Desde há muito que sou um fervoroso adepto das virtudes do Teletrabalho. Segundo um estudo da empresa de comunicações Avaya, o teletrabalho poupa até uma hora e um quarto por dia, tempo recuperado a partir da poupança média em viagens de ida e volta para o emprego e para casa. Naturalmente, alguns dos trabalhadores – quer por pressão do Empregador, quer por vontade do próprio – optaram por passar esse tempo extra com a família, outros a trabalharem ainda mais horas e outros simplesmente, em tempos de lazer…
A adopção generalizada de métodos de teletrabalho poderia aumentar significativamente a produtividade da economia portuguesa. Não pela via “bruta” do simples aumento aritmético do número de horas trabalhadas, mas porque havendo maior qualidade de vida, menor cansaço criado por horas dentro de transportes sobrelotados e automóveis em “pára-arranca”, os trabalhadores estariam em melhores condições psicológicas para cumprirem com eficiência e qualidade as suas tarefas. A adopção do Teletrabalho iria também reduzir a crónica fatura energética do país, ao reduzir os gastos em combustíveis e energia de forma muito significativa…
Atualmente, segundo o inquérito internacional “Flexible Working 2009”, que congrega 3500 respostas de trabalhadores dos EUA, França, Alemanha, Itália, Rússia e Reino Unido, 19% destes trabalhadores exercem a sua atividade laboral fora do seu escritório, durante 5 dias por semana, e outros 16% fazem-no de forma mais variável, consoante com as necessidades das suas organizações. Em Portugal, empresas multinacionais como a HP e a Microsoft já mantêm uma parte da sua força de trabalho em regime de teletrabalho.
Falta ainda o enquadramento legal que permita que as empresas invistam de forma mais sistemática no teletrabalho. Neste contexto, a Gripe A poderá dar o devido impulso, já que muitas empresas elaboraram planos de contingência em que os trabalhadores em quarentena, trabalham a partir de casa, com portáteis e ligações seguras por Redes Privadas (VPN). Se tal necessidade levar à activação destes planos e se estes se revelarem bem sucedidos ao manterem em funcionamento empresas que de outro modo ficariam imobilizadas, então terá sido dado pela via do exemplo, um impulso decisivo à disseminação do teletrabalho entre nós: com benefícios para as empresas (mais horas de trabalho e maior produtividade), para os trabalhadores (mais horas para descanso e lazer) e até para o clima e para o déficite da Balança Comercial de Pagamentos (menos importações de combustíveis). Tudo parece positivo… Mas há que acautelar que nem todas as pessoas e nem todos os tipos de trabalho se adequam ao teletrabalho…
Fonte:
http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1396744
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