
Evangeline Lilly, a Kate de Lost (http://imstars.aufeminin.com)
Introdução:
Corria o já longínquo ano de 2004 quando a ABC pediu ao produtor J. J. Abrams que a partir do sucesso do concurso televisivo Survivor – passado numa ilha tropical – desenvolvesse uma série que também incluísse elementos do conhecido romance “Senhor das Moscas” e da série televisiva norte-americana “Ilha de Gilligan”.
Abrams era já conhecido pelo seu sucesso na série “Alias” e haveria de criar aquela que seria uma das mais memoráveis séries de televisão de sempre: Lost (Perdidos).
A história começa com o voo 815 da Oceanic Airlines cujo Boeing 777-300ER se parte em pleno voo e se despenha sobre uma ilha do Pacífico com os seus 324 passageiros e um labrador retriever.
O argumento de Lost foi escrito por vários autores, sempre sob a orientação dos produtores Carlton Cuse e Damon Lindelof. Os produtores, contudo, nao se coibiram em pedir ajuda a terceiros, em aspectos muito especificos dos textos. Por exemplo, nas numerosas referencias a Física (viagens no tempo, quântica, etc), os produtores recorreram ao físico Sean Carroll.
Oposição Empirismo-Misticismo:
Um dos eixos fundamentais de Lost é a contraposição entre Jack e Locke. Jack, enquanto médico e homem de Ciência assume durante toda a série o lado da Ciência e do Empirismo. Locke, pelo contrário, assume-se como o representante do misticismo e da fé, pela simples razao de que foi alguém capaz de se erguer de uma cadeira de rodas e caminhar… De um lado (Locke), estão aqueles que preferiam que o enredo de Lost seguisse a via do Sonho, do Mundo dos Mortos e do Purgatório. Do outro (Jack), estão aqueles que preferiam que as explicações para os múltiplos mistérios de Lost fossem “científicos”: quântica, viagens no tempo, mundos paralelos, etc. No final do último episódio da sexta temporada qual foi a tendência que triunfou? A resposta parece evidente…
A “Teoria de Unificação” de Lost:
Ainda que pudesse ser elegante que houvesse uma teoria única para explicar tudo em Lost, o produtor Carlton Cuse deixou claro que tal coisa simplesmente não existem.
A Dharma Initiative:
Um dos aspectos mais fascinantes da história de Lost surge logo após a chegada dos sobreviventes do voo 815 à ilha quando se deparam (literalmente) com um urso branco. O urso era o produto de experiências biológicas realizadas durante a década de setenta por uma organização privada conhecida como “Dharma Initiative”.
O Rumo do Argumento. O papel de Gregg Nations:
Ainda que muitos de nós, fãs de Lost, gostássemos de pensar que desde o primeiro episódio os produtores tinham uma ideia precisa da solucao de cada mistério e do desfecho da série, sabe-se agora que não era nada assim. Pelo menos durante toda a primeira temporada, todos os componentes e mistérios do enredo não estiveram bem definidos e da maioria não havia mais do que uma ideia difusa! Só quando ficou claro que haveria mais temporadas além da primeira é que Carlton Cuse – o produtor principal – se começou a preocupar em reunir aquilo tudo num todo consistente e com respostas. Para cumprir essa espinhosa missão chamou o argumentista Gregg Nations que ao receber o convite, o aceitou mas lhe perguntou: “como foi possível chegares vivo ao fim da primeira temporada?”
Gregg Nations começou por documentar todos os detalhes do enredo de Lost em documentos Microsoft Word. Rapidamente, Nations iria tornar-se na autoridade máxima sobre Lost para os produtores e argumentistas da série. Um dos seus primeiros grandes desafios foi o de organizar todas as filmagens do interior do aviao do Oceanic 815. Muitas cenas tinham sido filmadas na primeira temporada com imagens do interior do aparelho, e Nations sugeriu que o aviao fosse reconstruído e cada secção cuidadosamente etiquetada. Sobretudo, preocupou-se em separar quem estava à frente e quem estava na retaguarda e por manter Jack e Rose sentados juntos, algo que era essencial para o enredo da série.
Alguns dos maiores mistérios das duas primeiras temporadas não tinham de facto solução na mente dos produtores nesse período, e por espantoso que possa parecer foi Gregg Nations que os começou a resolver, ainda que em parceria com Cuse e Lindelof. Esses mistérios sem solução eram:
o fim da série
o significado dos Números e
o papel de Libby
Porque é que as personagens de Lost não falavam dos mistérios da Ilha?
Sempre achei particularmente intrigante o facto de Kate, Jack, Locke, etc praticamente nunca falarem dos numerosos e fascinantes mistérios que os cercavam: desde o Monstro de Fumo, à origem das Ruínas (um mistério que ficou por resolver), a natureza da Luz, a causa da queda do aviao, como aparecera do nada o Farol, etc, etc. Bem, numa entrevista recente Damon Lindelof daria a resposta: “aquelas coisas com que a audiência estava obcecada (os mistérios), como a equação de Valenzetti, nunca eram falados pelas personagens porque nós queríamos que bas pessoas se focassem nas suas relações, se Kate ficaria com Jack ou Sawyer, nas complexidades da personalidade de Benjamin Linus, etc.”, na mesma entrevista, o outro produtor, Carlon Cuse acrescentaria: “se nos limitássemos a focar nos mistérios, Lost seria uma série muito chata”.
Mas alguns mistérios da primeira temporada tinham solução logo desde o início:
Na mesma entrevista acima citada, Lindelof, refere que a partir de um certo momento compreenderam que não podiam continuar a acumular mistérios sem terem logo desde o começo a sua solução. Tal foi o caso com o Urso Polar, da Estação Cisne enterrada na selva. Como cada um desses mistérios seria exposto era contudo algo sobre o qual nao havia nem sequer uma vaga ideia nas primeiras temporadas, segundo os produtores…
A Dharma Initiative e a Viagem no Tempo:
Quando os produtores se aperceberam do enorme fascínio que havia na audiência quanto às atividades e natureza da Dharma Initiative pensaram que a melhor forma de as explicar seria fazer com que as personagens de Lost viajassem até à sua época. Assim surgiu o conceito de “viagem no tempo” em Lost.
O papel do Eletromagnetismo:
As cargas massivas de eletromagnetismo presente em “bolsas subterrâneas” na Ilha foram capazes de – nas palavras dos produtores – criar “wormholes” que permitiram realizar viagens no tempo, na Ilha. Foi assim que Ben apareceu na Tunísia, mas dez meses no passado, sinal que (como dizem os físicos é impossível viajar no Espaço sem viajar no Tempo).
O “Quociente Místico”:
Carlton Cuse, nesta entrevista, referiu que à medida que se aproximava o fim da série, o chamado “quociente místico” iria aumentando, mas foram tomados cuidados para que este nao fosse excessivo, especialmente através ao recurso constante a Jack, o personagem mais empirista, isto explica porque é que nos últimos episódios da 6ª Temporada, um dos papéis centrais é precisamente o de Jack Sheppard…
Fonte Principal:
http://www.wired.com/magazine/2010/04/ff_lost/all/1
Comentários Recentes