
Rita Pereira também é mais fotogénica que Vítor Bento (http://www.exposay.com)
“O valor nocional de todos os contratos de derivativos financeiros, incipiente há pouco mais de um quarto de século, equivalia, em junho último, a cerca de 14 vezes o PIB mundial.”
> 14 vezes o PIB mundial! Esta espantosa deriva da economia virtual dos “mercados” resulta em primeiro lugar da virtualização das moedas (depois do abandono do Padrão-Ouro) que levou a uma multiplicação do valor (artificial) dos bens e da facto do “valor” acumulado ao longo de várias bolhas especulativas, a começar pela das “.com” em 2000… Todo este “valor” não desapareceu, mas foi transportado de bolha em bolha até à atual: a Crise da Dívida Soberana.
“Ter-se deixado acumular uma tal situação, completamente desproporcionada, constitui, no mínimo, um desafio ao bom senso regulatório, não podendo por isso surpreender que a sua sustentabilidade acabasse por ser questionada de forma tão estrondosa.”
> Os Bancos centrais no geral e os políticos em particular assumiram aqui culpas de leão… Os governadores dos Bancos – cegos pelo dogma neoliberal da desregulamentação dos Mercados financeiros – ficaram paralisados antes o desnorte absoluto dos Bancos e Especuladores. Pela inação ou incompetência foram culpados e deviam estar hoje a ser julgados… pelo contrário, acabaram promovidos, como Vítor Constâncio, à vice-presidência do BCE!
“Ademais, uma boa parte da pirâmide invertida de ativos financeiros, originais e derivados, constitui-se através de uma encadeada teia de relações cruzadas de direitos de saque de umas instituições sobre as outras, pelo que a quebra de uma instituição ou de uma classe de ativos desta cadeia facilmente arrasta a queda de toda a teia, dando caráter sistémico a muitos problemas que, por natureza, deveriam ser individuais.”
Foi o que sucedeu por exemplo com a AIG que tinha seguros de derivados e créditos subprime que se revelariam sem valor e que quase levaram essa gigantesca seguradora global à falência. Em particular, deixou-se enredar a Banca de Investimentos, com a da Retalho (uma separação que datava da crise de 1924) e permitiu-se a erupção de produtos financeiros abstratos, incompreensíveis e completamente desligados da realidade: os Derivados e os Futuros. As ações deixaram de ser uma forma de as empresas reais, na economia real, se financiarem para passarem a ser constructos abstratos de valorização constante e completamente desligadas do mundo físico.
Urge impor aos mercados financeiros pelo menos as mesmas formas de regulação que existiam em 1990, quando nos EUA estas começaram a ser desmanteladas (por Clinton e Greenspan). Urge proibir Derivados e produtos opacos e de natureza obscura, proibir os Offshores, esses paraísos do Crime e da fuga ao fisco e tornar a dar aos Mercados aquele que é efetivamente o seu papel: o de financiador da Economia Real.
Fonte:
Economia, Moral e Política
Vítor Bento
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