
Irlanda (http://ferrao.org)
Apesar das rápidas, radicais e decisivas medidas decididas pelo governo irlandês, este país continua a estar no top mundial de países com risco de incumprimento. Os sucessivos orçamentos e pacotes recessivos insistem em não acalmar os nervosos mercados financeiros quanto à segurança da dívida pública irlandesa.
As notações da dívida irlandesa não param de cair, tendo descido de A- para BBB+, ou seja a apenas três degraus do “lixo” onde está atualmente a cotação grega. Isto deveria dizer aos irlandeses e aos europeus em geral que a “receita” clássica de lançar pacotes de contenção da despesa e orçamentos recessivos simplesmente não só não “acalma” os mercados, como não faz mais do que criar recessões. Os juros de 5,8% dos empréstimos do FMI e do Fundo de Emergência europeu são também demasiado elevados em momento de crise e acabarão por revelar-se mais parte do problema do que da solução…
As opções ao dispor dos Estados devem assim ser repensadas. Reembolsar por inteiro todos os credores dos Bancos falidos foi manifestamente um erro, no caso irlandês. E a opção islandesa, de recusar pagar aos investidores estrangeiros parece ter sido – a prazo – mais adequada, já que permitiu anular muito do “lixo tóxico” que contaminava o setor financeiro da ilha nórdica e transferiram o Risco para quem o devia assumir: os Investidores e não o Estado.
Mais lições devem ser tiradas da crise irlandesa: nunca um sistema bancário pode ser deixado livre ao ponto de possuir ativos ao nível dos 900% do PIB que foram registados em 2009, o que criou um buraco monumental e ficou o Banco Central Irlandês a injetar na sua Banca um valor superior a todo o PIB do país num único ano.
A crise irlandesa recorda-nos que a regulação bancária deve ser muito mais vigilante e atuante do que tem sido na Europa, que os Bancos falidos devem ser deixados falir e que uma economia não pode fazer assentar o seu crescimento na especulação financeira e através de uma dívida externa crescente e completamente insustentável para o crescimento da economia real e das exportações. Lições a tirar por todos os países europeus. E especialmente por Portugal de forma a não somar todos os seus problemas o problema da Bolha bancária que assolou de forma tão intensa estas duas ilhas do Atlântico.
Fonte:
http://aeiou.expresso.pt/crise-do-tigre-celta-nao-acalma=f620657
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