Desde meados de fevereiro que está oficialmente aberto o registo de candidatos para os distritos do “City Council” de Atlanta. Como em outros anos, não escasseiam os candidatos do “sistema”, mas desta vez há umaa novidade: Jon Jones, um jovem afro-americano de 26 anos promete introduzir na capital do Estado norte-americano da Georgia um novo estilo de governo: a Democracia Direta.
Jon Jones é uma figura desconhecida da política, com uma carreira no ramo financeiro e sem aparente relevância social antes de se ter abalançado a este projeto autarquico, que lhe granjeou uma grande atenção por parte dos Media locais em virtude da originalidade das suas propostas e da forma cibernética como orienta e conduz a sua campanha. Esse registo público muito discreto é aliás sublinhado no seu site de campanha, onde Jon Jones assume o seu estatuto de “cidadão anónimo” sublinhando que o descrédito do atual sistema político resulta muito dessa obsessão em procurar um “salvador de fato” capaz de – miraculosamente – curar todos os males. E é precisamente por ser um “anónimo” que a sua candidatura está hoje em crescendo, especialmente entre os jovens, cansados e desiludidos com as “opções do costume”.
A originalidade da proposta de Jon Jones para Atlanta advém daquilo que oferece aos seus eleitores: propõe construir uma rede de websites, servidores de SMS, linhas telefónicas e aplicações móveis para permitir que os residentes no seu distrito possam participar ativamente no processo legislativo e decisório da sua cidade. Se for eleito, Jones colocara num website a decisão que tem que tomar e pedir voto “sim” ou “não” aos residentes. Depois, consoante a maioria desses votos, assim votara também no “City Council”. Quem não tiver acesso fácil à Internet poderá exercer o seu voto através do envio de mails, de sms ou de chamadas por voz para sistemas automáticos. Obviamente, para que os cidadãos possam votar, têm que se redigir uma versão simplificada das leis que lhes são apresentadas. E há que criar formas que combatam a apatia que parece definir grande parte dos cidadãos, havendo estudos que indicam que formas de democracia direta estimulam os cidadãos a serem mais ativos, informados e participativos.
A proposta de Jon Jones para Atlanta pode contribuir para que o Estado da Georgia deixe de ser aquele que a ONG “Center for Public Integrity” classifica como o pior dos EUA em transparência e aquele onde a corrupção e a má gestão dos recursos públicos são mais intensos. A devolução aos cidadãos da influência nas decisões que lhes dizem respeito, recuperando o sequestro da política pelos políticos profissionais, sem experiência fora da esfera partidária e comungados com os interesses económicos, iria fazer ascender a Georgia nos índices de transparência e corrupção.
Fontes:
http://www.jones4atlanta.com/
http://www.topix.com/atlanta/2013/02/can-direct-democracy-really-work-for-atlanta
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