há três formas de recredibilizar o projeto europeu
1: criar um pilar social europeu comum (uma “segurança social” e uma “educação pública” financiada pelo orçamento comunitário)
2: harmonizar a fiscalidade (acabando com a actual competição fiscal entre Estados-membro)
3: simplificação legislativa (por forma a terminar com o labirinto de regulamentos e leis nacionais)
Europa e União Europeia
há três formas de recredibilizar o projeto europeu
Portugal padece de uma anormal distorção
Portugal padece de uma anormal distorção que o distingue da maioria dos países europeus (com maior base industrial e tecnológica): existe, na sociedade civil, uma estranha desvalorização das pessoas que provém do “mundo do trabalho”, isto é, que mantêm alguma atitividade profissional longe da Academia, do Ensino ou do Estado. E uma estranha (e doentia) sobrevalorização daqueles que ganham a vida dando aulas, sobretudo no meio universitário.
Pouco importa o que sabe, pensa e (quase sempre) a via nepótica com que se ascendeu à Cátedra, mas em Portugal, falar do alto de uma Cátedra é sinal, quase sempre, de que se será ouvido. E falar de baixo, de uma Profissão, será sinal, quase sempre, de que não se será ouvido. É assim nos Partidos, é assim nas associações e nos movimentos inorgânicos da sociedade civil. Pior: é assim, inclusivé, entre os Pares, entre aqueles que provêm também do mundo do trabalho que, quase sempre, desprezam a opinião e pensamento dos seus Pares para escutarem apenas a dos “Doutos”, dos “Doutores”, frequentemente ignorantes, quase sempre arrogantes, praticamente todos nepóticos, que lhes falam de cima para baixo, em tom professoral, académico e pleno de certezas absolutas.
Esta doença tem nome: chama-se “academite” e é a inflamação da importância da Academia em Portugal estando também na base imediata que explica boa parte do nosso atraso atávico: se chegámos onde chegámos foi porque – também – não tínhamos uma Elite à altura das circunstancias: uma elite forjada numa Academia boçal, servil ao Poder, financeiramente dependente do poder económico e partidário, arrogante com todos aqueles que por ela não são ungidos e quase estéril de pensamento original e de ligação à sociedade civil e às comunidades que – supostamente – devia dirigir.
Existe na zona euro uma contradição insanável e que vai levar – à prazo – à sua dissolução
Existe na zona euro uma contradição insanável e que vai levar – à prazo – à sua dissolução: a inexistência de mecanismos adequados de compensação (por exemplo, o orçamento comum de Educação Pública proposto na década de 1980 por Henrique Neto) e as diferenças económicas entre os países da periferia e os do centro, afastam capital e recursos humanos qualificados dos primeiro e transferem-nos para os segundos, agravando cada vez mais o fosso entre ambos.
As crises do euro, assim, serão sucessivas e intermináveis enquanto a moeda existir ou não existir um orçamento europeu realmente digno desse nome (como existe nos EUA).
Sem uma coisa nem outra não temos nada além de empobrecimento para os países mais pobres e um enriquecimento sem fim (nem decência) para os países mais ricos.
O infeliz desfecho da crise da dívida grega
Quem representou a União Europeia nas negociações com o governo grego (Presidente da Comissão Europeia e o Presidente do Conselho Europeu) não foram eleitos pelos cidadãos da Europa. Estes representantes não-eleitos e, logo, livres da adequada fiscalização directa por parte dos povos da Europa não tinham assim mandatos democraticamente legitimados para negociaram com o governo – democraticamente eleito – de Atenas.
Elisa Ferreira, sobre a União Europeia
Elisa Ferreira, Eurodeputada
Elisa Ferreira, Eurodeputada
Elisa Ferreira, Eurodeputada
Elisa Ferreira, Eurodeputada
Elisa Ferreira, Eurodeputada
Elisa Ferreira, Eurodeputada
Elisa Ferreira, Eurodeputada
Citações de João Ferreira do Amaral
João Ferreira do Amaral
João Ferreira do Amaral
João Ferreira do Amaral
João Ferreira do Amaral
João Ferreira do Amaral
“O Conselho Europeu é composto sobretudo de Chefes de Estado, que já são, em grande medida, irresponsáveis perante os seus próprios países de origem”
“O Conselho Europeu é composto sobretudo de Chefes de Estado, que já são, em grande medida, irresponsáveis perante os seus próprios países de origem e que se tornam ainda mais livres no Conselho Europeu. Quando se encontram em Bruxelas, o seu desligamento das suas populações é ainda maior. Não só estão a operar num ambiente que é distante do seu como podem sempre culpar a “Europa” pelas suas más decisões”
Manuel Arriaga, Rebooting Democracy
Ou seja, tudo na forma como funciona a União Europeia foi concebido e funciona como se se pretendesse afastar os cidadãos dos seus representantes, criando uma elite (a eurocracia) que os governa sem um mandato democrático directo nem com formas democráticas (p.ex. referendos revogatórios de mandatos).
Com efeito, as duas principais instituições europeias: a Comissão e o Conselho não são eleitas (o primeiro é confirmado e o segundo é composto por ministros que, em muitos países (como Portugal) podem nem ser deputados…
Este distanciamento das duas mais influentes instituições europeias da responsabilização democrática e a inexistência de qualquer mecanismo referendária para convocar a sua destituição configura um grave défice democrático nas instituições europeias cuja resolução devia estar no radar dos políticos e dos cidadãos.
Este défice explica também a forma autista com que se desenham e executam politicas europeias profundamente impopulares e que merecem a desaprovação massiva dos cidadãos europeus.
A Europa está em roda viva, sem controlo democrático e tornada numa verdadeira autocracia que serve os seus próprios interesses (cumulando-se a si própria de benesses escandalosas), os interesses dos “Mercados” e dos grandes grupos multinacionais a quem se submeteu de forma acrítica e dócil em pleno processo da globalização neoliberal que hoje vivemos.
“A zona euro transformou-se num nó Górdio, sem solução”
“A zona euro transformou-se num nó Górdio, sem solução. E todos os dias, dentro de si própria, crescem as forças da desmesura e da desrazão que lhe darão, se não ocorrer um milagre, um golpe de misericórdia tão brutal, que talvez venha a ser ela a marcar o verdadeiro inicio do século XXI.”
Viriato Soromenho Marques
Os alemães são muito exigentes a pedirem aos gregos o pagamento integral da sua divida.
A memória seletiva alemã esquece também que o “resgate” da troika serviu principalmente para fazer regressar à Alemanha uma parte dessa divida, transferindo-a para o Estado alemão. O mesmo Estado que deixou que cidadãos e empresas suas, corruptas até ao tutano, endividarem-se para além de tudo o que é razoável um pais europeu, aliado na NATO e parceiro na UE.
https://www.facebook.com/events/932038620173584/
28 fevereiro 15:00 Associação 25 de Abril (Lisboa):
Sobre o “perdão” da divida grega Merkel disse que “os bancos já renunciaram a milhares de milhões de divida grega”
Sobre o “perdão” da divida grega Merkel disse que “os bancos já renunciaram a milhares de milhões de divida grega”. Pois já, mas essa divida está agora nas mãos do BCE, CE e FMI e dos seus países, onde alguns (como a Alemanha) estão com juros negativos e em superavit orçamental, logo, com espaço para acomodar esse perdão.
Assim o queiram.
A menos que prefiram levar a Grécia à Bancarrota e deixar derrocar o Euro em cascata.
Preferem? Têm a certeza que sim, senhores germanos?…
Se a austeridade e a redução salarial (os dois grandes dogmas do austero-merkelismo de Passos) funcionassem
Se a austeridade e a redução salarial (os dois grandes dogmas do austero-merkelismo de Passos) funcionassem, a Grécia com 20% dos seus habitantes vivendo abaixo do limiar da pobreza, com 25% de desemprego e com a população empregada padecendo de uma redução salarial desde 2011 de 40% devia ser agora uma autêntica Suíça ou uma garbosa e próspera Germânia.
Dia 19 de abril, vamos ter Legislativas na Finlândia
Dia 19 de abril, vamos ter Legislativas na Finlândia. O partido de extrema direita parte com vantagem, reforçada agora com o sentimento popular “anti-Grécia” e “anti-Bruxelas”: de facto, quantas mais vitorias conseguir o governo grego, mais ganharão os eurocépticos finlandeses.
A senhora Merkel pode ter ganho o império da europa.
Mas a europa está a perder-se a própria cada vez mais.
Por culpa da sua inacção, da sua obsessão austeritária e pela falta de verdadeiros mecanismos de solidariedade financeira (do pacote da troika, por exemplo, apenas 11% foi diretamente para a Grécia indo o resto para os bolsos dos credores).
Sem dúvida que os gregos têm a sua responsabilidade na divida que acumularam ou deixaram acumular.
Sem dúvida que os gregos têm a sua responsabilidade na divida que acumularam ou deixaram acumular. Mas essa responsabilidade é partilhada. Partilhada com os credores internacionais, que emprestaram sem critério nem preocupação de boa cobrança, partilhada com os países que, como a Alemanha, ganharam com essa divida e partilhada com os auditores internacionais como a Goldman Sachs que foram cúmplices (impunes! Porquê?…) da maquilhagem sistemática das contas gregas.
Os gregos já pagaram a sua fatura desses desmandos.
Alguns credores também.
Agora é a vez do FMI e da União Europeia (BCE) pagarem a sua e aceitarem uma reestruturação radical da divida grega e dos outros países do sul e erguerem um verdadeiro “plano Marshall” para a Europa (não confundir com a tristeza do “plano Juncker”).
“A única lição a tirar das eleições gregas é que o PS não é nem será o PASOK”
“A única lição a tirar das eleições gregas é que o PS não é nem será o PASOK”
António Costa
O problema está em que o PASOK há uns dias também dizia que “o PASOK não é nem será o PASOK”.
A menos que se opte por um discurso e prática de ruptura, a convencional oscilação rotacionista não funcionará e os resultados das Legislativas serão completamente imprevisível, não se descartando uma surpresa do lado do PDR ou do Tempo de Avançar…
Precisamos de Propostas realizáveis mas de ruptura, de uma resposta clara ao problema da Divida e novos agentes políticos partidários. Ou isso, ou pasokizamos o PS. Sem termos um Syriza e abrindo assim a porta a todos os populismos, os que já vieram e os que ainda estão por vir…
Prossegue no Alentejo uma vaga de roubos de azeitonas
Prossegue no Alentejo uma vaga de roubos de azeitonas. Muito proprietários optam por, nem sequer, apresentarem queixa devido “à carga burocrática” (mais um falhanço da Justiça…)…
A vaga incide especialmente em Serpa e Moura e é conduzida por mafias romenas, baseadas em Espanha que vendem em Rosal de la Frontera o produto destes roubos.
Espanha, de novo, está a ser cúmplice nestes roubos, como também o é nos furtos de cobre. A Roménia, idem, porque continua a aproveitar Shengen para exportar criminalidade e beneficiar com os recursos que assim vê entrar no seu pais (onde estão os lideres destas mafias). Entretanto que faz o Governo Português?
Nada que se saiba.
TTIP: Menos Segurança Alimentar
Partidos 2.0
Esta é a forma antiga de governar o partido. Mas há uma forma nova. Mais aberta, mais participada e participativa. Mais descentralizada e democrática. Uma forma que introduz os métodos e ferramentas de democracia participativa que já foram amplamente ensaiados noutros locais do mundo e que já deram provas do seu realismo e potencialidades para recentrar em os Partidos e a política nos cidadãos e na democracia.
Neste novo tipo de Partidos o papel do “líder” é menos central e dominante que nos modelos convencionais, piramidais e autoritários, as decisões são tomadas em rede e assentam sempre a sua legitimidade em algum tipo de consulta ou sufrágio às bases. Nesses “partidos 2.0”, os militantes produzem ideias e propostas concretas, que são depois aprovadas pela direcção nacional (de forma mandatória ou opcional consoante a escala da maioria que as suporte) e no lugar de um estrutura piramidal de organização, temos uma estrutura em rede, com várias células intercomunicantes que se distribuem em estrela pelo território nacional e em áreas temáticas especializadas tendo a direção nacional sempre como seu eixo central.
Uma Lição à Francesa (para o PS português)
O problema é que Hollande está sozinho (a sua taxa de aprovação é de apenas 17%) e o seu primeiro – ministro austeritarios viu cair na sua popularidade 20% desde que entrou em funções.
Os franceses estão assim, globalmente, contra Hollande e a sua Merkelizacao de França. A sua política de baixar os impostos sobre as empresas (uma espécie de TSU francesa) falhou, uma vez que estas não usaram essas poupanças para investimento… E a economia, logo, mantém-se estagnada porque o método austeritarios simplesmente não funciona. Excepto para enriquecer (por enquanto) os alemães e (para sempre) os Especuladores, a multinacionais e os megaricos.
Precisa-se de uma Europa Mais Participativa
Mas as gerações atuais já não colocam a economia no centro do seu projeto de “Europa”, não porque o Emprego (ou a falta crónica do mesmo) não lhes seja central, mas porque entendem (e bem) que a sua participação no projeto é essencial ao sucesso do projecto europeu. e tendo crescido na Internet, onde as lógicas colaborativas, as redes sociais, a partilha de informação e a ubiquidade de acesso à Rede Global são regra, os jovens europeus sentem-se distantes de uma eurocracia fisicamente distante, eleita de quatro em quatro anos, surda aos cidadãos e que ressurge apenas de cinco em cinco anos. Os jovens de hoje, imersos num mundo social muito mais Participativo do que os seus pais exigem da democracia e dos políticos, modelos de funcionamento muito mais abertos, processos de decisão transparentes e reclamam ferramentas de participação política que vão muito além do voto de quatro em quatro ou de cinco em cinco anos…
A relutância europeia em aceitar os resultados de sucessivos referendos, a entrada em vigor de tratados europeus muito importantes como o de Maastricht ou o de Lisboa, sem recurso à legitimidade referendar mostra uma Europa que tem medo dos cidadãos e que não só está surda ao apelo por mais participação lançado pelos jovens do continente, como insiste em manter nos seus dois mais importantes centros nevrálgicos uma lógica de funcionamento não democrático: a Comissão Europeia e o Conselho Europeu continuam a não serem eleitos diretamente pelos cidadãos da Europa. De facto, os dois mais importantes órgãos europeus nem sequer chegaram ainda à “Democracia 1.0”, a Democracia Representativa, uma vez que no primeiro caso, a Comissão não é propriamente escolhida ou designada pelo Parlamento Europeu, mas apenas aprovada. No segundo, a representação é indireta, a partir dos governos localmente eleitos.
Não é eficaz, nem transparente, que os comissários nomeados pelos 28 países europeus sejam nomeados sem que se saiba para que pastas o são
A situação é absurda e prejudica a boa governaça da mais executiva instituição Europeia, a Comissão Europeia e não contribui para a sua eficiência e transparência.
O projeto europeu precisa de urgente renovação
O projeto europeu precisa de urgente renovação. De uma renovação participativa, introduzindo na governação europeia mais democracia, mais participação e que abandone de vez o seguidismo acéfalo dos dogmas neoliberais. A Europa precisa de implementar no seu espaço e é promover fora dele a instalação de uma Taxa Toni, que reponha alguma Justiça fiscal e racionalidade nos “mercados”, de ser a vanguarda, corajosa e decidida (no seu próprio terreno!) do combate aos Paraísos Fiscais, de esquecer o austeristarismo ideológico da direita bacoca e do neoliberalismo selvagem. A Europa precisa, sobretudo, de usar o seu tremendo peso económica global para regular a globalização e conter os seus excessos. Esta seria uma Europa em que seria capaz de me rever. Mas esta não é a Europa que temos hoje nem que iremos ter nos próximos anos. Enquanto quisermos.
Só poder “mais Europa” se…
A União Europeia precisa de uma Revolução Participativa
Se já é chocante ver que no principal órgão executivo europeu, a Comissão, não há democracia directa ou indirecta (ser apenas “aprovado” no PE não é o mesmo que ser sufragado) então ainda mais chocante ver que o órgão onde se tomam as decisões realmente importantes, aquele que funciona como o governo efetivo da União, o Conselho Europeu, não só não é eleito (os ministros de cada país não são eleitos diretamente e são-no para mandatos nacionais não europeus) como não assegura o princípio nem da proporcionalidade nem o da representatividade dos pequenos Estados.
A União Europeia precisa certamente de uma renovação democrática participativa (referendos europeus, direito de petição, Revogação de Mandatos e normativas, ICE mais acessíveis, etc), mas precisa simplesmente de mais democracia, mesmo daquela versão ainda em modo “1.0”, a dita “democracia representativa”: precisa de tornar diretamente eletiva a Comissão Europeia, de criar uma espécie de Senado Europeu, com representação eleita que ocupe o lugar do Conselho Europeu, precisa, enfim, de Mais Democracia.
A inflação na zona euro está abaixo dos 0.4%: e agora, Europa?
Ou bem que o BCE consegue vencer o bloqueio e império Influência alemã sobre política monetária do Euro ou estamos, a curto prazo, lixados, já que deflação é tão perniciosa para uma economia como hiperinflação e estamos à beira da primeira…
Preservando o Estado Social à escala europeia
Não restam grandes dúvidas de que a preservação do Estado Social, tal qual ele é concebido na Europa, não é sustentável a menos que seja reformado não numa base da compressão ou termo do Estado Social, mas numa base de integração europeia. O poder dos Estados é cada vez mais diminuto e a lógica da globalização força a olharmos para o conjunto da União Europeia como um dos esteios futuros só Estado Social.
A Europa é hoje, ainda, o maior bloco económico mundial. Querendo, tendo capacidade de liderança e foco, poderia impor regras na OMC que colocassem regras ambientais, laborais e humanas mínimas.
Os maiores sindicatos dos EUA e da União Europeia estão a organiza-se contra o actual andamento das negociações TTIP
Sobre o compromisso sobre as negociações do TTIP e CETA de Junckers, o novo presidente da Comissão Europeia
Este extrato – relevante às negociações UE/EUA/Canadá – consta do programa de Juncker à presidência da Comissão Europeia. Revela, mais não seja uma resposta às pressões que a Comissão tem recebido de vários sectores da sociedade civil, um pouco por todo o continente europeu e demonstra que a pressão pública é útil e relevante quando ocorre e os cidadãos não se deixam conformar… É certo que se trata apenas de uma declaração de intenções, mas revela pelo menos uma mudança de atitude em relação à Comissão Barroso, que conduziu todo este processo negocial em torno de pesados mantos de secretismo e de uma quase total opacidade.
Perante estes compromissos será difícil, a partir de agora, a esta Comissão agir de forma contrária aos mesmos. Perante este programa, Juncker dificilmente se poderá justificar perante:
1. Mais desvios às regras da Transparência nas negociações
2. Reduções dos padrões europeus de segurança alimentar, saúde pública, protecção de dados pessoais ou diversidade cultural
3. A jurisdição dos tribunais nacionais nunca será sobreposta pela de Tribunais arbitrais de negócios
4. A partir de agora deverá haver “máxima transparência” (o que são estes níveis máximos é que não é claro…) nas negociações.
São quatro compromissos importantes assumidos pelo novo presidente da comissão europeia que todos nós, cidadãos do continente, temos o dever de vigiar e garantir que são respeitados e cumpridos. É claro que este controlo seria mais fácil se o cargo de presidente da Comissão fosse eletivos…
Não ao TTIP! (Parceria Transatlântica)
Um tratado de livre comércio é um acordo entre dois países e que tem como objetivo aumentar o comércio entre os países signatários. Objectiva-se a redução das taxas alfandegarias e das barreiras regulatórias. Actualmente, existem cerca de três mil tratados comerciais internacionais, a maioria deles bilaterais.
Quando começaram as negociações do TTIP entre a União Europeia e os EUA?
As negociações começaram em 28 de novembro de 2011 através de um grupo de contacto de “alto nível”. Este grupo deveria estudar formas de aumentar o comércio entre as duas margens do Atlântico e formular recomendações aos governos europeus e norte-americano. Em 2003, a União Europeia e os EUA começaram negociações mais formais em prol de um Acordo Transatlântico de Comercio e Investimento (TTIP) havendo bastante pressão (especialmente do lado dos EUA) para que sejam concluídas em 2014.
Porque não se sabe mais sobre o TTIP?
Apesar de declarações em contrário, o essencial das negociações decorrem em segredo. Desconhecem-se detalhes das negociações e apenas alguns textos conseguiram sair deste secretismo e chegar à opinião pública. Recentemente, o negociador principal pela União Europeia admitiu publicamente que todos os documentos relacionados com estas negociações seriam reservados durante trinta anos. Isto significa que a Normativa 1049/2001 – que define que todos os documentos europeus devem ser públicos – não será respeitada pelas próprias instituições europeias. Isto significa que o principal assento da democracia na Europa, o Parlamento Europeu, estará alheado destas importantes negociações.
Os interesses económicos das multinacionais e dos investidores estão a sobrepor-se aos dos Estados, dos Cidadãos, dos Trabalhadores e dos Consumidores. Já houve mais de cem reuniões secretas entre representantes da União Europeia e das multinacionais e lobistas em que o tema foi oTTIP.
Os cidadãos poderão votar, directa ou indirectamente o TTIP?
Não. Embora a aprovação final do documento caiba ao Parlamento Europeu, este só vai conhecer o documento quando ele estiver completamente negociado e e acordado entre as partes. É certo que os países poderão convocar referendos sobre o TTIP, mas até ao momento não parece que tal venha a ocorrer em algum pais da união.
Quais são actualmente as barreiras alfandegarias entre EUA e União Europeia?
Actualmente, estas barreiras já são das mais baixas do mundo. Quer em termos regulatórios, quer em taxas alfandegarias (que são, em média, de apenas 4%).
Se as taxas alfandegarias já são tão baixas, então qual é o objetivo do TTIP?
Segundo a própria Comissão Europeia, são as “barreiras regulatórias” o principal alvo doTTIP, que a Comissão julga serem “o maior obstáculo para aumentar o comércio e o investimento entre os Estados Unidos e a União Europeia.” Isto significa que o objetivo assumido doTTIP não será tanto a redução das tarifas alfandegarias como a “simplificação” das normas e regulações…
Sobretudo, falamos de controlos sanitários em vários produtos alimentares, de padrões ambientais, de acordos laborais e de direitos de autor. São estes mecanismos regulatórios, e os custos que eles trazem para as empresas multinacionais que estão sobre a mira das desregulações e “nivelações por baixo” (entenda-se aqui o “baixo”, como sendo os EUA) que estão a ser negociadas no âmbito do TTIP.
Que impacto terá o TTIP no Emprego nos países que integram a União Europeia?
Segundo, alguns estudos norte-americanos(financiados pelas multinacionais), o acordo criaria cerca de 2 milhões de postos de trabalho dos dois lados do Atlântico e provocaria um aumento de 1% anual ao PIB. Contudo, existe um estudo da Comissão Europeia, onde este crescimento do PIB é avaliado em 0,1% anual durante dez anos… Estas previsões baseiam-se em modelos económicos pouco realistas e muito criticados.
O TTIP é comparável ao “Acordo de Livre Comércio da América do Norte” (NAFTA)?
O NAFTA é um acordo entre o Canadá, EUA e México, subscrito por estes países em 1993 e que na altura, se estimava que iria criar mais de 20 milhões de novos empregos nos 3 países. Na prática, e no conjunto dos 3 países, e devido sobretudo a deslocalizações para países da Ásia, dez anos depois, o conjunto destes 3 países tinha menos um milhão de empregos, não mais 20… como acreditar assim nas previsões que atribuem ao TTIP a capacidade para criar 2 milhões de postos de trabalho?…
O TTIP vai destruir postos de trabalho?
Sim. A própria Comissão Europeia o assume, especialmente em certos setores e zonas geográficas, acreditando contudo, que a criação de outros empregos noutros locais e setores acabará por compensar o primeiro efeito. Essa certeza, contudo, está muito longe de o ser… Por exemplo, em Portugal, os postos de trabalho da prospera indústria do tomate serão ameaçados, mas não há certeza de que estas perdas serão compensadas no setor do calçado e do têxtil.
Que empresas e setores serão mais ameaçados pelo TTIP?
Todas aquelas e aqueles que competem mais de perto com empresas norte-americanas. Estas funcionam numa escala mais ampla que a europeia e, logo, acumulam mais efeitos de escala, tendo aí grandes vantagens competitivas.
Em que medida será afetada a agricultura europeia?
O modelo agrícola europeu é muito diferente do norte-americano, quer pela escala, quer pela organização industrial. Nos EUA, existem apenas 2 milhões de explorações agrícolas, enquanto que na Europa existem mais de 13 milhões. Ou sea, em média, nos EUA, uma exploração agrícola é 13 vezes maior que uma europeia… Isto significa economias de escala e grandes vantagens competitivas.
O TTIP vai aumentar a concentração empresarial?
Sim. O impacto do TTIP no tecido empresarial europeu será brutal: mais de 99% do mesmo é composto por pequenas e médias empresas e existem na UE várias normativas que as defendem contra as grandes empresas e multinacionais. O TTIP vai introduzir vários desequilíbrios neste campo a favor das grandes multinacionais.
O TTIP vai aumentar a coesão na União Europeia?
Não, de todo. Tudo indica que o TTIP vai, bem pelo contrário, aumentar a distância entre o norte e o sul da União Europeia. A estrutura produtiva dos países do sul (com Portugal à cabeça) está muito menos desenvolvida, é menos competitiva e será mais frágil na resistência à competição com a indústria norte-americana.
A “harmonização” da legislação ambiental dos dois lados do Atlântico vai afetar em que medida os cidadãos europeus?
Comentários Recentes