Em cada minuto que passa um número cada vez maior de transacções bolsistas são realizadas por algoritmos automáticos nas bolsas de todo o mundo, mas sobretudo, nas em funcionamento nos EUA.
A forma exata de funcionamento destes algoritmos é desconhecida. A sua lógica é tão obscura como o seu funcionamento havendo milhares de ordens de compra e venda por segundo que resultam da sua atividade. Frequentemente, enviam ordens tão distantes dos preços de mercado que parece evidente que não têm a intenção de realizar compras efetivas e explicam muita da imprevisível volatilidade atual dos mercados em que milhões de ações mudam de mãos em segundos sem que se consiga compreender o porquê. Frequentemente, esses bots nem sequer chegam a realizar alguma operação, o que torna a sua função ainda mais obscura.
A ação destes bots pode contudo explicar a causa do estranho crash do dia 6 de maio onde o índice Dow Jones se afundou vertiginosamente em poucos minutos. A análise dos dados que precederam aquele que é hoje conhecido como o “flash crash” parece apontar para a presença de padrões em períodos de tempo tão curtos como alguns milisegundos revelando um padrão batizado como “faca”, um algoritmo que surge ao longo de toda a atividade bolsista.
Atualmente, existe um grande número de especuladores especializados em operações bolsistas de alta frequência que dependem de algoritmos que estão em busca permanente por padrões no mercado para darem ordens de compra e venda, mas estes bots têm como objetivo a realização de mais valias, enquanto que os bots da “faca” não parecem querer realizar qualquer operação bolsista concreta, ficando-se apenas pelas intenções de compra..
Ao escrever isto, tenho que confessar que não compreendi bem a natureza do mecanismo. Ao que parece, quando um comprador declara que quer pagar uma determinada quantia por um conjunto de títulos, o seu vendedor pode pedir um pouco mais havendo geralmente negócio a meio caminho entre as duas propostas. Frequentemente, os especuladores de alta frequência movem-se neste momento, realizando assim lucros que são tão grandes quanto maiores foram as quantidades negociadas isto sob riscos sempre muito baixos já que raramente ficam com os títulos muito tempo nas suas mãos.
Contudo os algoritmos revelados pelos bots “faca” são diferentes. Não parecem cumprir qualquer função concreta no Mercado. Questionado sobre a natureza destes bots, Michael Kearns, professor na Universidade de Pensilvânia, e especialista nos algoritmos de transacções de alta frequência classificou-os como “curiosos” e admitiu não compreender o seu propósito. Alguns acreditam que estes bots existem apenas para introduzir “ruído” no sistema, tornando-o imprevisível a quem não controlar estes bots e concedendo assim aos seus operadores alguns milisegundos de vantagem competitiva que pode traduzir-se no ganho de milhões para estes misteriosos operadores.
Na Europa, existem regulações que dificultam a existência a bots, e o que aconteceu em maio com o “flash crash” esteve novamente quase a acontecer em meados de julho, com a súbita aparição de uma quantidade anormal de transações assim que o Mercado abriu… ou as entidades regulatórias norte-americanas fazem algo para banir todos os bots de alta frequência ou deixam aumentar a imprevisibilidade do já de si caprichoso e emocional Mercado de Ações criando assim condições para um colapso de proporções bíblicas no já de si muito frágil Mercado Financeiro mundial.
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