Esta igreja inclusa no caminho português dos peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela foi precedida por uma ermida fundada em 1151 pelo sacerdote Pedro Dias. Foi este presbítero que converteu a igreja num pequeno mosteiro tendo sido a capela-mor erguida em sua vida e a menor nos começos do século XIII.
No tímpano, surge um bispo mitrado. Julga-se que poderá ser Santo Agostinho, uma vez que os monges seguiam essa regra. Mas poderá ser também um bispo hermético, como sugere Dalila Pereira da Costa. Poderá tratar-se de um iniciador, rodeado de dois iniciados, já que os seus acompanhantes apresentam em relação a este uma estatura inferior. Todos tem uma cabeça amendoada, o que é uma alusão à sua natureza crística. Um segura um Livro Aberto (a Natureza ou o conhecimento Exotérico), o outro tem orelhas (que são omissas no primeiro), como para levar quem observa a cena a perceber que à direita (o lado favorecido) escuta a sabedoria do “bispo” ou iniciador. Sob esta cena, alguém segura um crescente lunar, signo do lado feminino da matéria. À esquerda, encontramos um símbolo solar que contrasta com o lunar e o completa, encerrando assim o ciclo masculino-feminino da Alquimia natural. Ainda no interior do tímpano, um Agnus Dei invoca uma possível influencia templária no templo de Rio Mau…
O tímpano do portal norte exibe dois animais fantásticos: um grifo ao lado de um animal bípede e alado. Na capela-mor encontramos vários símbolos, desde um soldado com escudo e espada, passando por um par de soldados ou monges em que um tem tem a mão sobre o coração e o outro não tem barba nem cabelo. Sobre os capitéis que guardam estes ricos símbolos uma decoração de quadrados recorda o motivo do xadrez que se encontram em muitos templos de origem ou inspiração templária.
Numa das esquinas da capela-mor umas mãos seguram, elevando, uma cabeça, o que faz lembrar na Baphomet, uma misteriosa cabeça (dizem alguns que de João, o Baptista).
Fonte:
Lugares Inesquecíveis de Portugal
Paulo Loução
Eranos
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