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“A receita da austeridade obsessiva deu já resultados, nomeadamente, o default grego. E Portugal é o senhor que se segue, dado que mais tarde ou mais cedo terá que reestruturar a sua dívida e avançar com novo pedido de resgate. Como se não bastassem já as históricas taxas de desemprego, deveríamos também questionar os Governos quanto à razão por que insistem numa política que nega um futuro às gerações mais novas, onde o desemprego ronda os 35%. Noutros tempos este números fariam cair qualquer Governo. Não! As coisas não estão OK. Apenas se adiou o inevitável! Revoltantemente, a cimeira do emprego da UE, tendo e, perspetiva promover o emprego, foi um flop. “
Vivemos uma autêntica “paz podre” social. Os números de desemprego na Europa alcançam valores socialmente incomportáveis e apenas a existência de sociedades civicamente entorpecidas por doses massivas de manipulação mediática e por sistemas democráticos e participativos cada vez mais fechados e ritualizados explicam porque não está hoje a Europa em chamas.
Mas esta “paz podre” pode estar a viver hoje os seus últimos dias. Os níveis de desemprego jovem estão a ser absorvidos pelo prolongamento absurdo das carreiras académicas e pelas famílias, que acolhem hoje os jovens para além de tudo aquilo que seria razoável, não sendo hoje raros os casos de jovens de 40 anos que permanecem em casa dos progenitores e constituem até família nestas novas “casas alargadas”. Mas o desemprego crescente (e crónico) acima dos 45 anos está a corroer a base económica destas “famílias alargadas” e não faltara muito tempo até que estas estejam de tal modo bloqueadas que não poderão mais assumir esse papel de “almofada social” para este desemprego jovem cada vez maior e mais esmagador. Quando isso acontecer: estarão criadas as condições para a erupção de um nível de conflitualidade social inédito no continente europeu.
Fonte:
Domingos Ferreira
Público 14 de março de 2012
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