O atual andamento da crise guineense aponta claramente numa direção: a CPLP que inicialmente liderava a oposição internacional aos golpistas perdeu esta iniciativa para a CEDEAO. Para sermos inteiramente justos, esta alteração deve mais aos méritos da CEDEAO que aos deméritos da CPLP… o presidente em exercício desta organização regional tem uma postura claramente mais interventiva que o seu antecessor, sobretudo porque é da Costa do Marfim, país que no passado pediu uma intervenção do braço armado da CEDEAO, a ECOWAS, sem, na altura o obter. Agora, aplica de novo a mesma visão, e bem. A CPLP que começou bem, no campo diplomático, não foi capaz de passar aos atos pela ausência de um braço militar equivalente à ECOWAS… organização cronicamente formalista e “diplomática” no mau sentido (castrador) da palavra, a CPLP deixou-se ultrapassar e isto apesar de dois dos seus países terem meios muito consideráveis no país, nitidamente superiores aos 600 que a organização regional vai agora enviar.
Atualmente, a única opção que resta à CPLP é procurar integrar as suas forças na região com asa da CEDEAO. Corresponde ao melhor interesse dos guineenses ver ocorrer esta integração, já que os golpistas parecem ver com bons olhos a força regional (quer porque não acreditam na sua capacidade, quer porque acham que a podem manipular). A inclusão de forças angolanas (tidas como próximas do governo legítimo) e portugueses (tidas como próximas das angolanas) moderaria esse “espírito vitorioso” por parte dos golpistas e contribuiria para o restabelecimento da legalidade constitucional neste país lusófono.
Fonte:
http://noticias.sapo.tl/portugues/lusa/artigo/14223969.html
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