
Mariano Gago (http://jpn.icicom.up.pt)
“Um estudo da Comissão Europeia revelou que Portugal foi o país que mais cresceu, nos últimos cinco anos, no ranking europeu da Inovação. A aposta na investigação, na ciência e nas novas tecnologias tem sido uma das marcas dos mandatos deste ministro (Mariano Gago), discreto mas quase inamovível.”
Sol 4 de fevereiro de 2010
Nem tudo tem sido mau (ou mesmo muito mau) neste governo. Já o escrevi a propósito da aposta nas Renováveis e sobre o investimento na Investigação Científica. Neste concreto, o legado do ministro mais resiliente num governo onde nas varias renovações têm sobejado as nulidades, as aventesmas ou as supremas incompetências, é muito notável. Ainda não há muito tempo, num jantar com astrónomos, físicos e adeptos do Código Aberto, durante a campanha de Fernando Nobre, este assunto veio à tona: havia um grande incremento da produção científica em Portugal, mas havia, igualmente, uma grande reserva quanto à continuidade da mesma e, sobretudo, sobre a transposição da mesma até à indústria.
Portugal é – por expressa vontade do atual Presidente da República e em obediente execução do comando europeu – um país de Serviços. Um país onde a agricultura foi preterida a favor das agriculturas industriais dos países do norte, onde a indústria foi desmantelada a favor de deslocalizações criminosas ou de uma desbragada abertura de fronteiras comerciais. Um país sem Pescas, abatidas a favor da segunda maior frota pesqueira do mundo, a espanhola.
Neste deserto produtivo onde muito poucas excepções conseguem singrar que saída resta aos nossos brilhantes e produtivos investigadores (financiados com os escassos recursos estatais) saírem do país e entregarem os frutos do seu esforço às industrias dos países que nos tercializaram e nos querem tornar num mero e estéril país de “praias e hotéis”?
Nao há empresas capazes de aplicar o trabalho cada vez melhor e mais numeroso da ciência portuguesa? Então que se formem – sem pudores neoliberais – empresas cooperativas de capitais públicos capazes de dar seguimento prático e industrial a esses projetos. Que se concedam incentivos fiscais a quem dê seguimento ao trabalho científico nacional, que se aposte em Portugal, na nossa Ciência, Agricultura, Indústria e Pescas e que se abandone este fatal caminho da tercializacao onde o bi-partido (com Cavaco na liderança) nos quis encastrar…
Comentários Recentes