Se existe algo que é particularmente chocante na presente crise financeira europeia é o facto de os países do sul – a braços com problemas muito semelhantes – não estarem a procurar uma aproximação que busque anular ou equilibrar o predomínio quase imperial da Alemanha e dos seus aliados mais próximos (Holanda, Finlândia e Áustria). Na verdade, contudo, alguns passos tímidos têm sido dados nessa direção…
Recentemente, em meados de setembro, realizaram-se alguns encontros em Roma entre líderes dos países do sul da Europa. O objetivo era precisamente o de apurarem formas comuns de resposta à crise do euro que os assola a todos, fora do tradicional e “neoimperialista” eixo franco-alemão (dominado pela Alemanha) e dos seus fiéis acólitos do trio Holanda-Finlândia-Áustria. De concreto, ainda não transpirou nada… Mas algo é já certo: apesar de ser um dos países do sul sob intervenção da troika, de ser um país do sul e da semelhança entre as suas dificuldades económicas e financeiras, Portugal não foi convidado a estar presente.
Este afastamento de Portugal e da sua diplomacia deste embrião de um “eixo do sul” representa um falhanço rotundo e de largos efeitos potenciais para o nosso país. Pouco ou nada nos liga aos interesses da Alemanha, país com que Passos e Portas decidiram alinhar a nossa diplomacia económica e muito nos une a Espanha, Itália, Grécia e Chipre. Mas não aparecemos ao lado destes nossos aliados naturais e sim junto aos países credores e industrializados do norte europeu. Se isto não é dislexia diplomática, então não sei o que seja… ainda que possa ser também um complexo de inferioridade recalcado por parte de Passos… tese que não deve ser desprezada.
Vou brincar um pouco: será que temem a “ingenuidade” (bruta e justiceira) do Zé Povinho? vai que ele resolve dar aquele jeitinho português, num momento em que ferve o sangue do descontentamento.
Mas tudo isso vai preparando o terreno. A decepção com a Europa pode nos ajudar a voltarmos para o grande Portugal que são as nações lusófonas e procurar aí o seu apoio e fortalecimento.
(Como sabe e minha esperança)
E a minha. Infelizmente, nao vejo que esses tempos tenham ainda chegado ou que estejamos (todos) preparados para tal. Em teoria, haveria ainda que realizar muito trabalho de preparacao de mentes. Em Portugal, mas ainda mais no Brasil, onde o sentimento pro-lusofono ainda é mais minoritario!
Mas talvez a crise tenha esse efeito acelerador.
Creio que agora houve uma reunião em Malta 5+5, cinco países do sul da Europa, Portugal, Espanha, Itália, França e Malta com cinco países no norte de África, penso que Portugal não deve ir mais em cantigas, este rearranjo apenas visa favorecer Espanha, França e Itália e nomeadamente o seu sector exportador, Portugal não vai ganhar com isso, devemos seguir o nosso caminho natural, voltar mundo em geral e em particular ao lusófono.