Lembram-se que em 2009 ainda se falava dos riscos de uma “Grande Depressão”? Que em 2008, os investidores na Bolsa estavam em pânico e ganiam, apelando para que o dinheiro dos nossos impostos salvassem as (outrora) anafadas suas carteiras? Pois bem. Como criaturas de fraca memória que são, já se esqueceram de tudo. O índice mundial MSCI que reporta os preços globais das cotações de ações em vários Mercados está já a 70% do mínimo de março de 2009. Este “feito” deve-se à quase gratuitidade do dinheiro, isto é às baixas taxas de juro que os Bancos Centrais de todo o mundo estabeleceram no auge da crise e que em muitos casos são até inferiores à inflação. Aproveitando este maná estatal, muitos gurus do neoliberalismo não hesitaram em pedir empréstimos para investirem nas Bolsas e quase todos retiraram dinheiro de depósitos a prazo para investirem nos fátuos e imprevisíveis Mercados de Ações. Esta re-capitalização dos Mercados fez-se de novo à custa da descapitalização da Economia Real, onde é cada vez mais difícil financiar empresas e novos empreendedores, tal é a nova rentabilidade de curto prazo dos Mercados saturados por “dinheiro barato”.
Esta sobrevalorização da Economia Virtual das Bolsas conseguiu alguns efeitos positivos, ao fazer retornar alguns inflacionados mercados imobiliários, para preços mais reais, como sucedeu nos EUA (epicentro desta Recessão) e poderá existir ainda alguma margem para que estas Bolsas cresçam ainda durante mais alguns meses, até regressarem aos seus picos de 2007. Mas quando estes regressarem – algo que alguns estimam que poderá suceder já em 2012 – estão novamente criadas as condições para a eclosão de nova Bolha (e sucessivo rebentamento).
De facto, o sistema económico atual parece construído de forma a criar Bolhas sucessivas, rebentando a ritmos mais ou menos constantes e previsíveis. Um ciclo vicioso e destrutivo que pode ser travado pelos Bancos Centrais, obrigando os Bancos Privados a manterem rácios de capitais elevados, reforçando a regulamentação e monitorização das suas atividades e fazendo regressar as taxas de juro e os spreads a níveis mais razoáveis logo que tal seja possível. É estes rendimentos elevados dos mercados, fruto das baixas taxas de juro são uma combinação perigosa em países assolados por défices orçamentais gigantescos… Já que cedo ou tarde, os Governos terão que aumentar as taxas fiscais e com esses aumentos… Poderá desaparecer a bolha especulativa.
Fonte:
http://aeiou.expresso.pt/aviso-de-bolha=f558143
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