“O que a Europa pede a Portugal, para ser competitivo, é uma quadratura do círculo: que tenha os salários chineses e a qualidade alemã, a segurança social mexicana e a flexibilidade laboral holandesa, o Estado social marroquino e a qualificação finlandesa, a competitividade asiática e as leis ambientais europeias. Não é possível. Se a competitividade portuguesa, integrada num mercado europeu completamente aberto, se basear na redução drástica de custos, isso terá um preço. Não se pode pedir as condições de produção competitivas do terceiro mundo e, simultaneamente, preocupações ecológicas do primeiro mundo.
(…)
“Uma Europa a duas velocidades, que desistiu da coesão social, política e fiscal, não pode defender que todos cumpram as mesmas regras.”
Daniel Oliveira
Expresso 15 dezembro 2013
O que a Europa pede (AKA exige) é que percamos todos os ganhos sociais económicos conquistados desde abril de 1975. Que regridamos em qualidade de vida até aos meados da década sessenta e que aceitemos viver em democracia limitada por forma a que os credores e os seus agentes do norte da europa melhor possam exercer o seu império.
Esta europa estará feliz se nos mantivermos dóceis e passivos perante estas camadas sucessivas de austeridade e de sacrifícios sem fim à vista. E para cujo sucesso uma Sociedade Civil passiva é crucial… a questão é será possível manter esta passividade num contexto de redução dramática de direitos e em que 1.4 milhões de portugueses estão no desemprego, sendo que destes pelo menos 40% são desempregados crónicos, de longa duração e com filhos a cargo? Esta massa crescente de cidadãos cada vez mais desesperados manter-se-á inane e passiva durante muito mais tempo?
Até quando durara a paciência dos portugueses? Quando começarão a atirar iogurtes aos políticos na rua, como já fazem os gregos?
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