
Francisco Sarsfield Cabral (www.publico.pt)
“Há anos receava-se uma UE comandada por um Diretório dos Estados membros de maior peso. Pois o Diretório está aí em descarado funcionamento, constituído por apenas um país, a Alemanha, ainda que apoiado pela Finlândia, Áustria e Holanda nas questões do euro.”
Francisco Sarsfield Cabral
Sol 1 de abril de 2010
Esta não é certamente aquela Europa com que sonharam os pais fundadores. Esta aquela Europa que não teve pudor em vender os seus produtos Nokia, Philips, Audi, BMW, Siemens, etc para os países do sul em troca da concessão de “generosos e abnegados” subsídios pelo abate da frota pesqueira, do arranque de culturas agrícolas e para aceitar a deslocalização de indústrias para o oriente e leste europeu.
Estes germânicos também não exprimiram reservas em emprestar dinheiro aos países periféricos até patamares perfeitamente irrealistas porque os juros cobrados lhes pareciam muito interessantes…
Agora germânicos e nórdicos vêm exigir juros muito superiores à inflação nos seus países para “ajudarem” Portugal. Para se esforçarem em fazer o seu dever que é o de serem solidários para com os seus parceiros europeus em dificuldades os europeus do norte querem juros e lucro.
Portugal hiperconsumiu (por ano gastamos mais 10% do que produzimos) durante quase dez anos e esse hiperconsumismo tem que ser travado. Mas quem emprestou correu riscos e por isso mesmo cobrou juros (crescentes, recentemente…) e lucrou muito com esses empréstimos. A Portugal restam mais opções além de aceitar um protetorado do diretório europeu e deixar que lhe imponham um jugo que o arrastará para uma década de severa recessão e de uma queda brutal do nível de vida. Portugal pode repetir o que fez em 1911 e declarar bancarrota parcial, pagar apenas os juros que são razoáveis pagar (os que os mercados exigiam em 2007) e continuar a existir enquanto país soberano e independente. Ou não, e sujeitar-se a ser uma colónia norte-europeia.
Como vai ser, Portugal?
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