Portugal tem hoje uma das marinhas mercantes mais insignificantes da Europa. Outrora uma das maiores potencias navais, (a quinta até ao século XIX), após a descolonização, Portugal perdeu o essencial da sua capacidade de transporte marítimo própria e hoje terá menos de 13 cargueiros de pequena e média dimensão.
É assim encorajador, ouvir a nova ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, declarar que “o Governo vai revitalizar a marinha mercante em Portugal e promover um registo aligeirado para estes navios.” E que essa revitalização era uma “uma preocupação central da política do Governo”, lamentando o “facto de Portugal ter abandonado e perdido o interesse por esta área da atividade económica”.
Portugal tem realizado um investimento significativo nas últimas décadas no porto europeu de águas mais profundas da Europa, Sines, e recentemente foram assinados vários contratos que tornam Sines num dos eixos da ligação marítima entre o Brasil e a Ásia e a Europa. Sines é, contudo, prejudicada pelo estatuto periférico de Portugal em relação aos mercados do centro e norte da Europa, algo que pode ser compensado quer através da construção de uma linha de TGV de mercadorias que ligasse este porto à rede de TGV espanhola (sem as loucuras de novas travessias do Tejo ou do transporte de passageiros) quer através do investimento na construção de uma marinha mercante de pequeno e médio porte de transporte das mercadorias descarregadas em Sines pelos demais países europeus e construída nos estaleiros nacionais, como os de Peniche ou de Viana do Castelo. O Governo tem assim que simplificar o registo de navios, mas não se pode deixar ficar por aqui, devendo incentivar (fiscalmente e com linhas de crédito) a construção naval mercante nacional e o desenvolvimento do porto de Sines e da sua ligação ferroviária ao norte da Europa.
A estratégia de aposta no Mar está correta. Falta agora mais ambição e meios. E esperar que os nossos “amigos” europeus não a boicotem…
Fonte:
http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=25080
Pondo as coisas de forma simples: não há um chavo para investir numa marinha mercante e tudo o que a ela está associado e não temos comércio que justificasse esse volume. Não temos as instalações apropriadas para renovar uma frota a esse nível. Ou o pessoal qualificado para usar a dita frota e gerir os portos e instalações necessários.
O que nos leva a: isto são declarações de circunstância como todos os governos fazem sobre os sectores primários e secundários, especialmente vindo de uma área populista que vive da aparência de ter algum nacionalismo. Está ao mesmo nível das afirmações de repovoamento e dinamização económica do interior.