
Afonso Costa (http://www.republica2010.com)
“Portugal não precisa de intervenção estrangeira para sanear as suas finanças, e todos os portugueses repulsam o pedido em questão, que corresponderia a uma declaração de incapacidade e impotência e que afetaria a honra nacional.”
Parte de Manifesto da Liga de Paris, 1927
Estranha coincidência… esta frase de um manifesto dos republicanos exilados em França sobre uma tentativa de pedido de empréstimo externo por parte da Ditadura Militar junto da Sociedade das Nações apresenta muitas similitudes com a intervenção atual da Troika FMI/BCE/CE:
1. Então, como hoje, os desmandos governativos haviam criado défices orçamentais insustentáveis que levaram o país até à exaustão financeira e à Bancarrota. No caso da Ditadura foram os excessivos gastos militares, a pesada herança da Grande Guerra e a inabilidade administrativa. Na atualidade, o excesso de gastos públicos, o desnorte governativo, o desinvestimento nos setor produtivos da economia e a moeda forte, cumpriram o mesmo papel.
2. “declaração de incapacidade e impotência e que afetaria a honra nacional”: os efeitos na Moral coletiva de toda a sociedade não foram ainda aferidos. Mas, mesmo se o houvessem já sido, o pleno das suas consequências ainda não seria possível de ser conhecido, já que os efeitos morais, depressivos e desmoralizados que o efetivo regime de protetorado económico e político em que vivemos desde abril de 2011 só a partir de meados de 2012 é terao o pico do seu impacto e que – com toda a probabilidade – só a partir de 2020 poderá Portugal demonstrar algum tipo de crescimento e talvez dispensar esse protetorado sob o qual agora vive. Assim, depois de dez anos de estagnação, seguir-se-ao dez anos de recessão, sendo que neste último período Portugal viverá como se fosse uma efetiva colónia do norte da Europa. Os efeitos na dinâmica económica e moral da sociedade serão tremendos, assim como os danos na nossa capacidade regenerativa para inverter este rumo descendente. A vários títulos, a simples declaração de Bancarrota teria um efeito mais rápido e brutal sob Portugal, mas teria mais condições para uma recuperação mais rápida e assertiva… Mas para tal seria preciso coragem politica e uma firme vontade de independência e autonomia frente à Europa que não existe hoje nas elites políticas nacionais.
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