Já não é segredo para ninguém: a situação militar no Afeganistão é crítica. Quem o diz já não são os comentadores, os blogistas ou os jornalistas. Agora, são até já os altos comandos militares que começam a emitir publicamente a mesma opinião. O general Jonathan Vance, comandante do destacamento canadiano admitiu que a situação é “grave e desesperada” e que é urgente enfrentar o problema.
Grande número das pequenas cidades do interior do Afeganistão estão sob controlo talibã, e mesmo regiões consideradas “seguras” há menos de um ano, no norte e no leste do país, estão hoje sob controlo talibã. Praticamente todas as estradas são inseguras e alvos de ataques constantes, obrigando as forças da NATO a um recurso crescente (e dispendioso) aos meios aéreos, onde o C-130H da FAP deu aliás um importante contributo.
A situação no Afeganistão é crítica, como diz o comandante canadiano, porque há uma contradição insanável entre os objetivos (impedir a chegada dos talibãs ao poder) e os meios (as forças militares e o desenvolvimento). Sem os meios suficientes, os talibãs vencerão a guerra e darão uma mensagem que terá efeitos multiplicantes em todo o mando, animando os fanáticos islâmicos de todo o mundo a empreendimentos semelhantes. Se o Afeganistão tombar, não faltará muito tempo para que o mesmo suceda ao Paquistão – potencia nuclear e eterno rival da Índia – e portanto é imperativo impedir que tal suceda.
Mas pode a guerra ser vencida no Afeganistão? Pode, como o foi a guerra civil na Malásia, a de Oman (década de 60) ou o está a ser a guerra no Iraque: empenhando forças locais, apoiando-as logisticamente, com treino, informações e meios aéreos. Mas o problema afegão é que ao contrário do que sucedeu no Iraque não há estas forças locais, shiitas, curdas ou sunitas. Há um país que “nação” ou sentido de “pátria comum”, onde a identidade tribal ou religiosa é primária e dominante. Com efeito, o Afeganistão nunca foi verdadeiramente um “país”, mas uma “confederação” frouxa de “cidades-estado” unidas por um rei, em Cabul, com uma autoridade simbólica e “moral”. Talvez tenha chegado o momento para ressuscitar esse modelo altamente descentralizado, e alicerçar localmente – nos interesses das populações locais – um novo Estado afegão, numa revolução administrativa e política que terá que ser feita contra as corruptas elites atualmente no poder em Cabul e que orbitam em torno de Hamid Karzai e que se tentam perpetuar na sua posição predatória falsificando eleições atrás de eleições. Contudo, para assegurar tal transição descentralizadora, há que a defender e para tal… São precisas mais tropas multinacionais. E muitas mais, capazes de bater a avançada talibã e – simultaneamente – anular a corrupta burocracia de Cabul.
armado de um cinismo que tenho de assumir, estou sentado no meu cadeirão, muito sossegadinho, à espera da intervenção pacifistico-divina do Nobel Obama
espero que tenha um sofá bem confortável!
Obama diz que vai esperar pela decisão quanto à presidência do Afeganistão, e depois, empenha mais forças… tanga!
ele já percebeu que esta guerra corre mal e vai correr ainda pior e hesita em empenhar mais forças… aposto que por detrás está a negociar com os talibãs uma retirada honrosa…
A guerra é uma coisa demasiado séria para ser conduzida pelos políticos de hoje. Com as forças que existem no terreno o melhor seria recuar para uma zona segura que pudessem efectivamente defender e começar a construir aí uma democracia estável e uma economia forte. Deixavam o resto do país aos talibans. Não tardariam a perder todo o apoio local.
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recuar para as cidades e mantê-las a funcionar por via aérea? com pontes aéreas massivas e cercadas de território hostil?… nope… não me parece que funcionasse… na Indochina os franceses dominavam todas as cidades. Vẽ no que deu… No Afeganistão, os soviéticos também o faziam… e deu… nisto?
Para mim, a saída do Afeganistão é uma de duas:
1. Ou se coloca no país os tais 300 mil homens que os generais soviéticos estimavam serem necessários para vencer a insurgẽncia
2. Ou se sai do país, se controla as suas fronteiras, e se bombardeia qualquer local ou atividade ameaçadora.
Voto por 2…
Os ianks tem mt sangue p derramar ainda em solo afegão, de ambos os lados, + com o apoio europeu, possivelmente demore menos p “exterminarem” com talebans..10 anos? Então tá,usem do tempo q quizerem…boa sorte.
10 anos?
nem pensar… muito antes disso (10 meses?) já o Obama estará a negociar a saída… vai uma aposta?
Feito.aceito, vai demorar é mt, ele ñ confia nos afegões,e IDH é baixo ou nenhum…então vai continuar td como dantes no QG dos abrantes…
uma coisa interessante que achei sobre o afeganistão
http://arquivosdoinsolito.blogspot.com/2010/01/posto-de-observacao-assombrado-no.html
sim! já tinha lido essa notícia…
esquisito e… previsível com o aumento das mortes no Afeganistão e com o stress crescente dos soldados…
A primeira vez que tive noticias de fantasmas assombrado bases militares foi em nova orleans, curiosamente eu estava buscando informações sobre o filme Mistérios em New Orleans, foi nesse artigo aqui
http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2005/09/fantasmas_assus_1.html
E aqui vão mais alguns erros que os americanos fazem questão de repetir.
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/fintimes/2009/12/01/ult579u2955.jhtm