Muitas vezes já escrevi aqui (e noutros locais) contra esses abusos de poder que são as “praxes universitárias”. Pessoalmente não tenho grandes histórias negativas para contar – ao contrário de muitos, sujeitos a humilhações e sevícias públicas – e isto apesar de passado por duas universidades distintas e por dois cursos diferentes (Direito e História) nunca fui praxado, e ainda bem para os praxadores que haveriam de levar uma resposta em forma…
Estes abusos – frequentemente tolerados pelas Academias – deviam ser proibidos enquanto puro abuso de poder que são. Neste sentido, a declaração do atual reitor da Universidade do Algarve que disse que os alunos da universidade tinham sido avisados de que não seriam tolerados abusos nas praxes é um passo na boa direção: “Julgo que é importante, neste início de ano lectivo e perante alguns excessos que têm existido na recepção aos novos alunos, que essa questão seja colocada na ordem da vida das instituições de ensino superior”, declarou João Guerreiro.
O próprio ministro Mariano Gago já se pronunciou recentemente sobre o tema das praxes académicas, no mesmo sentido. Falta agora ação, além de palavras. Não são precisa mais leis, o que faz falta é que as reitorias deixem de fechar os praticas degradantes para a condição humana, sevícias aplicadas por alunos mais velhos e frequentemente improdutivos e parasitários das instituições, arrastando-se durante décadas em Cursos pagos com dinheiros públicos e agindo com prepotência e com a cobertura pífia ou assumida de associações académicas que não passam de alforjes para novas gerações de “boys” partidários.
Chame-se a polícia, abram-se processos cíveis ou crime, faça-se funcionar o sistema de Justiça e acabe-se com o clima de impunidade atual e à sombra do qual floresce esta gentalha que passeia a sua mediocridade sob capas académicas e que se exprime pela extrema boçalidade do seu comportamento. E que se responsabilizem também criminalmente os reitores que deixam ocorrer tais práticas no seu espaço e veremos como esta prática retrógrada e desumanizante desaparece sozinha…
Fonte:
http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=1375669
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