Não há dúvidas de que Portugal não esteve à altura do que era exigido de si quando retirou de Timor e deixou o povo irmão de Timor à mercê dos invasores javaneses. Mas quando na década de 90 o país inteiro se juntou na defesa inequívoca da causa timorense, Portugal redimiu-se dessa retirada vergonhosa em 1975.
Resulta assim particularmente honroso ouvir o chefe das Forças Armadas de Timor-Leste, general Lere Anan Timur, dizer que Timor deve a Portugal “a transformação de uma guerrilha num exército regular” acrescentando que “foram eles os primeiros a treinar e a instruir os que vieram do mato para se tornarem numa força regular ou numa força profissional”. A declaração foi produzida no contexto da visita do chefe de Estado-Maior do Exército português, general Pinto Ramalho, um sinal de que a cooperação técnico-militar entre Portugal e Timor está de boa saúde e recomenda-se, apesar da influência do vizinho australiano e das atuais dificuldades orçamentais portuguesas.
Timor é um país irmão, com o qual Portugal tem uma ligação emocional muito forte e que apesar da distancia, dos atuais problemas financeiros e da presença intimidante de duas grandes potencias regionais (a Indonésia e a Austrália) tem todo o interesse em continuar a manter ligações estreitas com os países da CPLP. Nação pequena, encastrada entre grandes potencias e com um recurso marítimo valioso (o petróleo do Mar de Timor), o país tem todo o interesse em manter uma rede alargada e distante de alianças diplomáticas e militares que assegurem a sua Defesa, de uma forma que os meios militares locais nunca poderão garantir.
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