A CPLP deve ser a antecâmara para uma União (ou Comunidade) Lusófona. Já o defendemos aqui e esse é um dos principais desígnios estratégicos defendidos pelo MIL: Movimento Internacional Lusófono desde os seus primeiros momentos.
Mas a União Lusófona não se fará amanha… Um projeto de tamanho espetro e ambição irá requerer uma longa e dura caminhada até chegar ao momento da concretização… Por isso devemos que a CPLP deve reorganizar-se, receber um reforço de competências e financiamento, alavancando a sua transição para um novo patamar de ação a que chamámos 2.1 (numa alusão a um outro artigo de nossa lavra).
Esta CPLP 2.1 poderia começar pelo estabelecimento de acordos bilaterais, negociados no seio das instituições e com o beneplácito da CPLP em determinadas áreas vitais:
1. Energia
A partir do conhecimento existente em Portugal no campo das energias renováveis, campo tecnológico onde Portugal se encontra na vanguarda mundial, seria possível criar uma “fundação lusófona de energia” para partilhar esse conhecimento entre os países da comunidade, através de fóruns, comunicações e formação comum. Projetos inovadores poderiam ser financiados em grupo, por exemplo em África.
2. Justiça e Corrupção
No quadro da CPLP poder-se-ia criar um mecanismo automático de extradição, de partilha direta de dados policiais e de agilização da investigação de casos de corrupção. Países com menos recursos humanos e policiais poderiam beneficiar igualmente dos países (como Brasil e Portugal) que mais recursos têm nestas áreas.
3. Desburocratização
Toda a burocracia que atrasa e bloqueia a instalação e funcionamento de empresas lusófonas e que agem como travão à instalação e operação de empresas lusófonas em países da CPLP devem ser simplificadas e tanto quanto o possível uniformizadas.
4. Fiscalidade
Em todos os países da CPLP devia existir o mesmo regime de IRC e IRS. A isencao de dupla tributação devia ser uma consequência necessária da presença de um pais na comunidade lusófona com o objetivo de favorecer investimentos cruzados e multiplicar as relações económicas entre os países da Lusofonia.
4. Desporto
No campo desportivo deviam multiplicar-se os estágios e centros de formação e intercâmbio comuns preparando a presença comum numa única equipa multinacional em provas mundiais como os Jogos Olímpicos ou competições regionais.
5. Defesa
O trabalho já realizado com grande sucesso no âmbitos dos exercícios conjuntos “Felino” devia ser aprofundado através da constituição da “força lusófona de manutenção de paz” cuja defesa o MIL escolheu como uma das suas primeiras posições públicas. Esta força multinacional poderia ser usada em situações de crise no espaço lusófono ou fora dele e servir de espinha dorsal a missões mais permanentes como a reforma do exercito guineense, o patrulhamento das aguas territoriais de Cabo Verde ou a pacificação de Timor Leste.
6. Educação
A formação profissional e os percursos académicos devem ser uma das maiores e mais urgentes prioridades da CPLP. Currículos compatíveis e comummente aceites devem ser implementados, numa espécie de “Bolonha lusófona” que assegure o reconhecimento automático de todas as licenciaturas por intermédio de um exame único realizado pela Internet e avaliado por uma comissão multinacional de peritos.
7. Investigação
A investigação cientifica e a interligação universitária deve ser uma prioridade absoluta. As sinergias podem ser tremendas e a integração de varias universidades (angolanas, brasileiras e portuguesas, por exemplo) podem permitir a aquisição ou o financiamento de equipamentos não estariam ao alcance destas entidades, isoladamente consideradas.
Avançando simultaneamente nestas sete frentes, ambiciosas mas alcançáveis sem grandes investimentos ou alterações estruturais, quase desprovidas de polémica e sem exigirem financiamentos intensos ou de longo prazo, é possível alavancar o progresso da CPLP até um novo patamar em que esta comunidade seja mais operativa e útil para os cidadãos lusófonos que o constructo abstrato e quase somente diplomático que conhecemos hoje. Esta será a “CPLP 2.0” que poderá ser a antecâmara para a União Lusófona que é o maior desígnio do MIL: Movimento Internacional Lusófono.
Eu penso numa união lusofuna ou comunidade de paises lusofunos.Não por causa da crise que estamos a passar em Portugal mas sim porque a europa nunca foi o nosso caminho.Mesmo antes da cee já pensava que europa era uma mentira.E o hoje mais que nunca ela me deu razão.Vai demorar o seu tempo talvez tempo demais para alguns a poderem ver.Mas vale apena continuar a lutar por ela.
Mas hoje vivemos numa epoca de tempo rapido em que os fenomenos sociais e politicos se desenvolvem a uma velocidade inedita. Tudo pode acontecer e quando acontece, acontece muito mais rapido. Esperemos é que aconteca para melhor, o que no presente contexto é infelizmente altamente duvidoso.
Gostei da expressão “CPLP 2.0”. 🙂
🙂 obrigado, resta saber se a CPLP que temos hoje merece mesmo a designacao de… “1.0” ou se não estará ainda no estádio “0.0”…