
António Lobo Antunes (bahiaempauta.com.br)
“É preciso falar com os nossos soldados (na Guerra do Ultramar), que eram de uma coragem extraordinária. Os rapazes são extraordinários. Tropas de elite, por exemplo, os páras, todos pequeninos, magrinhos, aparentemente inofensivos, mas de uma coragem extraordinária. Um oficial cubano mais tarde dizia-me isso, que éramos grandes soldados. Então compreendi porque é que fomos nós que fomos à Índia.
Como era o soldado português em combate?
Era como os oficiais: obedeciam a quem respeitavam. Daí haver pelotões muito melhores que outros, porque havia oficiais mais corajosos que outros e com mais capacidade de decisão debaixo de fogo. E ai eram extraordinários. Eu só tenho a dizer bem do Exército Português. Os nossos oficiais, os que conheci, que eram poucos, portaram-se com imensa dignidade.”
Entrevista a António Lobo Antunes
Sol 4 de fevereiro de 2011
A imensidade da tarefa que consistiu em travar um conflito de contra-insurreição em três frentes diferentes (Guiné, Angola e Moçambique) distantes 3400 km de Lisboa, no caso da mais próxima e distantes, depois uma das outras, 4000 km e 1000 km é uma tarefa aparentemente impossível para aquela que era – quando o conflito estalou em 1961 e até 1975, quando terminou – uma das nações economicamente menos desenvolvidas da Europa.
Quando a Guerra do Ultramar começou as forças armadas portuguesas não tinham nem treino, nem equipamento, e muito menos forças locais suficientes que permitissem antecipar algo que não fosse um desfecho rápido, fulminante inteiramente favorável para as forças que, em África, se opunham ao colonialismo português. Mas não foi isso que sucedeu. Quando se deu a Revolução de Abril, havia um impasse na Guiné-Bissau, uma vitória clara em Angola e um desequilíbrio favorável a Portugal em Moçambique. De facto, o Exército tinha deixado, desde 1973, aos políticos amplas condições para que negociassem independências honrosas ou autonomias muito alargadas com os representantes dos movimentos independentistas africanos. Condicionados pela natureza anti-democrática do regime, os políticos desperdiçaram todas as vidas e membros deixados em África pelos militares e tornaram inútil todo o seu – muito notável – esforço…
gostei muito deste post
é sobre um assunto – inexplicavelmente – ainda tabuizado na nossa sociedade, o que impede este País de, como nobremente fizeste, louvar o esforço extremo de quem um dia aceitou pôr a sua saúde e a sua vida ao serviço dos interesses da Nação
um exemplo, como diz o Ti’ Cavaco, que nos dias de hoje devia ser muitíssimo mais inspirador que digno de repulsa
parabéns