Existe hoje uma clara crise de representatividade da democracia no Ocidente e, em particular, em Portugal. Os políticos são sufragados por um número decrescente de eleitores e a distância entre eleitos e eleitores está na direta razão dessa grave crise de representatividade.
Tradicionalmente, os cidadãos encontram nos partidos políticos a expressão para as suas aspirações e mundo-visões particulares. Mas os partidos políticos da atualidade foram sequestrados por Interesses (raramente transparentes, quase sempre opacos) que buscam em troca do apoio financeiro de curto prazo (nas campanhas eleitorais) elevados retornos de médio e longo prazo (PPPs, ajustes diretos, contratos generosos, privatizações, etc). Se os partidos enquanto forma de expressão de cidadania ativa estão em crise, então urge encontrar e ativar formas ativas de expressão dessa cidadania ativa de que tanto carece hoje a Sociedade Civil portuguesa.
Sejamos claros: os partidos políticos continuam sendo uma das mais plenas e adequadas vias de expressão da capacidade política de cada cidadão, mas a sua crise atual implica que todos devemos eleger a renovação e a dinamização dos partidos como uma prioridade. A par desta imperativa regeneração devem ser encontradas outras formas de expressão de cidadania: deputados independentes à Assembleia da República, simplificação das condições de acesso a uma candidatura presidencial, abertura do poder local à ação direta dos membros da comunidade, estímulos à vida associativa, amplificação dos âmbitos e competências dos orçamentos participativos e, naturalmente, capacitação de uma das formas mais antigas mas mais menosprezadas formas de expressão cidadã: as petições públicas.
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