
Fernando Nobre (http://www.cm-lagos.pt)
Uma sondagem da Universidade Católica indica que Cavaco Silva beneficia da clássica má memória dos eleitores portugueses e está agora bem à frente dos dois outros candidatos presidenciais já conhecidos Fernando Nobre e Manuel Alegre. Ainda me lembro do tempo em que Cavaco Silva, após ter chefiado um Governo minoritário do PSD fez campanha com o lema “deixem-nos Governar”, depois de o PSD ter acabado de ser governo e de anos antes ter governado em coligação com o PS… Então, os portugueses comeram nesse prato, agora, parece que já se esqueceram do papelão patético que Cavaco teve ao mandar um acessor caninamente fiel telefonar aos jornais para que estes publicassem notícias sobre “escutas” na Presidência e depois forçando a demissão deste (mas paradoxalmente, mantendo-o em funções), quando foi sempre evidente que Fernando Lima agiu sempre sob ordens do dono.
Com efeito, a sondagem da Católica dá a Cavaco 57% das intenções de voto, ou melhor dá-o como quem “apresenta melhores capacidades para desempenhar o cargo presidencial”, seguido a grande distância por Manuel Alegre com 19% (resultado um pouco inferior ao das últimas Presidenciais), seguido por Fernando Nobre, com 8% da sondagem.
Não sabemos se este valor corresponde minimamente à verdade ou não, mas sabemos que seja la qual for o valor final da votação serão votos que numa primeira instância viriam daquele conjunto que anos antes votou Manuel Alegre. É por isso compreensível que Manuel Alegre, logo no dia seguinte ao anúncio de Fernando Nobre tenha dito que a sua candidatura “vinha dividir a Esquerda”. A lógica era simples: tal “divisão” beneficiava o putativo candidato único da Direita, Cavaco Silva. É claro que tal afirmação foi mais fruto de nervosismo do que de reflexão: os votos de protesto do PS que Alegre recolheu nas últimas presidenciais à muito que transpiraram para as bandas abstenção desiludidos (como eu) com as hesitações de Alegre e, sobretudo, com o seu recente abraço socrático e silêncio decorrente contra as mais impopulares facetas do socratismo. São estes eleitores desiludidos, que se iam abster, que Nobre agora recuperou, com a certa adição de uma parcela de votos significativa do BE, dos setores mais frustados com o seu apoio a um candidato que é praticamente oficial do PS, partido que o BE tem tanto combatido no Parlamento e que é a origem principal dos votos que ganhou nos últimos dez anos. Assim, Fernando Nobre, parece mais capaz de ter uma votação até maior do que Alegre, especialmente porque até a ala direita do PS (alinhada a Sócrates) dificilmente esquecerá tudo o que Alegre disse dela e engolirá esse sapo.
Fernando Nobre poderá até cativar alguns votos do centro-direita… Nas últimas autárquicas apoio António Capucho, em Oeiras, alguns sociais-democratas ainda se lembram do comportamento absolutamente deplorável de Cavaco no caso das “Escutas”, da forma como soprou notícias para os jornais e como depois “executou” o seu mais fiel assessor de imprensa. Muitos sabem bem também qual é currículo humanitário de Nobre e dão-lhe o devido valor… De Alegre, contudo, só lhe reconhecem os méritos literários e uma certa inclinação inconsequente para demolir a governação do seu colega de partido, José Sócrates. E todos se lembram que Alegre nunca, mas nunca mesmo, se pronunciou sobre o Face Oculta…
Fontes:
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1518807
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1368683
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