“Nos últimas semanas entraram malas de dinheiro em Portugal. Dinheiro que havia saído ilegalmente, passou por cá, foi amnistiado, pagou imposto e voltou, quase todo, a sair.”(…) “Com esta amnistia fiscal, mais de 2,7 mil milhões de capitais que tinham fugido ilegalmente de Portugal vieram, nas últimas semanas, absolver-se de culpa” (…) “O Estado abdicou da entrada dos capitais, bastou-lhe cobrar um imposto de 7,5% sobre o capital legalizado. A receita ultrapassou os 200 milhões. O Governo fará disto um sucesso. É o imposto do branqueamento legal.” (…) “Uma das razões para esta amnistia ter sido tão lucrativa foi o facto de o dinheiro não ter de ficar em Portugal, viajou num vaivém.”
Fonte:
Pedro Santos Guerreiro, Jornal de Negócios 7 de agosto de 2012
A ver se percebo: esta quantia imensa de dinheiro, cerca de 1,5% do PIB (!) proveniente de negócios mais ou menos confessáveis e desviada toda ela para Paraísos Fiscais para fora da nossa economia, entrou, as verbas foram “legalizadas” sem que houvesse qualquer investigação sobre a sua proveniência e – a troco de 200 milhões – tornaram certamente a sair, até à próxima amnistia onde se irão certamente juntar depois outros milhões desviados da economia nacional, tão carente de capital e investimento, como está, nos próximos meses.
De permeio o Governo prescindiu para sempre de investigar estas operações mafiosas, este crime massivo e moralmente abjeto cometido por parte dos mais ricos, enquanto simultaneamente mantêm pensões de miséria, corta subsídios, paga subsídios a menos de metade dos desempregados e cancela abonos de família. Governar não é só Cobrar, é agir moralmente e com decência e isto é apenas gerir circunstancialmente e tendo em vista objetivos fiscais de muito curto prazo. Ainda se ao menos houvesse nesta amnistia o compromisso desta fortuna ter sido investida na economia real, em Portugal, no setor transaccionável, poderíamos perdoar esta imoralidade e indecência (sem contar com os crimes que estão provavelmente por detrás da maioria destas fortunas), mas compensar este “perdão” com emprego e riqueza, num autêntico “pacote de estímulo” keynesiano de que muito precisa o país. Mas não. Sem imaginação nem ousadia optou-se pela solução mais fácil… com grave prejuízo de Portugal.
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