
A situação atual:
Todos os dias, dezenas de lojas de comércio tradicional fecham as portas. Nos últimos dois anos, mais de dez mil pequenas lojas abriram falência e isto depois de uma tenaz resistência numa economia em estagnação desde 2001, há mais de dez anos! Resistiram a quase tudo, menos a este fanatismo austeritário Passos-Gaspariano que está a arrasar todo um país em prol dos Grandes Interesses dos especuladores e dos financeiros dos países do norte. Pressionados por todas as frentes: enorme aumento do IVA (77% na restauração, num só ano!), pela redução do consumo e por um aumento generalizado e descontrolado da carga fiscal, as PMEs comerciais, lojas, sapateiros, restaurantes, mercearias, abrem falência umas atrás das outras, enquanto que os gigantes monstruosos do retalho continuam a pagar impostos na Holanda e a estrangularem a produção nacional com preços monopolistas e abaixo do preço de custo.
As Grandes Superfícies:
Condicionados por milhões de euros gastas em publicidade mais ou menos agressiva, sempre subliminar, sempre omnipresente e manipulado, as Grandes Superfícies destroem todo o tecido comercial que as rodeia. Autênticos eucaliptos em pinhal de pinheiro manso, consomem toda a água e devoram toda a riqueza, enriquecendo os cofres do Estado holandês, enquanto esmifram o consumidor nacional com preços monopolistas. Usando o comodismo e o epicurismo que carateriza os tempos modernos, agregam nos mesmos espaços, superfícies de restauração, cafés e lojas, todas esmagadas por rendas especulativas pagas às mesmas corporações que operam os hipermercados que destroem o pequeno comércio.
As Razões da Crise do Pequeno Comércio:
As autarquias terão que assumir muita da responsabilidade pela proliferação de Grandes Superfícies e pelo desemprego que geraram entre o Pequeno Comércio: autorizaram demais e exigindo contrapartidas de menos. A quebra do poder de compra (que em alguns indicadores se aproxima hoje de meados da década de 1990), o desemprego galopante e os múltiplos dumpings que as Grandes Superfícies exercem sobre os comerciantes independentes fizeram o resto: o desemprego, a perda de riqueza intensificaram-se com estes milhares de falências, num ciclo vicioso de feeedback que não parece ter fim.
Soluções:
O destino do Pequeno Comércio é inevitável? Nada há a fazer para travar um processo acelerado de extinção que parece ter-se acelerado nos últimos anos? Sim. Há formas de tornar a dinamizar o Pequeno Comércio e de combater os monstros da distribuição. Desde logo, as Autarquias têm de parar com autorizações para novos hipermercados; depois, o Estado tem ser vigilante, ativo e severo na aplicação de multas pesadas contra monopólios e dumpings. A fiscalidade deve ser ajustada à escala dos operadores e as fugas ao fisco registadas pelos grandes operadores têm que ser socialmente e publicamente reprovadas, assumindo os cidadãos um papel decisivo de Consumidores Conscientes e não de meros agentes passivos de gigantescas e alienantes campanhas de marketing.
Mas as Pequenas Superfícies também devem encontrar a sabedoria para se adaptarem e resistirem ao curso dos tempos: a modernização é crucial e o Estado deve criar mecanismos fiscais (sem subsídio-dependências) que a propiciem. O PROCOM deve ser expandido e continuado muito para além do seu âmbito atual. Paralelamente, o Pequeno Comércio tem que se focar no atendimento personalizado, fidelizando clientela com promoções personalizadas, facilidades de pagamento e descontos. As associações do ramo devem promover formações nesta área e promover a criação de centrais de compras e de serviços comuns que pela economia de escala possam concorrer com as Grandes Superfícies. O Estado deve criar mecanismos que convidem a Banca a criar linhas de crédito comercial baixas e comportáveis que financiem a renovação do pequeno comércio e a sua integração em cooperativas de serviços, publicidade e de compras.
Porque defender o Pequeno Comércio?
O Pequeno Comércio tem um papel muito importante na distribuição de rendimentos nas sociedades e a sua progressiva erosão é uma das causas para o agravamento da separação entre altos e baixos rendimentos em Portugal (hoje, o país mais desigual da OCDE). O Pequeno Comércio é também um importante elemento do comercio interno, das economias locais e do Emprego.
O Futuro:
Não faltam os profetas da desgraça que condenam o Pequeno Comércio à extinção. Mas ainda é possível reverter o curso descendente: promovendo o Consumo Consciente, através de consumidores mais informadores, civicamente capacitados e dispostos a reduzirem um pouco a sua pegada de consumo em troca de preços um pouco mais altos que os praticados nas grandes superfícies.
A promoção do conceito de Consumidor Consciente é importante, mas não chega. A grande aposta tem que feita na criação de Cooperativas de abastecimento exclusivo dos pequenos comerciantes. Capacitadas para comprarem diretamente ao produtor, dispensando a intermediação que hoje onera os preços, sem acrescentar valor, estas cooperativas seriam capazes de pagar preços justos aos produtores e de permitirem um consumo local dos produtos localmente produzidos.
http://www.facebook.com/?q=#/CampanhaVamosAjudarPortugal
Comentários Recentes