação” e terá entre 10 a 15 elementos, dirigido por um porta-voz, o qual responderá diretamente perante o “Conselho de Coordenação”. Este Conselho é eleito pelo Conselho Cidadão, sob proposta do Porta-voz do Podemos, que o apresenta em Lista Fechada.
5. O Porta-Voz do Podemos é, na prática, o líder do partido e é eleito em votação electrónica de três em três anos. Juntamente com o “Conselho de Coordenação” assume as funções executivas no partido, mas pode perder o seu cargo, por revogação de mandato num referendo que pode ser convocado pelos militantes e que exige 30% dos militantes como subscritores para pode ser levado a cabo.
Militância:
1. O Podemos não cobra quotas aos seus militantes
2. Cada militante, no acto da inscrição recebe uma chave para poder exercer o seu direito de voto via Internet, a usar nas eleições regulares dos órgãos ou sempre que a direção queira lançar um referendo aos militantes. Desta forma, o Podemos abandona o seu sistema de votos por SMS, que era considerado caro e complexo de gerir.
Organização Territorial:
1. Em termos de distribuição de poder regional, o Podemos distribui a sua representação não por quotas territoriais, como fazem os partidos tradicionais, mas passando completamente ao lado desta forma tradicional de organização. Com efeito, as estruturas internas do Podemos no “Conselho Cidadão” dividem-se por áreas temáticas e não pelo território ou geografia. Assim, se prioriza a cidadania e se combate o poder dos aparelhos locais. Isto contudo, não impede a existência dos “Círculos” que são, frequentemente, de natureza geográfica, aqui se tomando as decisões que afectam especificamente a comunidade desse círculo.
A eleição do secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, foi feita online numa Assembleia Cidadã virtual e esteve aberta durante cinco dias úteis (de segunda a sexta).
A eleição do secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, foi feita online numa Assembleia Cidadã virtual e esteve aberta durante cinco dias úteis (de segunda a sexta). Assim, como Iglesias, a Assembleia também elegeu o Conselho Cidadão, o órgão máximo do partido espanhol, composto por 62 elementos e que terá capacidade para tomar decisões sobre o programa eleitoral e a politica de alianças.
O sistema de votação na Assembleia Cidadã foi, contudo, muito criticado: muitos queriam uma eleição em lista aberta, em lugar da lista fechada, em que se votava num só clique, ou seja não se tratava de uma lista aberta, nem havia voto preferencial.
Não tenho duvidas de que este modelo de congresso, virtual, amplamente representativo, moderno (porque incorporando as novas tecnologias) e direto é mais eficaz, mas democrático e participativo que o estafado modelo representativo dos congressos em que apenas participam e votam os delegados eleitos pelas secções locais dos partidos. Para aumentar a democracia é preciso aumentar a superfície de exposição dos processos democráticos internos e isso faz-se reduzindo os níveis entre militantes e direcções partidárias, nivelando e destruindo hierarquias representativas.
O modelo dos congressos e das convenções está esgotado. Com as eleições diretas para Secretario-Geral, os Congressos perderam, de qualquer forma, importância. Mas continuam a ser importantes para a constituição dos órgãos do partido e para o debate interno. Pode assim continuar a existir, mas enquanto espaço de diálogo, de apresentação de ideias e de formação de consensos. Mas deve perder as competências eletivas e estas devem ser transpostas para uma assembleia virtual, posterior a este congresso e onde se votam as moções globais e setoriais aqui apresentadas.
“O Podemos é a expressão politica de um movimento social que não protestou episodicamente, transformou essa organização social no espaço politico e isso não existe em Portugal”
“O Podemos é a expressão politica de um movimento social que não protestou episodicamente, transformou essa organização social no espaço politico e isso não existe em Portugal. Do nada, a não ser da vontade de alguns ativistas, nasceu o Que Se Lixe a Troika em Portugal. Realizou as maiores manifestações da democracia portuguesa, de longe, e isso tudo se esfumou porque na realidade se impôs o sentimento de que não vale a pena”
João Semedo, entrevista ao i de 21 de novembro de 2014
Pois. Por isso e porque a genuína e pura espontaneidade dos movimentos sociais foram torpedeados pela instalação no seu seio de vários agentes infiltrados do PCP e do BE. Este processo de possessão, primeiro realizado de forma discreta, logo no começo destes movimentos, e mais tarde de forma impositiva e expulsando das suas elites dirigentes todos aqueles que não representavam partidos de esquerda radical, acabaria por decapitar estes movimentos e por os tornar em apêndices inoperantes do Bloco e do PC. Na ânsia de buscarem e encontrarem novas formas de “fazer politica além da politica”, os partidos do protesto acabaram por conter o protesto genuíno e espontâneo dos cidadãos e por o esvaziar (hoje, esses movimentos ou estão domesticados ou dependentes de PCP, MAS e BE). Como efeito colateral, perderam-se as condições para tornar esse movimento de contestação que colocou na rua mais de um milhão de portugueses e para o tornar realmente útil e produtivo, num qualquer “Podemos” luso ou invadindo e renovando, por dentro, os paralisados e muito cristalizados partidos políticos portugueses.
TTIP: Perguntas e Respostas
TTIP: Menos Segurança Alimentar (OGMs, Privatização de Sementes e Qualidade Alimentar)
O que é o TISA?
Um dos eixos centrais do TISA é a desregulação do setor financeiro. Ou melhor, diluir os fracos avanços realizados nesse domínio depois da crise de 2008, mas o TISA vai muito mais longe… no seu âmbito é o da economia de serviços dos países mais desenvolvidos do planeta (nenhum BRIC faz parte desta lista de 50 países), correspondendo nestes país a mais de 70% da economia e a mais de 80% do emprego no setor privado.
Muito pouco sobre se conhece sobre estas negociações… o que denota uma explícita vontade de ocultação dos cidadãos dos temas que estão em negociação e que viola os mais básicos princípios de transparência que, teoricamente, são adotados nas instituições europeias. De concreto, e via WikiLeaks, conhece-se apenas um texto, com a marca de “secreto” e que data da sexta ronda (de 14 de abril de 2014). Este secretismo é uma reação aos protestos globais aquando das negociações de Doha, onde estavam em questão basicamente as mesmas questões, e que foram suspensas precisamente por causa do nível de contestação que criaram… os mesmos temas da “Doha Round” regressam agora, sob a marca, muito mais discreta… do TISA.
Como dissemos acima, o maior foco do TISA é o setor financeiro. Em primeiro lugar visa-se regressar à desregulação quase total que se vivia, neste setor, em 2007 procurando-se que os Estados percam o direito de reter dados financeiros nos seus territórios e serão pressionados para aprovar todos os produtos financeiros que o mercado conceder, independentemente do seu grau de complexidade ou opacidade. Isso mesmo transparece do texto vazado na WikiLeaks e onde se pode ler que o negociador europeu exige que “nenhum país parte das negociações adote medidas para impedir a transferência ou a análise da informação financeira, incluindo a transferência de dados por via eletrónica, de e para o território do país em questão”. Neste mesmo texto é possível perceber que destes 50 países, três vincaram posições bem marcadas quanto à privacidade dos dados financeiros entre os países TISA: A União Europeia defende que os acordos TISA não podem ser usados para contornar a privacidade dos dados pessoais, o Panamá, admite a opção de cedência (ou não) de dados financeiros pessoais entre países signatários. Os EUA, contudo, são mais radicais na sua defesa dos interesses das corporações financeiras defendendo, neste texto vasado do TISA, que os operadores financeiros possam transferir qualquer tipo de dados financieors dos seus clientes, sem qualquer tipo de fronteira ou limitação.
Crise de Liderança na Europa
De facto, a Europa de hoje não carece de líderes fortes. Ela tem-nos. Não são é eleitos, são os mercados e os grandes interesses que eles representam.
Nada mudará enquanto
Entre 1960 e 2015 a economia brasileira perdeu para os offshores mais de 310 mil milhões de euros
Entre 1960 e 2015 a economia brasileira perdeu para os offshores mais de 310 mil milhões de euros. Mais de 93% destes fundos resultaram de faturação Fraudulenta em transações comerciais recordando a relação entre corrupção o, fraude e offshores.
Para quando uma resposta eficaz e concertada das instituições europeias (sede de bom números de paraísos fiscais) contra esta praga global?
Sabem quando começou esta erupção dos nacionalismos e a vaga de independências que agora corre a Europa, desde a Escócia passado pela Catalunha e leste da Ucrânia?
Sabem quando começou esta erupção dos nacionalismos e a vaga de independências que agora corre a Europa, desde a Escócia passado pela Catalunha e leste da Ucrânia? Começou no momento em que a Alemanha decidiu apoiar a independência do Kosovo. Então, aos alemães parecia mais útil prejudicar a Sérvia e a Rússia do que promover a estabilidade das fronteiras.
Está-se a ver o que deu a abertura dessa caixa de Pandora…
“dentro de um partido político, pode muito bem acontecer que os interesses das massas que nele estão organizadas não coincidam com os do corpo de funcionários que representam o organismo do partido”
“dentro de um partido político, pode muito bem acontecer que os interesses das massas que nele estão organizadas não coincidam com os do corpo de funcionários que representam o organismo do partido (…) há uma lei imutável, segundo a qual, em qualquer órgão composto por um conjunto de indivíduos por intermédio de um acordo de divisão de trabalho, logo que este se consolida, surge um interesse específico desse órgão que é o interesse do órgão em si próprio e para si próprio” (Michels, 1911)
Esta cristalização pode ser condicionada através de uma política efetiva de limitação de mandatos e de uma não profissionalização da direção partidária. Num partido político moderno, capaz de usar as novas tecnologias e o crowdsourcing formado pelas dezenas de milhar de militantes com competências técnicas específicas e organizado por grupos temáticos capazes de produzirem concretas e de responderem rapidamente a necessidades da atualidade, não faz sentido ignorar estes recursos e tomar centralmente, ao bom velho estilo novecentista, todas as decisões.
Democracia Substantiva
Uma Lição à Francesa (para o PS português)
O problema é que Hollande está sozinho (a sua taxa de aprovação é de apenas 17%) e o seu primeiro – ministro austeritarios viu cair na sua popularidade 20% desde que entrou em funções.
Os franceses estão assim, globalmente, contra Hollande e a sua Merkelizacao de França. A sua política de baixar os impostos sobre as empresas (uma espécie de TSU francesa) falhou, uma vez que estas não usaram essas poupanças para investimento… E a economia, logo, mantém-se estagnada porque o método austeritarios simplesmente não funciona. Excepto para enriquecer (por enquanto) os alemães e (para sempre) os Especuladores, a multinacionais e os megaricos.
Deputados Independentes
No meio autárquico, as listas independentes conheceram um assinalável sucesso nas eleições de 2013, tendo sido então a quarta maior força política. Embora pareça notável, à escala portuguesa, na verdade e se compararmos este aparente sucesso com outros países europeus, o sucesso é até bastante modesto… De facto, Portugal e o Reino Unido são os dois países europeus com resultados mais fracos. Em países como a Polónia, a Alemanha e a Bélgica, não são raros resultados de 40 e 50%, nos totais nacionais. Observa-se portanto que não só existe espaço de crescimento para este tipo de candidaturas, entre nós, como a sua presença e força eleitoral ocorre em regimes democráticos de elevada maturidade e sofisticação.
A presença de deputados eleitos em Listas independentes na Assembleia da República traria vários benefícios ao sistema político. Desde logo, contribuiria para a pluralidade de opções e propostas, enriquecendo de alternativas o debate político e aumentando a possibilidade combinações governativas. O dinamismo que assim seria impresso no sistema parlamentar reduziria a abstenção e aumentaria a participação de muitos cidadãos que se sentem alheados da política. A figura do “deputado independente” não seria, por outro lado, uma inovação lusitana ou uma raridade no quadro europeu. Pelo contrário, se o é, é-o apenas em Portugal já que 34 países, dos quais 43% se situam no continente europeu têm no seu quadro constiticional e parlamentar a figura do “deputado eleito em listas independentes”.
Os deputados independentes trariam riscos, como sempre sucede em qualquer mudança, nomeadamente ao nível de um maior localização (André Freire) e “desiodeologização” da política. Mas é certo que estes deputados iriam reforçar a defesa dos interesses dos cidadãos e das suas causas locais, contribuindo assim para a qualidade da democracia e da ligação entre eleitos e eleitores. Quanto ao temor de uma certa “desiodeologização” não é tão grave como se poderá pensar se tivermos em conta que, por vezes não é difícil distinguir as propostas e objetivos dos partidos do dito “arco da Governação” e que por outro lado, nem todos os bons deputados o são porque são bons ideológos, mas porque conhecem bem os seus dossiers e se empenham na defesa do interesse público e do dos seus concidadãos.
Outro risco frequentemente apontado que adviria da criação desta figura do “deputado independente” é o da fragmentação do Parlamento. Mas aqui, há que ter em conta que Portugal tem um dos sistemas políticos menos fragmentados e mais cristalizados do continente, sendo na prática um regime bipartidário, que praticamente não conheceu novos agentes desde 1975. Por outro lado, estes deputados independentes poderiam, por coligação, estabilizar governos minoritários. Quanto a moderação deste mecanismo ela seria facilmente introduzida através de limites como garantias bancárias (como é prática em alguns países) ou colocando grandes limites na quantidade de assinaturas a recolher.
Precisa-se de uma Europa Mais Participativa
Mas as gerações atuais já não colocam a economia no centro do seu projeto de “Europa”, não porque o Emprego (ou a falta crónica do mesmo) não lhes seja central, mas porque entendem (e bem) que a sua participação no projeto é essencial ao sucesso do projecto europeu. e tendo crescido na Internet, onde as lógicas colaborativas, as redes sociais, a partilha de informação e a ubiquidade de acesso à Rede Global são regra, os jovens europeus sentem-se distantes de uma eurocracia fisicamente distante, eleita de quatro em quatro anos, surda aos cidadãos e que ressurge apenas de cinco em cinco anos. Os jovens de hoje, imersos num mundo social muito mais Participativo do que os seus pais exigem da democracia e dos políticos, modelos de funcionamento muito mais abertos, processos de decisão transparentes e reclamam ferramentas de participação política que vão muito além do voto de quatro em quatro ou de cinco em cinco anos…
A relutância europeia em aceitar os resultados de sucessivos referendos, a entrada em vigor de tratados europeus muito importantes como o de Maastricht ou o de Lisboa, sem recurso à legitimidade referendar mostra uma Europa que tem medo dos cidadãos e que não só está surda ao apelo por mais participação lançado pelos jovens do continente, como insiste em manter nos seus dois mais importantes centros nevrálgicos uma lógica de funcionamento não democrático: a Comissão Europeia e o Conselho Europeu continuam a não serem eleitos diretamente pelos cidadãos da Europa. De facto, os dois mais importantes órgãos europeus nem sequer chegaram ainda à “Democracia 1.0”, a Democracia Representativa, uma vez que no primeiro caso, a Comissão não é propriamente escolhida ou designada pelo Parlamento Europeu, mas apenas aprovada. No segundo, a representação é indireta, a partir dos governos localmente eleitos.
As sociedades modernas são sociedades não-participativas.
De facto, a esmagadora maioria dos cidadãos vivem num permanente estado de medo. Esta condiçao opressora, leva os individuoos ao isolamento e a adquirirem a percepção de não existem ferramentas eficaz de participação, o que os leva a demitirem-se da mesma, criando a sua um efeito de duplo retorno que reforça o estado de meda e a consequente paralisia cívica.
Estas sociedades não-participativas existem em plena verborreia pública em prol da “participação dos cidadãos” por parte dos partidos e dos decisores politicos. É verdade que muitas sociedades modernas, na Europa e na América do Sul, sobretudo, são hoje mais participativas do que nunca, contudo, ainda falta trilhar muito caminho até uma democracia verdadeiramente participada e participativa nestes países…
Em defesa do Voto Preferencial
O sociólogo propõe que o voto preferencial seja aplicado em círculos de base regional, elegendo 140 deputados, os restantes mandatos seriam repartidos num círculo nacional único e em sistema de lista fechada (convencional).
O modelo de André Freire permitirá conservar a proporcionalidade do Voto, Manteria algum nível de controlo nas direções partidárias (mantendo nas bancadas determinados deputados com valências técnicas e políticas, mas baixo perfil mediático) reforçando, paralelamente, a ligação entre eleitos e eleitores.
O projeto europeu precisa de urgente renovação
O projeto europeu precisa de urgente renovação. De uma renovação participativa, introduzindo na governação europeia mais democracia, mais participação e que abandone de vez o seguidismo acéfalo dos dogmas neoliberais. A Europa precisa de implementar no seu espaço e é promover fora dele a instalação de uma Taxa Toni, que reponha alguma Justiça fiscal e racionalidade nos “mercados”, de ser a vanguarda, corajosa e decidida (no seu próprio terreno!) do combate aos Paraísos Fiscais, de esquecer o austeristarismo ideológico da direita bacoca e do neoliberalismo selvagem. A Europa precisa, sobretudo, de usar o seu tremendo peso económica global para regular a globalização e conter os seus excessos. Esta seria uma Europa em que seria capaz de me rever. Mas esta não é a Europa que temos hoje nem que iremos ter nos próximos anos. Enquanto quisermos.
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