“A intenção pode ser a melhor. Acredita-se que sim. Que o é, e que o diz com convicção. Mas, ouvir Eduardo Catroga dizer que “as famílias e as empresas portuguesas não aguentam mais impostos”, ao mesmo tempo que se sabe que vai auferir 40 mil euros na EDP que acumulará com a pensão de nove mil euros, da qual não abdica! Provoca urticária. O povo classificaria isto como “falar de barriga cheia”. Reaproveitando uma expressão de Catroga, numa entrevista à RTP dir-se-ia que é uma questão de “consciência mental”. Ou será moral?”
Celso Filipe
Jornal de Negócios 13 de janeiro de 2012
A Grande crise portuguesa não é a crise económica e financeira. É a crise moral que impele muitos “fura vidas” a recorrerem à corrupção para fazer rapidamente fortuna, que leva outros a lamuriarem-se das suas reformas milionárias do Banco de Portugal, outros ainda a desinvestirem no seu próprio pais e a fugirem para a Holanda.
Em época de grave crise financeira deveria haver contenção por parte daqueles que merecem o foco mediático: devem estes (como Catroga) que aquilo que dizem um dia, em defesa da “austeridade”, como Cavaco ou o Governador do Banco de Portugal, pode e deve ser recordado mais tarde. E este abismo ético entre dizer e fazer demole a capacidade de qualquer Governo para fazer exercer a sua política sobre o país. Especialmente quando este abismo vem de pessoas tão ligadas ao governo como Catroga.
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