
União Europeia (www.dre.pt)
“A Europa fez de nós um país de caloteiros e agora pede o impossível; que paguemos”
Pedro Tadeu DN de 4.1.2011
De caloteiros, porque pagaram para que destruíssemos o nosso tecido produtivo: a frota abatida em troca de subsídios de “modernização da frota” que não exigiam que as embarcações abatidas fossem substituídas por novas (um erro em que Cavaco Silva, então primeiro-ministro, teve grandes responsabilidades), com o abandono dos mares e a abertura escancarada dos nossos mares às frotas europeias e com idênticas acções na agricultura e na indústria, torná-mo-nos num estéril “país de serviços”.
Mas agora a culpa é dos outros por não termos cuidado do que é nosso? Foi a Europa a responsável pelo endividamento do nosso país? Foi a Europa que deu nos obrigou a assinar todos os tratados existentes até hoje sem qualquer tipo de estudo da matéria? É que eu lembro-me de em sucessivos tratados ter visto a Polónia, a Rép. Checa, a Irlanda, a Dinamarca a fazer finca-pé a várias questões resultantes dos tratados. Nunca vi Portugal fazer o mesmo. Não é a Europa que está mal… quem está dentro da UE, está por vontade própria. O que está mal é continuarmos a ser governados por políticos acéfalos. Políticos que são escolhidos pelas grandes empresas portuguesas para dar uma mãozinha. E nos quais continuam os portugueses a votar que nem gado guiado pelas máquinas de marketing político.
A culpa, meus amigos, não é da Europa, não é dos mercados, não é das agências de rating! A CULPA É NOSSA PORQUE PREFERIMOS FICAR SENTADOS A CRITICAR DO QUE AGIR!
E mesmo o Cavaco voltou a ganhar as eleições , maldito povo este que me obriga a emigrar !!!
O Sócrates pediu demissão. Agora, é esperar os próximos capítulos da novela. 😀
“Quando os países devem e não pagam, ou não podem pagar, sujeitam-se a ser humilhados.
Os alemães sugeriram que os gregos vendessem as lhas deles.
Por enquanto ainda não sugeriram que vendêssemos os Açores ou a Madeira.
No passado, exigiram que vendêssemos Angola ou Moçambique para pagar as dívidas do país.
A nossa ZEE vai ser uma das vítimas…”
sim… mesmo que sem a perda do que já temos, com a perda do que podíamos vir a legitimamente reivindicar
Acho que me devem aqui um comentário!
CP.
Só uma observação. Eu entendi claramente que, quando se diz “Europa”, como nesse comentário, se refere a União Européia. Mas,o uso da expressão “Europa” dessa forma me passa uma sensação de exclusão, como se a Europa fosse outro continente, como se Portugal não fosse integrante do continente europeu.
Sabe de uma coisa que o governo Lula me convenceu, no 1º mandato principalmente? Me convenceu de que eu tinha uma visão equivocada sobre o nível da hegemonia dos EUA sobre o Brasil. Nos dias do 2º mandato do governo FHC, eu praticamente satanizava os EUA.E hoje reconheço que eu estava errado.
Os EUA até hoje (27/03/11) nunca invadiram o Brasil. E o que os EUA fizeram até hoje, foi o que os líderes brasileiros permitiram. Se os líderes do Brasil tivessem optado por “construir a casa sobre a rocha firme” ou seja, usar o capital nacional para construir empresas com tecnologia avançada para suprir todos os setores da economia, como construíram a Petrobrás, a Embraer, a Vale do Rio Doce… em vez de “construir a casa sobre a areia”, ou seja não deixassem cair nas mãos do capital estrangeiro, apenas abrissem o mercado para investidores estrangeiros que, se quisessem, construíssem aqui ao invés de comprar pronto, o Brasil estaria a um nível equivalente ao das economias gigantes do mundo, como EUA, Japão, Alemanha, França, Inglaterra, Itália… e o dinheiro que as multinacionais retiram daqui para as suas sedes poderiam estar sendo investidos para o desenvolvimento social daqui. Os EUA, Japão, Alemanha… não criaram o Brasil, não são proprietários do Brasil, então não têm a responsabilidade de desenvolver o Brasil. Pois este é um país politicamente e juridicamente soberano.
De igual forma, Portugal jamais podia ter delegado aos outros países da Europa Ocidental um objetivo que é obrigação única e exclusiva da classe política que sucedeu o Salazarismo no pós-25 de abril. Principalmente a vizinha Espanha,se faz investimentos em Portugal, é porque quer subjugar o vosso país. Pode ser que os galegos e extremenhos queiram o bem de Portugal, por ligações históricas e culturais, talvez, mas os castelhanos certamente querem Portugal de joelhos.
A culpa não é tão assim “da Europa”, pois a “Europa” não ia abrir às portas a Portugal, Irlanda e Grécia se não fosse para ter alguma vantagem econômica e financeira em cima desses. É de quem liderou Portugal e não negociou corretamente, não preparou Portugal corretamente para a Era da UE. Portugal, assim como o Brasil em seu contexto, devia ter “construído a casa sobre a rocha” como os EUA têm feito desde a sua independência, como a Inglaterra têm feito desde a revolução industrial, como a França tem feito desde o período entre a Revolução Francesa e Napoleão Bonaparte, como o Japão fez desde a era Meiji. No caso português (e brasileiro), não havia nem a necessidade de militarismo, de guerras constantes contra outros países, bastava saber se defender de possíveis invasões. Mas criar um sistema industrial e financeiro, e de tecnologia avançada com capital e mão-de-obra nacional, especializar o trabalhador nacional, tornar o país independente de tecnologias estrangeiras, é indispensável para que, quando chegasse esta época, Portugal interagisse com norte europeu como eles interagem entre si. Isso que proponho não é xenofobia, é ser dono de si e de seu próprio destino. É totalmente diferente.
Vejam esta notícia provocadora:
«O Financial Times» sugere, na sua coluna «Lex» a anexação de Portugal ao Brasil, como uma província. Uma sugestão irónica para mostrar que os papéis se inverteram e que, nos dias que correm, era Portugal que tinha mais a ganhar com esta junção.
«A União Europeia considera Portugal problemático: sem governo, com alta resistência à austeridade e fraca performance económica crónica (o Produto Interno Bruto estagnou na última década). As negociações são duras», começa por dizer o jornal de referência.
E acrescenta: «Aqui está uma ideia inovadora para lidar com a situação: a anexação pelo Brasil», um país onde, sublinha, se fala português, e onde o PIB tem crescido, em média, 4% ao ano na última década e com taxas ainda superiores nos últimos anos. «Portugal seria uma grande província, mas longe de ser dominante: 5% da população e 10% do PIB».
«Claro, o antigo colonizador ia ressentir-se da perda de status. Mas a anterior colónia tem algo a oferecer, além de spreads mais baixos no crédito e défices corrente e do Estado proporcionalmente muito inferiores. O Brasil é um dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o centro emergente do poder mundial. Para casa, soa melhor do que a velha e cansada União Europeia», conclui.
fonte: http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/financial-times-portugal-brasil-divida-publica-crise-politica-agencia-financeira/1242196-1730.html
O Financial Times é um jornal rude, grosseiro. Por que os britânicos não sugerem a anexação do Reino Unido da Grã-Bretanha como o 51º estado dos Estados Unidos da América? No Brasil já não existe “províncias”. A subdivisão administrativa é em estados e o distrito federal, e os estados em municípios.
Não estou criticando a proposta de união entre os países, mas a mania de “cuspir para cima”, de querer humilhar.
claro que é uma ‘provocação’, como diz. exercício retórico, de humor britânico, como lhe queiramos chamar. mas a triste verdade ‘são duas’:
– o raciocínio assim exposto pelos ‘bifes’ é perfeito… Portugal, a manter-se o que é, mais vale alapar-se dependente a quem se afoita no palco mundial (com perdas próprias, claro, que também não faltava mais nada…)
– já devíamos estar habituados a que à nossa debilidade corresponda a justificada sobranceria de quem nos observa (fiquei escandalizado com a história dos ‘PIGS’, mas hoje tem de dar-se total razão a quem pintou essa caricatura)
em suma, seja no que for, o respeito merece-se
O Financial Times é um jornal grosseiro, como grosseiro é o sistema capitalista neoliberal globalizado. Grosseiro e de opinião que varia conforme as marés. Quando Portugal se abaixava sodomicamente para os ditames do “deus-mercado”, era um dos queridinhos da Europa. Agora que o mercado comeu e se fartou, é tratado com a ironia com a qual são tratadas as rameiras que eram bonitas no passado, mas agora estão decadentes.
Não me tomem por socilista nem comunista – também são sistemas podres. Mas o capitalismo neoliberal globalizado faz com os países o mesmo que as sociedades fazem com as pessoas: as adulam no sucesso; e cospem nelas no fracasso.
E o lugar de Portugal é ao lado do Brasil – não como uma colônia, pois isto seria como um parricídio. Mas com um lugar honrado – o mesmo lugar que era dado aos mais velhos no passado, onde estes eram produtivos e ouvidos.
bem cinzelado
O Brasil é o projeto português de maior relevância, de maior sucesso. Deve ser um motivo de orgulho e engradecimento para Portugal (e não um motivo de rivalidades e insultos, como se vê na internet).
Portanto, nada demais Portugal se juntar ao Brasil, estar junto à sua criatura mais bem sucedida, apesar dos enormes problemas que sta criatura ainda carrega consigo. Mas que seja numa posição de relevância e respeito. O Brasil também teria a ganhar.
“Já da outra vez que a Europa se quis ocupar da nossa dívida soberana, e dos nossos soberanos em geral, o Brasil foi a solução: a administração e os quadros deslocalizaram-se para lá em 1808. Demo-nos bem e, não é para nos gabarmos, o Brasil ainda se deu melhor.” Ferrira Fernandes (http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1815678&seccao=Ferreira%20Fernandes&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco)
“O Brasil é o projeto português de maior relevância, de maior sucesso.”
>Porém, tem muita coisa para melhorar ainda. Não é tão bem sucedido assim. E o Brasil está a muito mais tempo independente do que as demais ex-colônias portuguesas. Então, tem a obrigação moral de ser mais desenvolvido que as demais ex-colônias lusas.
“Mas o capitalismo neoliberal globalizado faz com os países o mesmo que as sociedades fazem com as pessoas: as adulam no sucesso; e cospem nelas no fracasso.”
>Exato! É por aí mesmo! Normalmente sou tolerante ao direito a diversidade de ideologias políticas. Mas tal como o Fascismo e o Comunismo, o Neoliberalismo e o seu “deus mercado” também atentam contra os direitos humanos individuais e coletivos. Algumas das consequências do liberalismo antigo de Adam Smith & Cia foram o Fascismo, o Nazismo e o Comunismo soviético, como formas de reação, sem falar nas duas guerras mundiais. Quais serão as consequências do neoliberalismo? Tal como em 1929, em 2008 estourou a crise que ainda persiste.
“E o lugar de Portugal é ao lado do Brasil…”
>Eu vejo como uma alternativa, mas não que tenha que ser obrigatoriamente assim. O Brasil tem ambição de ser uma grande potência mundial, dar as cartas ao mundo como os americanos, europeus, japoneses e chineses fazem. Se houver união com Portugal, as possibilidades disso serão maiores. Mas será que a grande maioria dos portugueses querem? E dos brasileiros? Da minha parte, não só Portugal, mas se a Galiza se separasse da Espanha para também se juntar ao grupo, ficaria feliz.
Odin
(hoje estou irascível) 😀
“Porém, tem muita coisa para melhorar ainda. ”
claro!!! correram com os portugueses logo não ia dar resultado, todos sabíamos isso.
“mas se a Galiza se separasse da Espanha”
se??? quando, faz favor!!!
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