“No último fim de semana, mais de três milhões de cidadãos italianos fizeram questão de ir a votos e escolher entre cinco possíveis candidatos pelos partidos do centro-esquerda italiano às legislativas do próximo ano. Por cá, semelhante cenário de abertura das escolhas partidárias ao eleitorado em geral é ainda uma miragem. O PS é o partido que mais longe foi ao consagrar, na revisão de Estatutos aprovada já este ano, a hipótese de primárias para a escolha dos candidatos a presidentes de câmara e a deputados. Mas mesmo estas estão circunscritas ao universo de militantes.”
(…)
“Rui Tavares defende as primárias diretas, de que só retira vantagens: “abria-se a política aos cidadãos sem experimentalismo político,obedecer as direções partidárias deixava de ser a única carreira possível; acaba-se com esse grande fator de exclusão em Portugal que é a exclusão política”.
Fonte:
Expresso 1 dezembro 2013
Apesar da multiplicação de Orçamentos Participativos a perto de duas dezenas de municípios portugueses e da existência (muito condicionada) de ferramentas de Democracia Participativa como as Petições, as Iniciativas Legislativas de Cidadãos e os Referendos, a verdade é que a Democracia Participativa ainda não chegou aos Partidos.
E se não chegou, não chegou devido ao fenómeno que melhor carateriza a sociedade portuguesa contemporânea: o Medo. O Medo de inovar, o Medo de Decidir, o Medo de Agir e o Medo de Falar. No caso da partidocracia, temem os partidocratas que a mudança interna nas formas de gestão da vida partidária altere o equilíbrio interno de poderes e influência e que o afluxo de cidadãos aos partidos acabe por repelir os caciques que neles – desde 1976 – se vão alternando.
Mas apesar deste Medo pela mudança, os partidos terão que se abrir à sociedade civil, sair de fora do seu estafado e esgotado círculo de conforto (militantes e funcionários) e abrir as portas aos cidadãos: assim conseguirão renovar as suas próprias hostes com sangue novo, criatividade e inovação e por esta via continuarem ativos numa sociedade cada vez mais exigente.
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