
Haiti (http://www.mckinley.net)
Escapou ao foco das múltiplas notícias sobre a tragédia no Haiti, mas se a catástrofe alcançou a escala que alcançou isso deve-se à neoliberalização da economia do país mais pobre da América executada nos últimos dez anos: o Estado foi severamente reduzido, com o funcionalismo público reduzido a uma sombra daquilo que era na década de 90. A abertura de fronteiras comerciais representou a falência de dezenas de milhares de pequenas explorações agrícolas, e arrastou centenas de milhares de pessoas para o rumo da indigência, pequena criminalidade e para a já sobrepovoada capital Port-au-Prince.
O interior do país está hoje severamente desertificado com este êxodo rural massivo e as cidades sobrepovoadas de bairros de lata que já antes do terremoto surgiam em todo lado, até nos jardins públicos.
Entre 2001 e 2004, os EUA exigiram que todos os fundos internacionais para o Haiti teriam que ser entregues a ONGs e não ao governo local, democraticamente eleito. Em consequência, o governo haitiano ficou incapaz de realizar as mais básicas tarefas, da Educação à Segurança, passando pela Saúde. Todas estas missões foram entregues a ONGs estrangeiras e a empresas privadas sediadas no estrangeiro, com grande ostentação de meios e fortemente guardadas por aparatosos e dispendiosos mercenários fortemente armados.
A agricultura haitiana foi arruinada pela competição desleal com os excessos agrícolas norte-americanos, fortemente subsidiados.
O terrível tremor de terra de janeiro veio expor as tremendas fragilidades de um país neoliberalizado até à miséria absoluta. Nas horas seguintes à catástrofe, nenhuma equipa de salvamento local estava em operação e o sistema de saúde – de cuja rápida resposta tantas vidas dependiam – tinha virtualmente colapsado. Se há algum ensinamento a retirar desta catástrofe, esta é uma delas: os defensores da minarquia (Estado Mínimo) no PSD e no PP devem refletir sobre a tal “redução do Estado” que tanto apregoam, já que o que precisamos não é de um Estado menor, mas de um Estado melhor, mais eficiente e menos oneroso, mas sempre capaz de agir com rapidez e eficiência em caso de catástrofes ou dessas naturais ou induzidos pelo Homem.
Fonte:
http://www.huffingtonpost.com/bill-quigley/what-the-mainstream-media_b_424126.html
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