“Formula-se hoje a rigorosa hipótese que é no homem dolménico que radicam os valores espirituais que ainda nos motivam. A ideia da imortalidade, de uma vida para além da vida, certamente a mais rica das consequências que a condição humana concebeu, terá sido ele que a teve pela primeira vez. O que o levou a construir sepulcros onde os mortos esperavam pela ressurreição, rodeados dos seus objetos familiares e até de alimento. Nessa ótica as pirâmides do Egito não são mais do que mamoas evoluídas, com a mesma função e significação: ventres de um segundo nascimento.”
Miguel Torga
É no Neolítico, a partir do Homem de Neanderthal que encontramos as primeiras expressões funerárias da crença na vida num Além. Será com essa civilização dolménica, que teve no noroeste peninsular o seu epicentro, que surge no Ocidente essa ligação da vida no além e um testemunho físico e material na forma de um “templo” ou local sagrado de ligação entre o Homem e a Transcendência.
É curioso – mas sintomático – que seja precisamente dos dois extremos da Europa que brotam as duas maiores matrizes religiosas da cultura europeia: a oriente, via Grécia, pela Filosofia, Ciência e Sistema democrático. A Ocidente, via o Megalitismo do Noroeste Peninsular (Portugal e Galiza) a crença na vida para além da morte. Curiosamente, também, a Europa central e nortenha, barbara, nos momentos em que se esses dois faróis extremos mais brilhavam, revela agora uma arrogância e sobranceria que têm tantos de ignorantes como de ingrata.
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