“Em Portugal, a abstenção, a seguir à crise governativa de 2013, tornou-se a principal expressão de protesto, desagrado e descontentamento dos portugueses. Os portugueses perceberam que, com este Presidente, este governo ia até ao fim acontecesse o que acontecesse.”
João Semedo, entrevista ao i de 21 de novembro de 2014
E contudo essa tremenda reserva de Indignação persiste lá armazenada, nessa amálgama amorfa da Abstenção. E as ultimas sondagens indicam que nenhum partido do “sistema” conseguiu ainda recuperar esse eleitorado, e que os partidos “do protesto” (Bloco e PCP) ou estão em erosão acelerada (Bloco) ou resistem apenas pela fidelidade do seu eleitorado, não porque estejam a recuperar espaço nos partidos do “arco da governação” ou à abstenção.
De facto, o maior partido luso, a abstenção parece resistir e nada indica que nas próximas legislativas os dois partidos pós-bloquistas (Livre e MAS) sejam capazes de o erodir, sendo que na verdade, pouco mais farão que transferir votos do Bloco para si. E o PS parece estar relativamente estabilizado à frente das preferências dos portugueses, mas tem perante si o discurso mais populista (mas não muito fundamentado) de Marinho e Pinto, que será a maior ameaça a uma maioria socialista.
Algo “quebrou” no sistema politico português e os novos partidos que agora surgem não estão à altura de o sarar. Resta a alternativa de realizar uma reforma profunda, de democracia participativa interna, nos partidos de regime. Essa é a natureza da missão que assumimos em marco de 2013 e onde agora batalhamos. Porque a abstenção não é solução. Apenas a antecâmara da ditadura (assumida ou mascarada).
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