“Ocupem Wall Street começou por ser desvalorizado pela imprensa norte-americana. Afinal, eram estudantes que se manifestavam no parque Zucotti; entretanto rebatizado Freedom Plaza, em Nova Iorque, reclamando o perdão de milhares de dólares de propinas. Mas, entretanto, o protesto alastrou e recebeu o apoio de pessoas expulsas de suas casas por não poderem pagar as hipotecas, de desempregados e sindicalistas. O que as une é o rancor contra o sistema financeiro, é o sentimento de que os bancos foram ajudados com o dinheiro dos contribuintes em 2008 para não terem que fechar as portas e agora não estão a fazer a parte que lhes é pedida, financiando a economia e as pequenas e médias empresas. “Sejamos honestos. As pessoas não acreditam que o sistema seja justo”, disse o vice-presidente dos EUA, Joe Binden. É esse sentimento de injustiça que cresce à medida que aumentam as dificuldades no dia a dia dos cidadãos comuns. Até agora, os protestos têm sido pacíficos. Mas se os políticos não tomam medidas para que os sacrifícios sejam bem repartidos por todos; então só se pode esperar que os protestos deem lugar à revolta. Lá como cá.”
Ricardo Costa
Expresso, 8 de outubro de 2011
Os sinais de que a saturação popular contra os rendimentos cada vez mais desproporcionados que os financeiros e banqueiros auferem por comparação com os rendimentos do trabalho e com a legião crescente de desempregados que se espalha cada vez mais depressa pelo Ocidente não param de se multiplicar.
A paciência dos cidadãos está a esgotar-se muito rapidamente e se não fosse a gigantesca e opressiva maquina de manipulação de mentes que são os Media hoje – controlados como estão pelos grandes grupos financeiros – teríamos já revoltas populares descontroladas tomando conta dos maiores países desenvolvidos do mundo. Mas a bovinização das populações tem limites. Estas vagas crescentes de austeridade, despedimentos e desemprego crónicos vão fazer crescer cada vez mais as massas de descontentes com pouco ou nada a perder. Cada novo desesperado que o sistema recruta é um novo potencial militante dos movimentos de indignados que se multiplicam mundo fora.
Esperemos que estes indignados façam valer a sua vontade, desejos e aspirações também nas urnas de voto e que contribuam igualmente para renovar por dentro (militando nos partidos existentes) ou por fora (criando novos partidos). Se se limitarem somente à Rua, arrriscam-se a serem inconsequentes e a desperdiçarem uma energia anímica que falta a esta entorpecida sociedade ocidental. E a darem pretexto para que os poderes económicos instituídos possam reprimir estas expressões sadias e plenas de cidadanias rotulando-as de extremistas” e “inconsequentes”.
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