A vitória do Movimento Cinco Estrelas, um partido político de profunda matriz participativa, está a ser lida pela maioria dos “fazedores de opinião” como um voto de protesto, estéril e fruto de um vago e desconexo cansaço contra o sistema político italiano. O problema é que estes “fazedores de opinião” são, na sua esmagadora maioria, oriundos da partidocracia, gente do Sistema rotativista representativo, preocupados com a erupção de um grupo de cidadãos que se organizam de forma completamente diversa e que recuperaram para si os direitos e a ação cidadã que os partidos sequestraram para si. São assim parte interessada numa análise onde lhes interessa diminuir a verdadeira revolução democratica que a ascensão a primeiro partido (!) Em Itália do Cinco Estrelas significa: os partidos representativos levaram uma pancada monumental e podemos esperar agora que – por efeito de contágio – o mesmo suceda noutros países do continente europeu.
A atual cena política italiana permite retirar ainda duas aprendizagens: a política bunga-bunga, ainda rende, se cruzada com o controlo dos Media e com baixos níveis de informação política em largos espectros da população e ainda que, muitos italianos souberam castigar o “candidato de Merkel”, reconhecendo em Monti aquilo que ele efetivamente é: um caniche obediente, completamente fidelizado aos interesses germanicos e aos dos sacrossantos “mercados”, sem problemas em imolar nesses dois altares os cidadãos italianos.
A vitória do Cinco Estrelas é pois, não a vitória do Protesto ou da Indignação: é a vitória da Democracia Participativa e de todos os que – como o www.maisdemocracia.org – defendem a Democracia Participativa contra uma Partidocracia fidelizada aos Grandes Interesses economicos e financeiros.
Sou pela democracia representativa. Mas não tem de ser só dos partidos. Deve também incorporar cidadãos saídos directamente da sociedade civil, como defende o MIL. Mas democracia participativa, rigorosamente, só é viável em contextos locais. Por iso não chamaria democracia participativa ao que está sucedendo em Itália e que o MIL luta por estabelecer em Portugal. Continua a ser democracia representativa, só que fora e para além dos partidos instalados.
O MIL tem outra matriz, embora nao rejeite ter pensamento proprio e original nas materias do pensamento e da reflexão sobre a democracia.
Pessoalmente, nesse campo, trabalho noutra frente, ,a do http://www.maisdemocracia.org uma associacao e movimento que adotou a democracia participativa como o seu grande mote.