Paulo Rangel declarou que a candidatura de Fernando Nobre à Presidência da República lhe “fazia lembrar a Maria de Lurdes Pintassilgo”. Rangel reconheceu que a decisão de Nobre em avançar com a candidatura “é um ato de generosidade. Não sei se depois vai ser um ato totalmente consequente, mas isso logo se vê. Não me cabe a mim fazer análise política”.
A associação com a candidatura de Lurdes Pintassilgo é de facto de certa forma correta. Mas não totalmente, ainda que esse possa ser o desejo de Rangel… Nas Presidenciais de 1986, Lurdes Pintassilgo concorreu sem o apoio de qualquer máquina partidária, mas envolta de um grande e merecido prestígio, recolhido durante a sua curta passagem pelo governo. Em 1985, formalizava a sua candidatura com mais de 15 mil assinaturas, um valor notável para quem concorria fora dos partidos e então, estava claramente destacada em todas as sondagens. Mas a força dos aparelhos da partidocracia haveria de se fazer sentir e recolheria então apenas 7,4% dos sufrágios.
Como Nobre, Pintassilgo avançava por imperativo de cidadania. Como Nobre, Pintassilgo avançava sem apoios na partidocracia. Estes, compreendendo muito cedo que o seu monopólio estava ameaçado lançaram sobre Pintassilgo as mesmas calunias que agora derramam sobre Fernando Nobre: ingenuidade, inconsistência política e ingenuidade. Como com Pintassilgo, os aparelhos começam a movimentar os seus caterpilars e já mostraram o tipo de guerra suja que vão lançar contra o candidato. O que se passou com Pintassilgo indica também que há uma possibilidade muito sensível de forçar uma segunda (especialmente com Cavaco Silva no inglório papel de “presidente mais impopular de sempre”) e de obter uma votação suficientemente significativa para Fernando Nobre que o faça passar essa transição para a segunda volta. Assim tenhamos todos a força, a motivação e a energia para contrabalançar todos os meios que os partidos vão atirar contra a livre e espontânea expressão de cidadania de Fernando Nobre e a nossa livre escolha de o apoiar.
Caro amigo
Jornalista há 25 anos – ainda que atualmente desempregado – estou a pensar em editar, no dia 25 de abril de 2011, um número especial de homenagem a Maria de Lurdes Pintassilgo.
Gostaria que colaborasse e, mais do que isso – porque ainda há tempo mas o tempo é relativo – que me indicasse fontes para que fosse feito um trabalho digno, ou seja, de acordo com a nobreza dessa senhora… a tal que apoiei, e em quem votei pela primeira vez (tinha 18 anos).
Muito obrigado