Obama teve durante a sua campanha eleitoral um discurso muito crítico quanto à atitude de ganância desregrada e de arrogância solipsista que estiveram na base da atual recessão global. Após uma eleição que sufragou as suas palavras, seria de esperar que – após mais de um ano – já tivesse tomado medidas sérias para obstar a que o setor financeiro dos EUA regresse ao mesmo tipo de práticas e nos arraste a todos para nova crise. Seria de esperar, mas em vão, porque ainda não o fez.
Obcecado – como Guterres – com o “diálogo e o estabelecimento de pontes entre posições antagónicas, Obama paralisou-se e o lento e fraco progresso no Dossier da Saúde (a primeira prioridade da sua Administração) indica que algo de semelhante se passará com a reforma da regulação ao sistema financeiro. Dezenas de Bancos receberam mais de 2 triliões de dólares dos cofres federais, mas até hoje ignora-se que quantias foram exatamente transferidas e para que Bancos o foram. Há sinais de que uma parcela muito significativa deste dinheiro foi entregue a bancos estrangeiros como o holandês ABN ou o Bank of Scotland, mas em que montantes é segredo… E há inclusivamente sinais de que existem grandes interesses por detrás do ocultamento desta informação com – inclusivamente – a morte suspeita de um jornalista da Bloomberg que estudava este dossier…
Espera-se que agora que o pacote legislativo sobre a Saúde está finalmente em marcha, o Congresso se concentre na legislação financeira e de facto, há sinais que possa existir já algo sobre a mesa até finais de abril.
As negociações de bastidores que agora decorrem são chefiadas pelo congressista democrata Christopher Dodd e concentram-se agora na criação no seio da Reserva Federal que uma divisão com a missão de defender o consumidor, ativa sobretudo nas áreas do crédito imobiliário e dos cartões de crédito, os dois epicentros da crise de 2008. A FED, segundo o novo quadro legislativo em negociação, terá também autoridade para fiscalizar as empresas que detêm Bancos e impor a estes medidas que reduzam o risco e travem práticas que tantos prejuízos causaram a tanta gente, menos aos banqueiros e especuladores que – como sempre – se safaram quase incólumes e sem terem aprendido praticamente nada.
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