O saldo da balança corrente portuguesa tem-se degradado desde 2003. Em 2005, muito particularmente, o aumento dos preços de petróleo fez deteriorar os termos de troca. A competitividade externa das nossas exportações também não tem parado de cair, parcialmente devido à subida dos custos unitários associados ao Trabalho. Em 2004, o Euro2004 melhorou o saldo da balança de serviços, mas no ano seguinte a Balança Corrente tornaria a agravar-se com o crescimento das importações dos serviços de turismo a terem crescido acima das exportações.
A partir de 2004, o saldo das remessas de emigrantes/imigrantes diminui e reduzem-se as entradas de fundos da União Europeia, quer correntes, quer de capital. O FEDER, em particular cai 20 por cento.
A Balança Financeira, por seu lado, em 2004 registou uma entrada líquida de fundos de 8.8 por cento do PIB (6.4 por cento em 2002), o que refletiu um aumento das necessidades portuguesas de financiamento externo. Este aumento das necessidades foi provocado pelo crescimento do défice global das administrações públicas e de maiores necessidades de financiamento do setor privado não financeiro. Note-se, que neste período houve um grande aumento da compra de títulos da divida portuguesa por parte de não residentes.
A posição devedora líquida da economia nacional face ao exterior aumentou e em 2005 era de 64.3 por cento do PIB. Note-se que em 1996 era de apenas 9.6 por cento. O aumento do endividamento externo decorreu das facilidades de financiamento advindas da presença no mercado monetário europeu da moeda única.
Tudo tem a ver da forma como vemos o objectivo ou se há de facto objectivo que aos dias de hoje não há.
Neste momento existe um atraso de desenvolvimento entre Portugal e o mais desenvolvido da Europa a Alemanha se analisar-mos pelo prisma de balança corrente de cerca entre 30 a 50 anos, não interessa agora os porquês.
Mas o principal foi o de falta de objectivo estratégico, sem deliniar o objectivo claramente um país não sabe quais os sectores estratégicos onde apostar e arrisca-se a desperdiçar onde não é necessário o que de facto veio a acontecer.
Está claro como a água que não podemos competir com países cujos os custos de produção são mais baixos que os nossos, devido a exploração de mão de obra infantil e que estão no mercado não cumprindo as regras de concorrência nomeadamente nos direitos dos trabalhadores.
A nossa saída passa sempre pela inovação e tecnologia aplicada aos nossos produtos tradicionais e que somos bons e a produtos novos que o mercado necessite.
Ora para essa tarefa é preciso duas coisas, investimento e classe empresarial que esteja embuída desses princípios, curiosamente não é pela primeira que não iremos lá é pela segunda, ou seja não temos tradição de classe empresarial que inove ou aposte na inovação ou não experimentação de novas situações e novos produtos, vê-se pela quantidade diminuta de patentes nacionais registadadas na patente europeia e internacional, ou seja quase nula.
As únicas situações onde se vislumbra algo de inovador é na investigação científica mas são um caso aparte porque de uma maneira geral não beneficiam a nossa indústria, ou porque não há quem aposte e lá está a falta da tal classe empresarial ou porque os investigadores se servem dessas descobertas apenas para ganhar fama e profeito expondo em publicações científicas para que entrem no “mercado de transferências” do saber para uma outra instituição que tenha mecenas para continuarem a financiar o seu estudo, ou seja acaba por essa investigação e no caso português concretamente, ser uma situação individual e egoísta e não uma investigação ao serviço do colectivo do desenvolvimento do país como deveria ser.
Portanto e mais uma vez caberia à classe política alinhavar e traçar soluções definitivas para colmatar a grande falta de empresariado com calibre suficiente para pôr o país na rota definitiva do desenvolvimento.
Ora quando um país se predispõe a tal meta a primeira coisa que tem de chegar à conclusão é de que não pode ir caçar com gato, ou seja verificar se Portugal tem condições para captar os melhores nacionais e estrangeiros para essa demanda, a realidade e não é de agora diz-nos que não tem mas poderá vir a ter.
A segunda coisa que se deve observar logo de imediato é de quem teve sucesso ou está a ter sucesso na implementação desses objectivos, facilmente se verifica que é a Alemanha.
Então a solução está mesmo lá, passo a explicar, em vez de andarmos a gastas somas astronómicas em financiamentos de projectos que nunca arracam ou de empresas que estão condenadas ao fracasso porque justamente não aplicaram nem aplicam os princípios básicos da inovação, teremos que fazer como os chineses mas aplicado a esta situação.
Os chineses há uns anos atrás quando não tinha nem sabia inovar tecnologicamente, compravam produtos tecnologicamente avançados aos países que os produziam, excepto os EUA claro, casos da Alemanha e do Japão, e depois os seus técnicos perdiam pacientemente tempo a desmontar e voltar a montar, quantas vezes as necessárias até conseguirem fazer uma cópia igual ou melhor.
Aplicando isto ao nosso objectivo quer dizer simplesmente o seguinte; o governo tem de criar uma entidade por exemplo usando a CGD que esteja vocacionada estritamente para investimento de alto nível, ou seja investimento para comprar empresas na Alemanha, parece absurdo mas não é.
Financiando a compra de pequenas e médias empresas alemãs por grupos nacionais, conseguiriamos a médio prazo a criação no nosso próprio país de empresários não alemães mas sim de portuguses com o know-how necessário para que Portugal desse um salto de 30 anos em apenas 5.
Teriam que ser empresas de alto nível tecnológico e que não sendo multinacionais alemãs, tivessem a exportar para a Europa, toda a estrutura da empresa se manteria alemã para que os portugueses que se fossem entrosando lentamente na estrutura pudessem aprender de facto como se processa todo o processo evolutivo, é bom lembrar que as empresas alemãs que estão em Portugal só fazem aqui a montagem e subcontratam o mais simples.
As vantagens seriam enormes além de estarmos a aprender de facto, poderíamos pôr produtos directamente de Portugal para essas empresas utilizarem, posteriormente essas empresas seriam satélites de empresas que se criariam aqui para, ou seja poderíamos estabelecer um grande entreposto na Alemanha por via dessas empresas compradas que por sua vez exportavam para toda a Europa, e depois criaríamos aqui em Portugal uma duplicação mas para exportar a mesma marca para todo o mundo.
Com isto Portugal não estaría já dependente da Espanha para circular os produtos para a Europa, por uma simples razão já estaríamos bem no centro do coração da Europa.
Mas o país até “soube” onde apostar… havia uma estratégia, apoiada pela Europa e pelos gurus que nos diziam para apostar nas autoestradas (para reduzir os custos perifericos) e para abater os setores agricola, industrial e pesqueiro, que eram reputadamente pouco eficientes ou menos que os de outros paises europeus. A nos restava o papel de pais de servicos (comercio, banca, seguros e sobretudo, turismo).
Foi este o modelo do “cavaquismo” oficialmente assumido como “bom”, defendido quase unanimente ate ha pouco menos de uma decada e grande responsavel pelo imenso defice da balanca de pagamentos que agora cresce sem parar, ano após ano.