
Diogo Castro e Silva
“O país como um todo vê hoje ainda o talento com desconfiança, o sucesso com inveja e a mediocridade submissa com estima. Sem mudar isto, e para utilizar uma imagem do futebol, teremos sempre, como é lógico, bons jogadores mas falharemos inevitavelmente como equipa.”
Diogo Castro e Silva
16 dezembro 2012
Público
Esta é a matriz católica que permeou toda a nossa cultura desde a Idade Média e que a repressão da Inquisição e do Ultra-catolicismo depois de Dom João III mais não fez que reforçar até ao absurdo. Os portugueses interiorizaram uma aversão ao risco e à diferença que encontra as suas raízes profundas nas perseguições movidas contra todos aqueles que divergissem do padrão católico social aceite, fossem hereges protestantes, judeus ou muçulmanos. Este Medo deixou marcas profundas na alma portuguesa que ainda hoje têm efeitos na suspeição e inveja que automaticamente recai sobre todos aqueles que se destacam da mediania.
Este Medo atávico pela diferença e esta punição (ou falta de prémio) pelo Mérito são as duas razões profundas que explicam porque existem entre nós poucos exemplos de Empreendedorismo e porque é que em Portugal os “grandes” empresários só souberam prosperar na sombra do Estado, um vício católico, que o paternalismo económico do Salazarismo mais não fez senão reforçar e que uma certa visão menor e subalterna da integração europeia levou até a um extremo doentio com a lógica do “bom aluno”, hoje adotada de forma cega e irrefletida pelo Passos-Gasparismo que hoje nos governa.
Tenho a dizer que este artigo não é muito coerente com os sucessivos artigos a atacar as grandes fortunas de famílias portuguesas, nomeadamente algumas com interesses em empresas de distribuição alimentar.
Como é, devemos congratulá-los e promover o aparecimento de novos empresários empreendedores e com vontade de competir com os que já estão no topo ou atacá-los com argumentos falaciosos só porque tiveram sucesso..?
Mas esses “empresarios de sucesso” montaram basicamente… empresas de distribuição. Porque nao ousaram empreender nos setor produtivos? Ai sim, faria falta o seu empreendedorismo.
Empreedorismo seria na Industria na Agricultura e nas Pescas. Que produz riqueza de raiz!
Distribuição de Sucesso é Comercio, algo que quando feito dentro em circuito fechado pode promover alguma riqueza até que causa estagnação, e quando feito de fora para dentro promove pobreza, e que só no caso em que é feita de dentro para fora é que causa riqueza durável!
A Distribuição de Sucesso que temos, sem excepção é dos dois primeiros tipos, há muito que se deixou de promover o último!
Para além disso distribuição e comércio sempre foram actividades de razoável êxito por cá!
“Artes e Ofícios” é que são desde D. Manuel I bem pior!
Ora bem! Neste caso, a aposta doentia na distribuição destruiiu dezenas de milhares de auto-empregos, reduziu a concorrencia e estimulou as importacoes!
O que é certo é que dão emprego a milhares e milhares de portugueses… Ora, venham mas é mais empreendedores destes, seja em que sector for!
Sem duvida! Mas tambem nao tenho duvidas de que em troca desses empregos uma quantidade equivalente de empregos proprios, familiares e secundários se perderam! So no ano passado fecharam perto de seis mil pequenas lojas! Quantas fecharam devido à concorrencia desleal das Grandes Superficies?
Diogo e Silva parece estar falando do Brasil. O que se vê por aqui, muitas vezes, é a repulsa pelo sucesso alheio. Se você progride, é porque roubou; se você continua pobre, é porque foi explorado pelos ricos. Certa vez na catequese da igreja, em que meus filhos preparavam a “primeira comunhão”, um padre disse: ” SE SEUS PAIS TRABALHARAM E COMPRARAM UMA CASA, ELES TÊM VALOR COMO PAIS. MAS SE ELES TÊM DUAS CASAS, ELES TIRARAM A OPORTUNIDADE DE OUTRO TER SUA CASA”. Que podemos fazer com alguém que incute idéias assim em crianças?
É a matriz católica e o denso e profundo trabalho de deformacao de mentes da Inquisição que se propaga ainda nos tempos de hoje nas mentalidades brasileira e portuguesa.
Este tipo de inveja pelo sucesso não se encontra com a mesma intensidade nos países de matriz religiosa Protestante do norte da europa e ai, sim, admito, o fracasso da colonização holandesa do Brasil teve o seu peso…
Por outro lado também os cidadãos não acreditam que o estado é uma pessoa de bem, confiável e estimável e isso já vem desde D. Manuel I.
A ordem de expulsão dos não cristão, (depois de eles terem também ajudado e muito no inicio das Descobertas) seguida do baptismo colectivo à força e de uma moratória de anos para abandonar o Reino, contaminou de vez para todo o sempre o clima de confiança.
De não católicos e de católicos, é desse tempo o aforismo que diz: Nas costas dos outros vejo as minhas!
E de facto, esses traços passados sao comuns na maioria dos países em crise na Europa, com algumas variações locais, nas causaas, sobretudo.
É incrível como os ecos dessas decisões ainda soam hoje…
Claro que ainda soam hoje! Estão na base do nosso atraso, estrutural!
A partir dali, investigação, ideias novas, trabalho planeado e dedicado, investimento sério a longo prazo, nunca mais.
Sacar enquanto se pode: No corso, nas Indias, no Brasil por todo o lado, enquanto dure!
Para quê de outra maneira!?
Nunca se sabe o que é certo e acordado, nem quando o deixa de ser por decreto!
Mas isso mudou em anos recentes (num dos pontos positivos do socretismo): Portugal tem hoje um nivel de doutorados cientificos, uma producao cientifica ao nivel dos melhores da europa. Nao sei numeros recentes (mas serao certamente piores), mas esse bloqueio (o da falta de investimento da I&D) está vencido. Falta agora o empreendedorismo empresarial onde também comecam a surgir exemplos encorajadores, neste contexto de crescimento do setor exportador.
Gostava de saber se este senhor também subiu por mérito. Vejam o currículo dele. Será que os contactos com a política ajudaram ao “mérito”?
Ahn. Sim. De facto, anda ali algum meteorismo… continuara a ter razao nas suas palavras, contudo…
Hipocrisia pura. O que não falta em Portugal… são sempre os que sobem de forma esquisita a falar em mérito.
Pois estavam a mudar estavam.
Mas quando estavam, mandaram a nossa Juventude Preparada não ser piegas e imigrar, bem como às forças vivas do País!
E depois de um contrato com com o Estado por 40 anos, depenaram novos e velhos e destes ultimos esperam que morram depressa, para não dar despesa!
Continuamos como em 1496, e tal como a partir daí, o estado a viver das rendas, do corso dos Fundos ou dos impostos sobre os cidadãos,.
O estado de agora tal como o rei cognominado O Afortunado, não mais que tristes Pomposos sem visão de Estado!
Dom Manuel foi alias a primeira bancarrota portuguesa… sim, ha muitos paralelismos: um certo novoriquismo, uma aversao pela producao e uma paixao pelo trafico, um gosto desmesurado pelo Luxop, um problema cronico de elites e de falta de empreendedorismo empresarial… caramba! As semelhancas sao mesmo bastantes!