“A China se souber jogar a oportunidade que tem de se constituir num importante motor da retoma mundial, revalorizando a sua moeda e utilizando as vastas reservas acumuladas para dinamizar a procura – doméstica e mundial -, poderá obter como contrapartida uma importante posição nas instâncias, formais e informais, da governação mundial.”
> Mas terá o regime ditatorial alojado em Pequim essa sabedoria e discernimento?… Pequim tem insistido em manter sua moeda, o Yuan, a níveis artificialmente baixos por forma a estimular as suas exportações e não deu sinais de querer mudar essa atitude depois da eclosão da atual crise que começou em 2008… Pequim continua com acumula coes incríveis de Capital, que reinveste apenas parcialmente e quase sempre na compra de dívida americana, de que é hoje o segundo maior detentor externo. Pequim não investe em instalações fabris ou tecnológicas fora do seu próprio território… além de África, onde está a realizar compras massivas de terrenos agrícolas, Pequim tem uma visão do desenvolvimento muito unilateral e ainda não parece ter compreendido que é impossível continuar a empobrecer todo o globo enquanto se torna na “fábrica do mundo” e reserva para si uma parcela cada vez maior dos recursos naturais do globo.
“E os países das outras grandes economias emergentes também não deixarão de aproveitar a oportunidade para reinvidicar uma maior quota de participação nessas instâncias de governação, como já se viu com a Cimeira do G-20. Como alguém terá de ceder poder, o candidato mais natural será a União Europeia.”
Entre estes “países emergentes” encontra-se, claro está, o lusófono Brasil. O modelo de distribuição de poder no Conselho de Segurança da ONU é herdeiro do quadro de vencedores da Segunda Grande Guerra e carece de revisão urgente. Não se compreende como é que potencias médias como o Reino Unido e a França têm assento permanente e com direito de veto e potencias economicamente, demográfica e até militarmente mais importantes estão ausentes. Onde está a Índia, o segundo país mais populoso do mundo? A Alemanha e a Itália, duas das maiores potencias económicas europeias? O Brasil, uma das economias emergentes e a maior nação da América do Sul? A Indonésia, a maior nação islâmica do mundo? A estrutura global de poder tem que ser atualizada de forma a ficar conforme à nossa realidade contemporânea. Países como França e Reino Unido têm que sair, reduzindo-se à sua atual insignificância e novos Estados devem adquirir esse estatuto de membro permanente, como o Brasil, a Índia, a Indonésia, o Egito, a África do Sul e o Japão. Alternativamente, pode ser realizada uma alteração mais radical, operativa e justa… a de substituir a representação permanente de países pela representação por blocos económicos, geográficos ou políticos. Em vez de China, EUA ou Índia, poderíamos ter representantes permanentes da União Europeia, da Nafta (EUA, Canadá México), da União Africana, da Liga Árabe ou da ASEAN. E, claro… da CPLP. Desta forma original e ousada se garantiria uma maior representatividade dos povos da Terra e uma melhor defesa dos interesses de Todos e não de umas quantas “grandes nações” por muito responsáveis que os seus representantes pudessem ser.
Fonte:
Economia, Moral e Política
Vítor Bento
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