“O perigo que, na presente crise, corre Portugal é de alto risco, pode mesmo pensar-se que é de morte. Para o ultrapassar, os Partidos do arco do governo assinaram com o triângulo Fundo Monetário Internacional / Comissão Europeia / Banco Central Europeu um acordo de assistência financeira a Portugal que só por si implica um vasto espaço de perda de soberania, com ameaças reais de perda maior, mesmo de bancarrota, finalmente de colapso do Estado.
Dos Governos dos Estados integrantes da CPLP vieram algumas palavras de simpatia e apoio, mas a verdade é que a CPLP não entra na equação do plano de recuperação de Portugal, nem se fala nela com algum sentido de futuro.”
(…)
“Ora só no quadro vital da CPLP – espiritual, cultural, social, político, económico, financeiro – Portugal pode ser e existir como um ator histórico relevante, com uma missão transcendente a cumprir. “
(…)
“A Europa não é o nosso futuro. A Europa é cada vez mais o nosso sepulcro, o nosso jazigo. A Europa prospera e impante (rica, como eles dizem…) vive de recursos que Portugal lhe propiciou com os Descobrimentos marítimos. A Europa pensante e (duvidosamente) racional, que tem vindo a apunhalar a Grécia, vive da Razão com que precisamente a Helade iluminou o Mundo.”
Manuel Ferreira Patrício
Nos Próximos cem anos, a CPLP será ou Portugal não será
Nova Águia, número 8
A continuação na Europa e do processo de aprofundamento da íntegra europeia só pode trazer para Portugal, a prazo, a sua dissolução numa entidade supra-nacional, burocratizada e completamente dominada pelos interesses dos povos do norte da Europa. A via atual – de austeridade, recessão e desemprego galopante – vai levar ou a cisão da União Europeia em duas “europas”, a dos ricos e a dos pobres, ou à sua “federalizarão” ademocrática, tecnocrática e ferozmente liberal e germanófila. Portugal, para sobreviver, tem que sair deste pesadelo e procurar trilhar o seu próprio caminho.
Não advogo a saída imediata da União Europeia, mas o país precisa de tomar uma atitude mais forte e autónoma não somente nas decisões tomadas na Europa e nas instituições europeias, adotando uma posição de viva oposição sempre que os interesses nacionais sejam seriamente lesados, repelindo de vez aquela patética atitude do “bom aluno” que nos caraterizou durante os negros anos do Cavaquismo, enquanto a europa arquitetava e executava uma bem pensada estratégia de tercialização da nossa economia. Portugal não deve “sair” da Europa. De resto, somos e seremos sempre europeus e aquilo que a Europa é hoje deve muito ao património histórico e cultural português, pelo que o interesse maior em que Portugal não “saia” da Europa é (ou deve ser) mais europeu que luso. Mas Portugal não deve rejeitar outras abordagens, laterais e paralelas, ao processo de integração europeia. Em particular deve reconstruir a sua economia, recentrando no Local, aquilo que o Global levou para fora de fronteiras nas últimas décadas e deve aproveitar os laços privilegiados que mantêm com os países da Lusofonia para usando essas sinergias reconstruir um setor produtivo fortemente afetado por um processo de integração europeia que em certos aspetos fui negativo para Portugal.
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