
Hipogeu de Menorca (http://www.menorcaweb.net)
A alegada descoberta de “dezenas de hipogeus” (túmulos escavados na rocha) nos Açores, mais especificamente nas ilhas da Terceira, Flores e Corvo pelo presidente da Associação Portuguesa de Investigação Arqueológica (APIA), Nuno Ribeiro, levanta-nos algumas reservas, especialmente sem o tipo de detalhes que geralmente acompanham este tipo de comunicados.
O arqueólogo (cuja seriedade académica está comprovada pelo inúmeros trabalhos que já apresentou) não apresentou mais elementos além daqueles que surgem nas declarações que agora comentamos mas vai acrescentando que “os hipogeus ainda não foram estudados pela arqueologia” e que os teria encontrado durante uma caminhada, em agosto de 2010, no Corvo e na Terceira.
Não temos elementos quanto aos locais destes achados, se há vestígios de contexto arqueológico ou ossadas dizendo apenas muito laconicamente que “na Terceira tinham surgido vários vestígios”. Segundo o arqueólogo, as estruturas funerárias estão à vista e assemelham-se a construções funerárias gregas ou cartaginesas de há cerca de 2 mil anos atrás.
A associação a que preside (a APIA) pretende realizar aqui trabalhos de prospecção arqueológica financiados pelo governo regional e pelas câmaras municipais envolventes ainda este ano, que poderão confirmar a datacao e a natureza destes achados. Estas declarações foram conhecidas no Congresso XV SOMA 2011, Arqueologia do Mediterrâneo que teve lugar na Universidade de Catânia (Itália).
Em primeiro lugar há que confirmar se se tratam mesmo de sepulturas, e depois, se existem nelas algum tipo de artefactos ou ossadas que as permitam datar… sendo escavadas na pedra, é possível datá-las através da patina do material escavado, se estes materiais datáveis não estiverem presentes (o que depende muito da acidez dos solos…). A serem verdadeiras, poderemos estar perante uma colonização remota do arquipélago que explique a descoberta de moedas cartaginesas num edifício arruinado (e entretanto perdido) junto a uma praia do Corvo que nos é descrita por Damião de Góis… Estes túmulos poderiam ser os destes navegadores perdidos longe de qualquer rota comercial cartaginesa e que talvez tenham aqui chegado em navios que se despedaçaram nas praias.
Fonte:
http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior.aspx?content_id=13375
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